Dois dias após o acidente ocorrido entre uma van escolar e um ônibus da Viação São José, em Taguatinga, a Polícia Civil investiga as causas da colisão que feriu oito crianças por volta das 18h30 da última quinta-feira. Os policiais querem saber se ocorreu erro do motorista do coletivo, se houve problema mecânico no ônibus ou ainda se o veículo escorregou na pista molhada. Segundo a 12; Delegacia de Polícia (Taguatinga), o laudo da perícia, que apontará as causas do acidente, será divulgado em 15 dias. O Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran) informou ainda que a situação dos dois veículos está regularizada. Enquanto isso, as três crianças que sofreram ferimentos mais graves se recuperam no Hospital de Base do Distrito Federal.
Isabella Ferreira, 8 anos, uma das crianças envolvidas no acidente, teve afundamento do crânio por causa da forte batida. Passou a tarde de ontem em cirurgia. Mas, segundo parentes, a menina está bem. ;A cirurgia foi um sucesso. O corte foi pequeno e ela já está em recuperação. A família toda está mais tranquila. Só nos resta esperar a melhora;, disse um tio da menina, que não quis se identificar. O caso de Isabella foi o mais grave. Samia Albuquerque, 8 anos, passou por uma pequena cirurgia corretora em um corte no rosto, desde a testa até a bochecha. As duas chegaram de helicóptero na quinta-feira ao hospital, por volta das 20h40. Maria Luiza Amos, 10 anos, também transferida ao HBDF, foi transportada pelo Corpo de Bombeiros ao hospital. Ela levou pontos no supercílio direito. Segundo o HBDF, todas passam bem, mas ainda não têm previsão de alta.
O acidente ocorreu na altura da QNB 7, na Samdu Norte, em Taguatinga. O ônibus da Viação São José colidiu contra a lateral da van escolar da empresa Líder. Os carros seguiam em direções opostas na via, quando o motorista do ônibus perdeu o controle do veículo e atingiu a van. Responsável pelo veículo, Daniel Silva, 26 anos, tentou desviar, mas não conseguiu evitar a colisão. Oito crianças estavam no veículo na hora do acidente. Três delas apresentaram ferimentos mais graves e, por isso, foram levadas ao HBDF. As outras cinco ficaram no Hospital Regional da Ceilândia, onde passaram por exames e receberam alta. Uma delas era Samira, irmã de Samia, que já está em casa.
Via estreita
A Samdu é uma via estreita, margeada por comércio, residências e escolas. O movimento de carros e pedestres é intenso a qualquer hora do dia. Na rua de mão dupla, os motoristas espremem seus veículos. São ônibus, carretas, carros e ciclistas competindo a todo instante por um espaço. A grande quantidade de sinais e faixas de pedestres não impede que os motoristas andem em alta velocidade. Os ônibus, muitas vezes, não utilizam as paradas para embarque e desembarque de passageiros e ficam no meio da rua. Os condutores obrigados a desviar alcançam a contramão e ameaçam carros do sentido oposto. Quando dois veículos de grande porte emparelham na pista, acaba o espaço para os outros carros.
A rua, no entanto, não tem para onde crescer. Alguns moradores sugerem que a via se torne mão única. A avenida comercial de Taguatinga atenderia, então, o sentido oposto, já que as duas são paralelas entre si. O vendedor Marcos Antonio Viegas, 61 anos, defende esta ideia. Ele trabalha e mora na margem da Samdu. ;É um caos. Ônibus velho em alta velocidade, falta de respeito com a sinalização, a via é muito estreita e tem muitos motoqueiros. É batida sempre;, contou. Ele frequenta a Samdu Norte e Sul desde 1973 e lembra, com saudosismo, a época em que a via era tranquila.
Segundo o chefe de Fiscalização do Detran, Silvain Fonseca, os motoristas devem ser cuidadosos ao trafegar em pistas movimentadas e em época de chuva. ;Tem que reduzir a velocidade e redobrar a atenção. Se não há condições para transitar em determinados lugares, evite passar ali para não causar acidentes;, explicou. Ele também alertou os pais sobre o transporte escolar contratado para levar e trazer os filhos da escola (veja quadro). A empresa do ônibus envolvido no acidente informou que só irá se pronunciar após o fim das investigações.
Cuidados
Verificar se a van ou o ônibus tem autorização do Detran
Checar se o condutor tem mais de 21 anos e é regularizado junto ao Detran
Conferir se o condutor tem antecedentes criminais
Não levar em consideração somente o preço do serviço prestado
Conversar sempre com as crianças para saber a rotina e o funcionamento do transporte. Caso haja algo errado, denunciar ao Detran
Ver se o veículo disponibiliza cinto de segurança e se as crianças permanecem sentadas com os cintos afivelados
Fonte: Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran)