Cidades

Preocupados com a avaliação dos eleitores, candidatos preparam marqueteiros

Ana Maria Campos
postado em 12/10/2009 08:51
A imagem que os candidatos ao Governo do Distrito Federal vão exibir ao eleitor daqui a um ano começa a ser trabalhada. Realizações, projetos, aliados e cabos eleitorais são importantes para a caracterização de um perfil que vai seduzir a população no momento de corrida atrás dos votos. Essa marca é buscada por uma equipe de marqueteiros experientes, jornalistas e consultores políticos que já entrou em campo. Com o apoio de uma ampla equipe de comunicação, o governador José Roberto Arruda (DEM) quer se apresentar como um homem de realizações e de grandes obras. Como todo político que pretende disputar a reeleição, as urnas são um teste de aprovação de sua gestão. Por isso, sua administração é a principal vitrine. De olho nesse objetivo, o governador tem pressa na conclusão de projetos importantes. Ele pretende entregar no próximo ano à população parte da Linha Verde, postos policiais e vilas olímpicas e iniciar a construção do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), entre outras ações. A maior meta da equipe de Arruda é frisar a imagem de que os compromissos da campanha foram cumpridos. "Nosso objetivo será revelar à população a ação do governo, com empreendimentos em todo o Distrito Federal e para todas as faixas de renda", conta o chefe da Agência de Comunicação do DF, Weligton Moraes, experiente em campanhas eleitorais. Ele esteve ao lado do ex-governador Joaquim Roriz em todas as suas campanhas ao Executivo até agora. Mas em 2010 estará com Arruda, como em 2006. As inserções de Arruda no horário eleitoral do DEM estão sendo produzidas pelo jornalista Luiz González, da empresa GW, de marketing político, que atuou como coordenador de comunicação da reeleição do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), e de campanhas dos tucanos Geraldo Alckmin e José Serra. Arruda trabalha, ainda, com a equipe de Paulo Vasconcelos, que faz propaganda também para o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB). No governo local, no entanto, há quem defenda a contratação em 2010 do marqueteiro Duda Mendonça, que fez a campanha vitoriosa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a imagem do "Lulinha Paz e Amor", depois de ter trabalhado vários anos para Paulo Maluf. Duda já atuou em Brasília para Roriz, em 1998, quando o então peemedebista derrotou Cristovam Buarque, na ocasião candidato a um novo mandato de governador pelo PT. Weligton, que trouxe Duda a Brasília, garante que no momento a nova contratação do marqueteiro baiano é pura especulação. Em sua tentativa de retornar ao Palácio do Buriti, Roriz levou de novo para a sua equipe o jornalista Paulo Fona. Ex-assessor da governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, Fona tem trânsito no PSDB, partido ao qual é filiado. Ele se aproximou de Roriz em 2002, integrado na equipe de comunicação por Weligton Moraes para tentar melhorar a imagem do governo, no momento em que o então governador era alvo de uma crise envolvendo escutas telefônicas (1) relacionadas a uma pendência nas quadras QI 27 e 29 do Lago Sul. Depois, Fona virou o primeiro porta-voz de Roriz. De acordo com Fona, na campanha de 2010, Roriz deverá contratar uma equipe de produção dos programas eleitorais. Mas por enquanto, o ex-governador tem trabalhado apenas com a experiência e o aconselhamento de uma equipe que conta com advogados e assessores políticos, além de Paulo Fona. "O (ex) governador trabalha muito com a intuição", revela Fona. Nesse seleto grupo foi pensado, por exemplo, o custo-benefício de Roriz se declarar em horário político do PMDB como candidato a governador mesmo com o risco de sofrer uma representação por descumprimento da lei eleitoral, como ocorreu. No campo das promessas, depois de quatro mandatos como governador, Roriz passou a enfocar agora um novo tema para apresentar como proposta ao eleitor. A principal