Nas imagens feitas pelo circuito interno de segurança, é possível ver que o ladrão entra calmamente na loja. Com um saco de lixo preto na mão, ele vai direto nas roupas mais caras. Parece estar em um supermercado escolhendo o que quer. A ação é rápida, dura cerca de um minuto e ao fim, R$ 15 mil em mercadorias foram levados da loja masculina da rede Badaladal, localizada na 407 sul.
O crime ocorreu no dia 27 de agosto deste ano. A dona da loja foi no dia seguinte à delegacia prestar queixa. No entanto, uma semana depois, no dia 3 de setembro, outro bandido tenta entrar na loja novamente. As imagens registradas nas câmeras mostram ele sentado se esforçando para retirar parte do piso para facilitar o acesso ao local. Sem sucesso, alguns minutos depois, desiste.
Só na rede de roupas, que tem três lojas na quadra, foram cinco casos apenas neste ano. Um deles foi um assalto à mão armada às duas horas da tarde.
Cenas como essas se repetem na entrequadra 406 e 407 sul com certa freqüência. ;Eles conhecem bem os locais, as ações são parecidas. Aqui na loja ele foi direto ao ponto, pegou aquilo que interessava, só produtos caros;, diz Maísa Porto e Castro, dona da loja de roupas Badaladal.
Em fevereiro deste ano, uma farmácia de manipulação da 406 sul também foi vítima dos bandidos. Eles entraram durante a noite e levaram um computador e um monitor. ;Eles quebraram a vitrine para entrar, houve grande prejuízo; conta uma funcionária que não quis se identificar. Na lotérica da entrequadra assaltos também são comuns.
Insegurança
Antes considerada uma área comercial tranquila, a 406 e 407 sul possui farmácias, restaurantes, lojas de roupa, além de um banco e um supermercado. Mas a onda de furtos e roubos que passou a acontecer na região desde o ano passado tirou o sossego de quem trabalha por lá. ;A gente vê uma movimentação diferente e já fica preocupado. Ficamos atentos uns para os outros, se um suspeito entra na loja do outro a gente tenta avisar;, diz o comerciante Alexandre Batista.
Para diminuir a sensação de insegurança, os comerciantes fazem o que podem. ;Colocamos Internet para monitorar 24 horas o movimento nas lojas, reforçamos o alarme e de hora em hora fazemos ronda nós mesmos, já que moramos aqui perto;, explica Maísa Porto.
Em uma papelaria, uma das atendentes já foi assaltada a mão armada. ;Ele anunciou o assalto e pegou tudo que tínhamos no caixa, R$ 270. Antes era seguro, todos diziam que não tinha lugar melhor para morar e trabalhar que no Plano Piloto, mas hoje essa não é a realidade", desabafa Maria Daia, dona do estabelecimento.
A rotina dos comerciantes teve até de ser modificada. Uns fecham as lojas mais cedo. ;Quando dá 17h, 17h30, que as lojas começam a fechar, a gente fica preocupado, é quando começa o horário de risco de assaltos por aqui;, diz a atendente de uma papelaria Analice Dias.
Reforço
Segundo dados da Polícia militar, em 2009 foram registrados nas quadras 406 e 407 sul apenas dois roubos a comércio e 10 furtos de tipos variados. Para o comandante do Comando de Policiamento Regional Metropolitano, coronel Silva Filho, o problema é que muita gente não registra os crimes junto à polícia, o que dificulta o trabalho a ser desenvolvido. ;As pessoas estão sofrendo as ações mas não fazem o registro das ocorrências. A Polícia trabalha em cima de estatísticas, e os dados que nós temos mostram que o policiamento que fazemos da região é satisfatório;. Ainda assim, o coronel garante que neste ano já foi feito o reforço policial no Plano Piloto, o que pode ser constatado pelas poucas ocorrências registradas em 2009.
O coronel Silva e Filho diz que é preciso dificultar a vida dos criminosos. ;Colocar câmeras de segurança, grades, entre outras medidas, afastam os bandidos;. De acordo com os comerciantes das quadras, as lojas que estão mais sujeitas aos crimes são as próximas de passagens de pedestres e as de esquina, pois essa disposição física facilita a fuga.
Confira a videorreportagem veiculada no Correio Notícias: