Cidades

Preços públicos elevam inflação no DF

O índice de setembro fechou em 0,32%, puxado pelos reajustes de energia elétrica e telefonia, que repercutiram também nos gastos com habitação (0,71%) e condomínios (1,17%)

Mariana Flores
postado em 03/10/2009 09:00

Os preços controlados pelo governo contribuíram para elevar a inflação do Distrito Federal em setembro. O reajuste de energia elétrica, autorizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), respondeu por um terço da taxa do mês passado. O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), atingiu o segundo patamar mais alto do mês: 0,32%, valor que superou a média nacional (0,18%) e a de cinco das outras seis capitais pesquisadas.

Apenas Belo Horizonte teve uma inflação à frente do DF, com um índice 0,42%. A alta não é um risco, segundo o economista da FGV André Braz. ;Brasília está no mesmo contexto do restante do país, com inflação controlada. O aumento da tarifa de energia foi algo pontual e pesou somente em Brasília porque o calendário de energia elétrica não é igual em todas as cidades;, explica. A tarifa de eletricidade subiu 8,17%, no mês. O reajuste nas tarifas de telefonia fixa também pesou na inflação de setembro. As ligações telefônicas ficaram 0,37% mais caras, segundo a FGV.

Com os acréscimos, os gastos com habitação foram os que mais subiram ; 0,71%. Os condomínios residenciais ficaram 1,17% mais caros, puxados pelo aumento da energia elétrica. Também tiveram um incremento considerável os produtos e serviços enquadrados como despesas diversas. Puxados por um aumento de 2,50% nas mensalidades de TV por assinatura, ficaram 0,48% mais caros.

Os produtos e itens de transportes tiveram, em média, alta de 0,27%. Os combustíveis permaneceram praticamente estáveis em relação a agosto, mas os serviços oferecidos pelas oficinas mecânicas e os valores cobrados pelos carros usados puxaram os custos do grupo. Após uma redução de 4,30%, em agosto, os veículos seminovos recuperaram 0,65% no mês seguinte. O reparo dos automóveis ficou 0,30% mais caro, em setembro, e 0,19%, em agosto. A culpa são das peças, que também encareceram, de acordo com o mecânico Josemar Carlos Lacerda, 44 anos. ;De um ano para cá, as casas de peças têm aumentado muito o preço de venda para as oficinas. Mas também há muita diferença de valor entre os estabelecimentos que comercializam esses produtos. É preciso ficar de olho.;

Usuário frequente de oficinas mecânicas em função de constantes viagens, o advogado Manoel Mascarenhas da Silva, 60 anos, sentiu o reajuste. ;O preço cobrado pelas oficinas subiu muito com a crise econômica. Além disso, é difícil saber os critérios que uma oficina adota para cobrar os clientes;, reclama. Por mês, ele calcula gastar cerca de R$ 1 mil com seus dois automóveis para consertar problemas causados nas estradas entre Brasília e sua fazenda, ao sul de Tocantins.

Alimentos
Os produtos alimentícios ficaram 0,26% mais caros, abaixo da inflação média de 0,32% e inferiores à variação do mês anterior, de 0,91%. A desaceleração foi causada pelos produtos in natura, que diminuíram o ritmo de aumentos verificados nos últimos 12 meses em função de melhoras no quadro climático, segundo André Braz. As hortaliças e os legumes ainda acumulam uma taxa de 13,34% desde outubro de 2008, mas, em setembro, os preços caíram 0,03%.

Os gastos com saúde e cuidados pessoais tiveram alta de 0,17%. As peças de vestuário estão mais baratas do que em agosto, assim como os produtos e serviços de educação, leitura e recreação. A FGV registrou deflação de 0,36% e 0,04%, respectivamente. No caso das roupas, as liquidações de mudança de estação explicam a queda de preços. Os custos de educação têm reajustes apenas no início do semestre, de acordo com Braz, dando um alívio nesta época do ano.

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