postado em 04/10/2009 08:09
As investigações do triplo homicídio na 113 Sul levaram a polícia ao rastro de um criminoso perigoso procurado pela Justiça. Acusado de vários crimes, entre eles de homicídio encomendado, o suspeito que está preso no Departamento de Polícia Especializada (DPE) desde a última terça-feira esteve na 113 Sul no dia em que José Guilherme Villela, 73 anos, Maria Carvalho Mendes Villela, 63, e Francisca Nascimento da Silva, 58, foram mortos a facadas.A comprovação veio da quebra de sigilo telefônico de todas as pessoas que receberam ou originaram chamadas do aparelho celular feitas na quadra onde o crime ocorreu naquela sexta-feira, dia 28 de agosto. A abertura foi autorizada pela Justiça. Foram milhares de ligações rastreadas por torres de telefonia móvel instaladas nas proximidades da 113 Sul. A remessa que chegou à 1; DP (Asa Sul) continha cadastros com dados pessoais de titulares das linhas telefônicas. A triagem se deu pelo vínculo que cada uma delas tem com a quadra.
Nessa triagem, surgiram nomes e endereços de várias pessoas. A partir daí, os investigadores afunilaram o rol de suspeitos analisando a vida pregressa deles. Foram sendo descartados, por exemplo, moradores ou pessoas que trabalham na região. Restaram apenas os que teriam passagem pela polícia por algum tipo de crime. A extensa ficha corrida do suspeito que está preso há cinco dias acabou por colocá-lo em evidência.
Segundo uma fonte policial que participa das investigações, pesam contra ele crimes de pistolagem ; quando um mandante o contrata para matar alguém. De acordo com essa fonte, todos os crimes em que ele é apontado como executor foram cometidos em estados da Região Nordeste. O homem detido também tem uma condenação contra ele. Mas a fonte policial não soube detalhar do que se trata e nem qual tipo de pena ele recebeu.
Busca e apreensão
Ontem, após conseguir um mandado judicial de busca e apreensão, policiais da 1; DP, chefiados pela delegada Martha Vargas ; que conduz as investigações sobre a morte dos Villela ;, fizeram uma busca na residência do acusado, que fica no Riacho Fundo, e apreenderam diversos pertences dele. A delegada, no entanto, não quis dar detalhes da operação, que foi iniciada por volta das 5h. O material foi trazido em sacolas para a delegacia, onde seria examinado.
Por enquanto, o criminoso continua detido no DPE, mesmo a polícia ainda não tendo conseguido estabelecer um vínculo entre ele e o crime na 113 Sul. Sua detenção não é motivada pelo assassinato do ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), da mulher dele e da empregada. O homem foi preso na terça-feira por receptação ; ele estava com um veículo roubado.
Também ontem, a polícia ouviu uma mulher durante horas. Tratava-se da esposa do acusado de ser matador de aluguel. Ela prestou depoimento durante seis horas. Quando saiu, por volta das 19h, ficou sentada na porta da delegacia com uma amiga, mas não quis falar com a imprensa. Outro policial envolvido nas investigações do triplo assassinato afirmou ontem à tarde ao Correio que o suposto matador de aluguel pode levar os investigadores aos verdadeiros assassinos do casal Villela e da empregada Francisca.
Ligações mapeadas
Cada aparelho de telefonia móvel tem um número, chamado imei. As ligações feitas e recebidas por meio de um celular são conduzidas por um sinal da estação rádio-base, conhecida como ERB. Ele busca a torre que fará conexão com outra linha para realizar chamada. Com isso, o número do imei do aparelho fica registrado no canal utilizado naquele local. Assim, a polícia conseguiu mapear todas as pessoas que originaram ou receberam ligações no celular quando estavam nas imediações do Bloco C da 113 Sul, onde ocorreu o crime.
Com essas informações, os investigadores chegaram ao suspeito, que acabou preso há três dias por estar com um veículo roubado. Segundo as investigações, ele teria recebido ou originado uma ligação enquanto esteve na 113 Sul, em 28 de agosto, data em que ocorreu o triplo assassinato. Ele não mora nem trabalha na região e tem antecedentes criminais, por isso passou a ser investigado.