Cidades

Cine Brasília foi o local escolhido para a manifestação, que cobrou atenção sobre os espaços públicos culturais da cidade

postado em 09/10/2009 08:48

Uma manifestação simbólica movimentou artistas da cidade e a comunidade na tarde de ontem no Cine Brasília, na 106/107 Sul(1). O protesto, que reuniu cerca de 70 pessoas, foi uma iniciativa dos atores teatrais Adeílton Lima e Wellington Abreu, com o produtor cultural Doviral Brandão, e tinha como objetivo reivindicar mais atenção das autoridades públicas com relação à precariedade dos espaços culturais da cidade. Palco do mais importante Festival de Cinema do país, o local não foi escolhido aleatoriamente. ;Esse protesto no Cine Brasília é uma metáfora da realidade cultural da cidade, é uma situação que não pode mais acontecer;, comenta o cineasta Vladimir Carvalho, um dos nomes mais importantes do cinema brasiliense. ;É triste precisarmos recorrer a protestos como esse, já virou uma coisa monótona, mas essa indiferença dos poderes públicos é algo perigoso;, destaca.

Cartazes com dizeres como ;política cultural não se faz com maquiagem; ou ;onde estão as políticas culturais do GDF?; foram pendurados na fachada principal do espaço. Dezenas de sacos de lixos foram espalhados no hall de entrada do Cine Brasília. Uma maquete do local foi construída e também embalada em sacos de lixo. Segundo os artistas, não é mais admissível que todos os anos o Cine Brasília seja fechado apenas para uma reforma parcial em virtude da realização do Festival de Cinema de Brasília. ;Todo mundo sabe que o lugar está completamente sucateado, precisando de reformas urgentes;, reclama o ator Adeílton Lima. ;A maquiagem é só durante o festival, depois, a sala fica jogada às moscas, às vezes, a sessão é interrompida por falta de público;, emenda.

Apresentações

Uma das principais reivindicações da classe é que haja uma política cultural mais consistente para o setor, priorizando a reforma e a manutenção dos espaços já existentes e a criação de centros culturais em cidades que não possuem um lugar adequado para apresentações artísticas. ;É preciso criar políticas culturais sérias que caminhem com os artistas, colhendo opiniões da classe;, pede o produtor cultural Dorival Brandão, um dos idealizadores do protesto.

A indignação dos artistas aumentou diante da proposta de orçamento para reformas dos espaços culturais da cidade, apresentada no último mês de junho pela Secretaria de Estado em Planejamento e Gestão, durante uma audiência pública realizada no próprio Cine Brasília. Segundo o documento, R$ 50 mil foram destinados para a revitalização de lugares como o Cine Brasília, o Museu de Arte de Brasília (MAB), o Cine Itapuã, no Gama, entre outros espaços. ;Como contrasenso, eles estão destinando uma verba de R$ 840 mil para a manutenção do Memorial JK, que é um espaço privado. Não conseguimos entender essa situação;, lamenta Dorival Brandão.

[FOTO2]Hoje, por volta das 9h, uma comissão formada por artistas e professores de arte da cidade levará à secretaria de Cultura a maquete do Cine Brasília simbolicamente embalada no protesto de ontem. ;Essa manifestação é um ato independente dos artistas e dos cidadãos brasilienses,;, reforça Adeílton Lima. ;Não podemos deixar que os espaços culturais de Brasília se desintegrem perto dos 50 anos da cidade;, ressalta. A reportagem do Correio tentou contato com algum representante da Secretaria de Cultura, ontem, mas não obteve sucesso.

1 - Importância
Inaugurado em 1960, o Cine Brasília é um dos mais importantes espaços culturais da cidade. Com capacidade para mais de 600 pessoas, o lugar abriga, desde sua inauguração, o principal festival de cinema do país, que segue para sua 42; edição. Atualmente sucateado pelo tempo, desde os anos 1970 que o local não passa por uma reforma completa.

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