Cidades

Bessa cobra "união" na Polícia Civil

Deputado federal envia carta ao diretor-geral da corporação e diz que "não suporta traições"

Ana Maria Campos
postado em 11/10/2009 08:10
Cleber Monteiro: Não serei candidato por causa do deputado Laerte BessaIncomodado com a provável candidatura do atual diretor-geral da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), Cleber Monteiro, nas próximas eleições, o deputado federal Laerte Bessa (PSC-DF), que comandou a instituição durante mais de sete anos, enviou uma carta ao adversário para lamentar a divisão na categoria. No texto, Bessa sustenta que ;não suporta traições;. Os dois deverão concorrer ao mesmo posto e disputar a mesma base eleitoral em campanhas diferentes. Filiado ao PPS, Cleber deverá apoiar a reeleição do governador José Roberto Arruda (DEM), enquanto Bessa deixou o PMDB para mergulhar no projeto de Joaquim Roriz (PSC).

Na carta enviada na semana passada, à qual o Correio teve acesso, Bessa indiretamente cobra por ter nomeado o delegado Cleber Monteiro a postos de destaque no órgão quando o hoje deputado federal foi diretor-geral da Polícia Civil do DF. ;Tive a satisfação de convidá-lo para o primeiro escalão da Polícia Civil. Primeiro ocupando o cargo de diretor de Polícia Circunscricional (DPC). Depois, como corregedor geral da Instituição e ter um papel importante no fortalecimento da PCDF;, afirmou Bessa e justificou: ;O meu convite foi um reconhecimento à sua competência como policial e porque não dizer um compromisso que fizemos durante o curso de formação;.

Bessa acrescenta, na carta, que apesar disso teve o conhecimento, por meio de uma reportagem do Correio, de que Cleber teria intenção de concorrer a um mandato de deputado federal, numa dobradinha com o secretário de Justiça e Cidadania, Alírio Neto (PPS), candidato à reeleição como distrital. Entre integrantes do atual governo, a ideia de lançar Cleber é bem-vista como forma de fortalecer o grupo arrudista na Polícia Civil e desestabilizar os planos de Bessa de conquistar um novo mandato. ;Estou surpreso com a notícia publicada, pois nós da Polícia Civil temos um código de honra e respeito mútuo muito bem definidos;, afirmou Bessa.

Antiga aliada de Joaquim Roriz, a Polícia Civil agora está dividida. O grupo rorizista mantém candidatos com representatividade na classe, como os presidentes dos sindicatos dos Policiais Civis (Sinpol) do DF, Welington Luís, e dos Delegados da Polícia Civil (Sindepo), Mauro Cézar Lima, que se filiaram respectivamente ao PSC e ao PTdoB, ambos da base rorizista. Cleber e Alírio são nomes importantes no grupo arrudista, que conta ainda com o suplente de deputado distrital Cláudio Abrantes (PPS).

Contra-ataque
Cleber Monteiro rebateu as críticas de Bessa. ;Minha decisão quanto a ser candidato depende da minha vontade, do apoio dos colegas na Polícia, do meu partido e do governador Arruda. Não serei candidato por causa do deputado Laerte Bessa;, disse ao Correio.

O atual diretor da Polícia Civil estranhou a preocupação do parlamentar porque afirma que já ouviu relatos de que Bessa gostaria de ser o vice de Roriz ou candidato ao Senado. ;Ele nem sabe o que quer ser e vem criticar a possibilidade de eu ser candidato a deputado federal;, reclamou. Sobre traições, Cleber afirmou: ;Não foi eu quem mudou de partido. Mantenho a mesma posição ideológica;.

Ele também não gostou da cobrança de Bessa pelas indicações em cargos anteriores na PCDF. ;Sempre ocupei cargos na polícia pela minha própria competência, assim como na minha gestão ninguém me deve nada. Todos que ocupam cargos estão lá por mérito próprio;, declarou.

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