ideia de seu discurso é a ampliação do quadrilátero do Distrito Federal, que hoje é 5.800 quilômetros quadrados, para 14,4 mil quilômetros quadrados. Ou seja, ele pretende triplicar o território, com a incorporação de todos os municípios do Entorno aos moldes do que previu a Missão Cruls, no século XIX (2), ao demarcar a área onde seria construída a capital do país. Em seus discursos, Roriz tem prometido também construir um aero-trem, um veículo com trilho suspenso e capacidade para ligar Brasília a Goiânia em apenas 22 minutos. É semelhante aos vagões usados nos parques temáticos da Disney. O sistema é mais moderno do que o chamado trem-bala que surgiu como uma proposta no último governo de Roriz. O ex-ministro Agnelo Queiroz também tem pensado em estratégias de comunicação. Nessa fase pré-eleitoral, ele contratou a consultoria política do jornalista Hélio Doyle, da WHD Comunicação. O trabalho é de aconselhamento e planejamento das ações. Um dos fundadores do PT e com boas relações com o presidente Lula, com o chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, Doyle tem um grande conhecimento do partido pelo qual Agnelo quer concorrer ao GDF. Ele também foi assessor de comunicação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Doyle tem no currículo vários trabalho de marketing político, especialmente no Distrito Federal. Ele foi o coordenador da campanha vitoriosa de Cristovam Buarque em 1994 e depois, durante pouco mais de um ano, exerceu o então poderoso cargo de secretário de Governo. Doyle trabalhou também para Joaquim Roriz e atuou na campanha à reeleição da tucana Maria de Lourdes Abadia em 2006. Para o jornalista, hoje o maior desafio de Agnelo é consolidar entre a população a certeza de que o PT já o escolheu como candidato ao GDF, apesar da possível prévia que deverá ocorrer em março de 2010. (3) Quando essa etapa for vencida e a campanha começar, Agnelo deverá reforçar no imaginário do eleitor a sua relação com o presidente Lula, considerado o principal cabo eleitoral no próximo ano. Médico, ele deverá bater forte na saúde. Quem também pretende pegar uma carona na popularidade presidencial é o senador Gim Argello (PTB), vice-líder do governo no Senado e aliado da futura candidata petista ao Palácio do Planalto, Dilma Rousseff. Gim também contratou equipe nova de comunicação, liderada pelo jornalista e poeta Luiz Turiba. Os dois já haviam trabalhado juntos na Câmara Legislativa. Depois disso, Turiba foi assessor de Gilberto Gil, no Ministério da Cultura, e também ajudou Paulo Octávio e Adelmir Santana, no Senado. Para Gim, é importante frisar a imagem de que tem buscado recursos federais para Brasília e de que cresceu no cenário nacional. 1 - Escutas telefônicas Em 2002, uma investigação do Ministério Público do Distrito Federal apontou um embate no governo entre dois aliados do então governador Joaquim Roriz, sobre a ocupação de uma área no Lago Sul, para a instalação de um condomínio. Pedro Passos e o advogado Eri Varela, então presidente da Terracap, foram alvo de escuta telefônica. Passos pedia a Roriz, no telefone, para interceder a seu favor. 2 - Missão Cruls Foi a Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil, instituída para pesquisar e delimitar a área onde deveria ser estabelecida a futura capital. Chefiada pelo astrônomo Luiz Cruls, a comissão percorreu entre 1892 e 1893 mais de quatro mil quilômetros para elaborar levantamento sobre a topografia, clima, fauna, flora e outros aspectos da região. A demarcação foi concluída em dezembro de 1894. 3 - Prévias do PT Pelo estatuto do partido, qualquer filiado pode se inscrever para disputar pelo voto do militante a indicação para ser candidato ao governo ou ao Senado. Havia um embate entre Agnelo Queiroz e Geraldo Magela, que decidiu concorrer ao Senado. Na semana passada, no entanto, o ex-deputado distrital Chico Floresta anunciou que vai concorrer às prévias em março de 2010.

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