Gustavo Henrique do Nascimento, 11 anos, queria muito passear na garupa da moto do tio. O ajudante de obras Cileno Cirino do Nascimento, 33 anos, atendeu aos apelos da criança, mas não imaginava que aquela volta na quadra terminaria em tragédia. Quando retornavam para casa, por volta das 18h de ontem, o garoto, que cursava a 5; série no Centro Educacional 7, de Ceilândia, caiu da motocicleta e bateu na lateral de um ônibus, na EQNM 5/7. Uma das rodas do coletivo ainda passou por cima da cabeça da criança, que morreu na hora.
;Ele era alegre, gostava de correr e jogar futebol;, descreveu a menina Janaína Santana, 11 anos, amiga da EQNM 5, onde Gustavo morava. Ela estava chocada com a morte do garoto, assim como a aposentada Marina Ferreira Marques, 72 anos, que ouviu gritos no momento do acidente. ;Quando olhei, o menino já estava morto. Perdi um filho no trânsito há 20 anos. Esses motoristas de ônibus não respeitam ninguém;, lamentou Marina. Somente o resultado da perícia, no entanto, poderá dizer quem foi o culpado pelo acidente fatal. O laudo deve sair em 15 dias.
Depoimento
No momento do acidente, o ônibus placa JJC 3683/DF transportava funcionários da empresa Valor Ambiental, que presta serviços de coletas especializadas de lixo industrial, hospitalar, domiciliar e comercial. O motorista do veículo, Ernani Marques de Souza, 40 anos, prestou depoimento na 15; Delegacia de Polícia e foi liberado em seguida. Ele não quis falar com a reportagem.
Segundo Cileno, que conduzia a moto Honda 125cc placa JJT 0413/DF, o motorista do coletivo estava estacionado na pista principal, quando teria acelerado repentinamente, sem acionar a seta. O tio de Gustavo, então, teria sido obrigado a desviar para a esquerda, mas o menino se desequilibrou, bateu a cabeça na lateral do ônibus e caiu. O coletivo, então, ainda passou sobre a cabeça do garoto com uma das rodas traseiras.
Acidente fatal na DF-250
Dois veículos se envolveram em um acidente na tarde ontem na DF-250, próximo ao Paranoá, que resultou na morte da massoterapeuta Roneide dos Santos Rodrigues, 43 anos. Por volta das 12h30, o técnico em eletrônica Hugo Guilherme Poema, 51 anos, e Roneide seguiam na estrada, no sentido Itapoã-Paranoá, em um Fox placa JHH 7035/DF. Quando se aproximavam de um quebra-molas, no Km 1 da pista, o carro em que estavam se chocou com o Brava placa JGA 3085/DF, conduzido pela pedagoga Valéria Bernadete Danese, 56.
Hugo conduzia o carro e Roneide estava do lado do passageiro. Após a batida, o casal foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros e encaminhado ao Hospital Regional do Paranoá (HRPA). Segundo a polícia, ele tinha escoriações leves e a companheira, com suspeita de traumatismo crânio-encefálico, morreu a caminho do hospital. Todos os envolvidos moravam no condomínio Entrelagos.
De acordo com o delegado-chefe da 6; DP, Miguel Lucena, o carro de Valéria veio de encontro ao do casal, no sentido oposto da estrada. ;Os dois (Hugo e Roneide) haviam saído do condomínio e entrado na via principal, quando o outro carro veio pela lateral e atingiu o lado do passageiro;, conta. Hugo disse à polícia ter sido surpreendido pela entrada do Brava e não ter tido tempo para reduzir a velocidade.
Socorro
Depois do acidente, Valéria continuou no local e chamou por socorro. Segundo o delegado, a pedagoga tinha sinais de embriaguez e se recusou a fazer o teste do bafômetro. Por isso, foi encaminhada ao Instituto Médico Legal (IML), onde exames negaram presença de álcool no sangue. De acordo com o delegado, ela responderá em liberdade por homicídio culposo ; sem intensão de matar ; e pode pegar de um a três anos de reclusão, se condenada.
Pela tarde, o local do acidente passou por perícia e os carros foram removidos. A investigação aguarda o laudo pericial, que deve ficar pronto entre 15 e 30 dias, para apontar as possíveis causas do acidente. ;Agora, precisamos apurar se houve negligência ou imprudência;, adianta Lucena. No entanto, a polícia não soube informar se os envolvidos usavam cinto de segurança no momento do impacto.
Miguel Lucena, delegado-chefe da 6; DP