Cidades

Polícia faz devassa nos telefonemas do casal Villela

De posse da lista de ligações feitas e recebidas pelos advogados mortos, peritos investigarão número a número na busca por pistas que ajudem a solucionar a tragédia. Até a próxima sexta-feira, pedido de prorrogação do inquérito deverá ser apresentado à Justiça

postado em 29/09/2009 07:43
A polícia recebeu ontem a primeira remessa da lista de ligações registradas nos telefones fixos e móveis do casal José Guilherme Villela, 73 anos, e Maria Carvalho Mendes Villela, 69, dias antes de eles serem assassinados, em 28 de agosto. O crime ocorreu no apartamento onde moravam, o 601/602 do Bloco C da SQS 113. A principal empregada da casa, Francisca Nascimento da Silva, 58, também foi morta. A quebra de sigilo telefônico das vítimas foi autorizada pela Justiça há mais de 10 dias, porém somente ontem à tarde a operadora repassou a relação.

Para Maria, que vive na 113 Sul, assassino não é bandido comumUma equipe de peritos do Instituto de Criminalística (IC) foi designada especialmente pela Direção da Polícia Civil para analisar número por número. Esses dados são de fundamental importância para a solução do crime.

A delegada-chefe da 1; Delegacia (Asa Sul), Martha Vargas, responsável pelas investigações, ouviu ontem mais duas testemunhas. Uma delas foi o pintor que trabalhava para os Villela -- ele não quis dar entrevista. Um dos porteiros do Bloco D da 113 Sul foi a outra pessoa a depor. José Aldo chegou à unidade policial por volta das 16h10, mas teve de esperar enquanto o pintor terminava de prestar esclarecimentos. Aldo ficou aproximadamente duas horas com os policiais. Quando saiu, limitou-se a dizer que não trabalhara no dia do triplo homicídio.

Até ontem, Martha Vargas não havia recebido o laudo do IC que descreverá a dinâmica do crime. O mais provável é que não haja provas suficientes para a elaboração do documento. Enquanto isso, ela já providencia o relatório que vai acompanhar o pedido de prorrogação das investigações do triplo assassinato por, pelo menos, mais um mês. A delegada tem até sexta-feira para protocolar a solicitação no Tribunal do Júri de Brasília. Embora os corpos tenham sido encontrados em 31 de agosto, a unidade policial só encaminhou a portaria de instauração do inquérito policial dois dias depois.

Trinta dias após o triplo homicídio o mistério permanece. A polícia não tem sequer uma linha de investigação definida. Apesar de a tese de crime encomendado ter ganhado força, a hipótese de latrocínio (roubo com morte) não foi totalmente descartada.

Segurança
No prédio onde ocorreu a tragédia, o sistema de segurança não sofreu modificações. As imagens ainda não são gravadas. A reportagem voltou ao local ontem e constatou que a câmera perto da terceira portaria nem lente tem, há apenas a carcaça.

Para boa parte dos moradores da 113 Sul, os criminosos não encontraram dificuldades para entrar no imóvel, que não apresentava marcas de arrombamento. "Se fosse um bandido comum, a polícia já teria descoberto quem é. Mas esse crime parece ter sido cometido por alguém que sabia muito bem o que estava fazendo e tinha informações do dia a dia do casal", arriscou a dona de casa Maria Hélia de Jesus, 58, residente no Bloco D. A empregada doméstica Maria da Luz, 37, que trabalha e mora no Bloco E, também não tem dúvida de que os assassinos tiveram acesso fácil ao apartamento. "Acho que a delegada está certa em não se precipitar em apontar algum suspeito, porque isso é muito perigoso."

Missa de um mês das mortes
A celebração foi na igreja do Verbo Divino: Adriana e o retrato dos paisFoi celebrada na noite de ontem uma missa em homenagem ao casal de advogados José Guilherme e Maria Villela e à empregada Francisca Nascimento da Silva, mortos em 28 de agosto. A cerimônia marcou o primeiro mês da morte dos três, cujos corpos só foram achados três dias depois dos assassinatos. Cerca de 30 amigos e parentes compareceram à missa, celebrada às 19h na Paróquia do Verbo Divino, na 609 Norte. Entre os presentes estavam os filhos do casal, Augusto e Adriana Villela, e uma das netas de José Guilherme e Maria, Carolina.

A neta dos Villela só chegou à igreja por volta das 19h45, 15 minutos depois de seu namorado, que a acompanhava na noite em que os corpos das vítimas foram encontrados no apartamento. Ao fim da missa, Adriana atendeu a um convite do padre para que qualquer dos familiares ou amigos se manifestasse sobre as vítimas do triplo homicídio.

"Agradeço aos amigos que estão orando para que nossos pais descansem em paz e que a gente tenha força para perdoar tanta violência e viva em harmonia%u201D, afirmou Adriana. Augusto foi embora logo que a missa terminou, por volta das 20h, e foi seguido, minutos depois, pela sobrinha e pela irmã, que recolheu o retrato dos pais, posicionado durante toda a cerimônia em uma mesa na entrada da igreja. Depois da celebração, Adriana e Carolina compareceram à 1; Delegacia de Polícia, que cuida do caso. Mãe e filha não quiseram dar entrevista.

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