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Álcool conquista os consumidores

A gasolina começa a perder espaço nos tanques dos veículos. Em 2008, o consumo do derivado fóssil chegava a 83%. Hoje, representa 76% no mercado brasiliense. A venda do produto da cana-de-açúcar cresceu 38,1%

Mariana Flores
postado em 30/09/2009 09:05
A gasolina está perdendo lugar para o álcool no Distrito Federal. Três em cada quatro litros vendidos ainda são de gasolina, mas a participação do álcool está cada vez maior. O volume comercializado em 2009 é 38,1% superior ao do mesmo intervalo de 2008, enquanto o consumo de gasolina caiu 2,4% no período. Em 2008, 83% do combustível consumido era gasolina, bem mais que os atuais 76%. O preço mais vantajoso do álcool tem ajudado. Desde o início do ano, o biocombustível registra valores 30% menores que os da gasolina, o que faz com que seja mais rentável na hora de abastecer. O litro da gasolina está sendo vendido, em média, por R$ 2,67, contra R$ 1,78 cobrado pelo o do álcool, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP). ;Há uma tendência natural do mercado de substituir gradualmente a gasolina pelo álcool, principalmente por questões ambientais. Mas é preciso que haja uma fiscalização maior sobre a produção, principalmente para evitar sonegação;, afirma o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis Automotivos e de Lubrificantes do DF (Sinpetro), José Carlos Ulhôa.

Um tanque cheio com álcool dura 30% menos do que o com gasolina. Um carro que faz 10 quilômetros por litro de gasolina, por exemplo, faz sete quilômetros por litro de álcool. Os especialistas reforçam que o consumidor pode usar o combustível que quiser e pode misturar um com o outro no mesmo tanque. Mas o aspecto econômico deve influenciar a escolha. O autônomo James Rodrigues de Morais, 50 anos, nem faz mais o cálculo. ;Eu acho que sempre compensa, nem faço a conta e já peço logo o álcool;, afirma o vendedor de Vicente Pires, que gasta, mensalmente, R$ 500 com combustíveis.

O preço médio do álcool se manteve estável em R$ 1,78 nas quatro últimas semanas, mas os valores mínimo e máximo caíram. Em meados de setembro, o litro mais barato era comercializado por R$ 1,76, e o mais caro por R$ 1,88. Na última semana, de acordo com a ANP, as bombas marcavam R$ 1,68 e R$ 1,79. A queda se deu pela disputa dentro do mercado brasiliense. ;A tendência no mercado nacional é de elevação;, diz o assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) José Ricardo Severo. ;O preço deve estar caindo como reflexo da concorrência na cidade, porque o que está havendo é aumento de preço do álcool em outros estados, devido ao excesso de chuvas que está atrapalhando a produção de cana-de-açúcar. Além disso, o aumento do preço do açúcar no mercado internacional leva os produtores a darem preferência ao produto, diminuindo a produção de álcool;, completa.

Menos concorrência
Além de ser menos vantajosa, a gasolina está ficando cada vez menos competitiva. Os preços estão mais homogêneos no Distrito Federal. O valor médio do combustível está praticamente estável há quatro semanas, mas a distância entre os preços mínimo e máximo cobrados dos consumidores está diminuindo e, hoje, é de apenas R$ 0,05. Os brasilienses não têm para onde fugir. As bombas em qualquer posto da cidade marcam praticamente os mesmos valores. Até 19 de setembro, a diferença entre o litro mais caro e o mais barato era de R$ 0,15. Com a atual variação, o máximo que um consumidor economiza, se optar pelo posto mais barato, é R$ 2,50, ao encher um tanque de 50 litros.

A aproximação dos preços se deu na semana passada, com um aumento do preço mínimo cobrado no DF, ao mesmo tempo que houve uma queda do valor máximo. Até meados de setembro, era possível encontrar bombas marcando R$ 2,61 na capital federal. Agora, de acordo com o levantamento da ANP, o valor mais baixo encontrado é de R$ 2,64. Quem cobrava muito diminuiu a margem de lucro. O litro de gasolina mais caro do DF caiu de R$ 2,76 para R$ 2,69. A margem de lucro média dos empresários, por cada litro de gasolina vendido, caiu de R$ 0,45 para R$ 0,44.

Em função da falta de competitividade no preço, a técnica em informática Tatiana Aureliano, 28 anos, elegeu como posto preferido o que oferece melhor atendimento e tem boa localização entre sua casa, na Asa Sul, e o local de trabalho, na Esplanada dos Ministérios. ;Os preços são muito parecidos e o que vou gastar para ir em outro posto não compensa, melhor colocar no que eu gosto mesmo.;

O número

426.656m3
Total de gasolina endido de janeiro a julho deste ano

O número
131.194m3
Volume de álcool comercializado nos primeiros sete meses de 2009

Como calcular

Multiplique o preço do litro da gasolina por 0,7. Sempre que o resultado for superior ao preço do álcool, opte pelo biocombustível Exemplo: considerando o valor mais alto cobrado pelo álcool no Distrito Federal, de R$ 1,79, e a gasolina mais barata, de R$ 2,64. A multiplicação deste valor por 0,7 dá R$ 1,84, resultado superior ao cobrado pelo litro de álcool em qualquer posto da cidade, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP).

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