Cidades

Aposta forte na habitação para ganhar as eleições

Pelo menos 10 pré-candidatos vão utilizar a bandeira da casa própria na disputa eleitoral do ano que vem. Vitrine é o cheque-moradia

postado em 11/10/2009 08:20
A política de moradia popular costuma dar retorno aos candidatos que apostam nesse filão como plataforma de campanha. A compensação para quem balança a bandeira do terreno ou da casa própria às camadas mais humildes é tão certa que o tema estará congestionado na campanha do ano que vem. Vários pré-candidatos pretendem abordar o assunto durante a corrida eleitoral de 2010. Não é por acaso que a ministra-chefe da Casa Civil, a presidenciável Dilma Rousseff , lançou o programa Minha Casa, Minha Vida como uma das vitrines do governo Luiz Inácio Lula da Silva. No Distrito Federal, uma moeda cobiçada entre os políticos é o cheque-moradia, que financia a construção da casa própria para famílias de baixa renda. Há pelo menos três pré-candidatos que devem usar esse benefício como argumento para pedir votos. O distrital Batistas das Cooperativas (PRP) se autodenomina o idealizador do projeto na Câmara Legislativa, apesar de o texto aprovado ser de autoria do Executivo. "Eu fiz o projeto que foi encaminhado ao governo para ser transformado em lei e apresentado à Câmara. Mas o próprio governador reconhece que a ideia é minha", pontua o distrital, que imprime em seu material de divulgação a frase: "Habitação tem nome". Na condição de secretário de Habitação do GDF, Paulo Roriz (DEM) criou um forte vínculo com o cheque-moradia. Ele representa o governo na seleção das famílias e distribuição do programa. Ao lado do governador José Roberto Arruda (DEM), Paulo Roriz já entregou o benefício para 4,5 mil famílias. "Quando me elegi em 2006, não foi com a base da habitação. Tinha sido administrador de Santa Maria e secretário do Entorno. No atual governo, surgiu a oportunidade de comandar esse setor e sei que em 2010 podem surgir alguns votos em função do nosso trabalho à frente da moradia popular", acredita Paulo Roriz. O secretário está tão animado com essa base em potencial que estuda, inclusive, sair candidato a deputado federal no ano que vem: "Ainda não decidi a o que serei candidato, depende da vontade do meu partido". Quem também ficou com um naco da gestão do cheque-moradia foi a distrital Eliana Pedrosa (DEM). Pouco após o programa ser criado, a Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda - pasta que Eliana comandou até recentemente e para onde ainda pretende retonar - tornou-se o órgão que faz o cadastramento das famílias interessadas no benefício. A secretaria tem uma lista com 5 mil nomes inscritos para o programa. Desde que os primeiros lotes do benefício começaram a ser entregues, Eliana, Paulo Roriz e Batista das Cooperativas repartem o palco nas solenidades organizadas para a distribuição pública dos cheques-moradia. Juros mais baixos Há pouco tempo, a Terracap recebeu por ato do governo o comando de uma área da política de habitação. O órgão sob a chefia de Antônio Gomes (DEM) - potencial candidato em 2010 - credenciou-se como administrador de um programa de habitação específico para o servidor público do DF. Venderá, por meio de licitação e com o desconto em folha, lotes do governo com juros de 6%, metade do percentual cobrado no mercado. Num primeiro momento, serão vendidos 1,8 mil terrenos no Guará. O fracionamento da gestão habitacional é tratado como uma estratégia política para fazer render entre os aliados do governador uma importante fonte de votos. Mas a divisão dessa mina eleitoral tem causado ciúmes na base do governo. "Todo político conhece o retorno que a área social de um governo oferece em termos eleitorais, ainda mais quando o assunto é moradia, uma prioridade na vida de praticamente todo mundo. Com esse potencial, não poderia ser diferente: muita disputa e muito ciúmes", resume um dos assessores do governo, com assento no Buritinga. Confira alguns dos pré-candidatos que vão usar como plataforma de campanha a moradia popular Paulo Serejo, gerente de regularização de Condomínios Saiu do PSDB e filiou-se ao PMDB com a intenção de concorrer a deputado federal. Paulo Roriz, secretário de Habitação Distrital licenciado da Câmara Legislativa, representa o governo na entrega do cheque-moradia. Será candidato à reeleição pelo DEM. Antônio Gomes, presidente da Terracap Por uma decisão do governo, a Terracap passou a administrar parte da política de habitação. O órgão gerencia um programa específico para servidor público, que terá acesso a juros mais baixos para a compra de lotes. Batista das Cooperativas, deputado distrital Tem como plataforma política a moradia popular. Se autodefine o idealizador do cheque-moradia. Conseguiu indicar aliados para cargos de administração das políticas de habitação no GDF. Será candidato à reeleição pelo PRP. Eliana Pedrosa, deputada distrital Até recentemente no comando da Secretaria de Desenvolvimento Social, tinha uma importante fatia no programa cheque-moradia. A pasta é responsável pelo cadastramento das famílias. Léo Rezende, terceiro suplente de deputado distrital Coordena o Movimento Nacional de Luta pela Moradia no DF. Saiu do PDT e filiou-se ao PMDB. Pretende se candidatar em 2010 a deputado distrital. José Luiz Naves, presidente da Companhia de Habitação (Codhab) Foi administrador de Samambaia por indicação de Jaqueline Roriz. Rompeu com a distrital e compôs com Paulo Roriz, do grupo de Arruda. Fez carreira técnica, mas é constantemente encorajado a concorrer às eleições. Por enquanto, oficialmente, não confirma qualquer pretensão de disputar em 2010. Joaquim Roriz, ex-governador Inaugurou a rotina de doação de lotes como política de moradia para a classe mais baixa. Criou cidades inteiras, como Samambaia, Santa Maria, Recanto das Emas e Riacho Fundo. Pedro Passos, ex-deputado distrital Sempre explorou o filão dos condomínios irregulares, com o qual se elegeu duas vezes. No último mandato, renunciou para escapar de processo na Câmara. Deve ser candidato em 2010 com a mesma plataforma com que tornou-se distrital no passado. Fábio Barcellos, administrador do Jardim Botânico Elegeu-se em 2002 com a base da Polícia Civil. Por três mandatos presidiu o Sinpol. À frente da administração regional, no centro da discussão sobre a regularização de condomínios, o político acredita que aumentará seu potencial nas urnas. Será candidato à Câmara Legislativa pelo PDT.

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