postado em 12/10/2009 08:37
A expansão da linha do metrô no DF é um desejo da população, mas acima de tudo, uma necessidade para que o transporte realmente funcione. Os trechos atuais e os equipamentos disponíveis claramente são insuficientes para atender a demanda, principalmente no horário de pico. Outro problema apontado pelos passageiros é o tempo entre um trem e outro, que varia de 4,5 minutos até 15 minutos de espera. Quando está chovendo, o metrô pode demorar muito mais a passar.
[SAIBAMAIS]Segundo o presidente da Companhia do Metropolitano do DF (Metrô-DF), Luiz Gaspar Souza, a expansão do sistema de transporte já saiu do papel. Já foi lançado edital de pré-qualificação das empresas que participarão da licitação para implantar cinco estações (duas em Samambaia, duas em Ceilândia e a primeira da Asa Norte). O processo licitatório em si deve começar ainda em 2009. Para tanto, serão comprados mais 12 trens, vindos de São Paulo. A previsão de chegada é em março do ano que vem. A compra dos vagões e a modernização dos 20 trens atuais custarão R$ 325 milhões. Do montante, R$ 261 milhões serão financiados pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o restante será contrapartida do GDF. As obras devem durar dois anos.
Ele espera que a partir de 2011 o metrô seja o principal meio de transporte da capital e que possa beneficiar 300 mil pessoas diariamente. "Brasília terá que adotar esse sistema", diz. Souza lembra que nos primeiros dois anos de governo, o foco era retomar as obras que estavam interrompidas. Agora, a prioridade é expandir o sistema. No Guará, há uma estação em construção a 900m da Estação Feira. A obra, orçada em R$ 30 milhões, tem previsão de conclusão em março de 2010. Na Estrada Parque Taguatinga (EPTG), existe uma estação que não está ainda ativada. Ao todo, serão 29 estações em operação até 2012. Hoje há 23 funcionando.
Sobre a integração do metrô com outros sistemas de transporte, o presidente da companhia é mais contido. Hoje há apenas uma linha de integração no DF, na estação Furnas, em Samambaia. E não há previsão de ampliação. Ele garante, no entanto, que os passageiros não precisarão mais ficar na fila para comprar os bilhetes. "Compraremos máquinas para atuar no sistema de bilhetagem", afirma Luiz Gaspar Souza. Mas essa iniciativa ainda está só no projeto.
Na opinião do secretário de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, Cássio Taniguchi, na hora em que o brasiliense ficar preso no congestionamento, vai repensar sobre deixar o carro em casa. "A cidade que não privilegiar o transporte público está fadada a parar, devido ao número crescente de carros. Brasília, para suas proporções, está bem servida com 43km de metrô. Em São Paulo há 66 km de linhas", destaca.
Estacionamento
O prolongamento da linha do metrô, no entanto, não prevê a expansão dos estacionamentos ao redor das estações. Há apenas o projeto de bicicletários em todas as estações. A supervisora de vendas Adriana dos Santos, 32 anos, mora em Arniqueiras e reclama da falta de vagas nos terminais de Águas Claras. "O problema daqui é a falta de infraestrutura para o usuário do metrô. Só pensaram em construir prédios ao longo da linha e esqueceram que as pessoas precisam chegar ao local para pegar o metrô". Ela assume ter medo de deixar o carro em qualquer lugar, pois volta do trabalho, no Setor Comercial Sul, à Estação de Águas Claras, às 20h. "Aqui não é muito bem iluminado, a segurança do metrô só fica dentro da estação", reclama Adriana.
O procurador federal Albert Caravaca, 37, achou uma maneira de driblar o estacionamento lotado e ainda manter o condicionamento físico. Ele anda todo dia cerca de 1,5 km para chegar à Estação Águas Claras. "Só sinto quando está chovendo e não há uma área coberta. Fora isso, não vejo problema em andar um pouco para pegar o metrô. Levaria pelo menos uma hora para chegar ao Plano Piloto em horário de pico. Com o metrô, gasto só 30 minutos", afirma.
Palavra de especialista
Atrativos necessários
"A capital está se formando em metrópole. E já é encarada como tal pelo próprio IBGE. Por isso, Brasília precisa assumir certas funções como qualquer grande cidade brasileira. Temos que considerar que o Plano Piloto é o centro do Distrito Federal e o responsável pela maioria da geração de empregos. Se todas as outras cidades do DF tivessem autonomia na oferta de serviços, não haveria necessidade de uma malha de transporte tão ampla. Seria o exemplo de bom planejamento, mas, como não é isso o que ocorre, o governo tem que investir em um sistema com corredores de ônibus, VLT, metrô. O modelo adotado de planejamento urbano apenas descentralizou a atividade da residência, mas não as comerciais e de serviços. Precisa-se ao longo dos corredores de transporte, ao longo da linha do metrô, construir edifícios, shoppings centers, porque em todo lugar no mundo é assim: Londres, Paris, São Paulo. É necessário fazer com que, ao longo da linha, o passageiro tenha atrativos para entrar e sair".
Aldo Paviani, professor, geógrafo e especialista em demografia pela Universidade de Brasília
Eu acho...
"O desenvolvimento vai chegando e traz coisas boas e ruins. Ando de metrô, mas me incomoda muito o barulho que o trem faz quando passa perto do prédio onde moro. Tenho uma amiga com bebê pequeno que não consegue fazer o filho dormir quando o metrô passa. E na madrugada tem a manutenção do sistema".
Maria Telma Berino Dantos, 36 anos, dona de casa, moradora de Samambaia