Guilherme Goulart
postado em 14/10/2009 08:30
Fontes policiais ouvidas pelo Correio disseram que volta a se fortalecer na apuração do crime da 113 Sul a tese de latrocínio (roubo com morte). Um fundo falso descoberto pelos assassinos e outros que permaneceram intactos após o crime, por exemplo, revelaram que as vítimas guardavam em casa grande quantidade de dinheiro (dólares) e joias. Informações privilegiadas podem ter levado um grupo de criminosos a planejar muito bem o assalto ; ou seja, os alvos não foram escolhidos de modo fortuito. Latrocínio foi a primeira hipótese levantada para as mortes do casal de advogados José Guilherme Villela, 73 anos, e Maria Carvalho Mendes Villela, 69; e da principal empregada da família, Francisca Nascimento da Silva, 58. O triplo homicídio ocorreu em 28 de agosto, no apartamento dos Villela, o 601/602 do Bloco C da 113 Sul.[SAIBAMAIS]Isso não significa, porém, que a segunda linha de investigação levantada ; baseada em assassinato por encomenda ; tenha sido deixada de lado. Essa hipótese, aliás, começou a ganhar as atenções dos policiais no início da segunda semana de setembro. Indícios para tanto: o apartamento não possuía qualquer sinal de arrombamento, o que leva a crer que alguém ligado aos Villela ou aos empregados facilitou a entrada dos criminosos; a contratação de supostos matadores de aluguel para executar as vítimas; o número excessivo de facadas (73 ao todo), que, segundo os investigadores, indicaria até uma motivação por vingança, entre outros.
Por enquanto, há dois detidos por suspeita de envolvimento no caso. Os primos D. e A. acabaram presos após a polícia descobrir que ambos estavam na 513 Sul na noite do crime. Estariam acompanhados de um terceiro homem, ainda solto. D. permanece detido desde 29 de setembro, quando os investigadores o flagraram em um Astra roubado ; no qual os peritos do Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Civil do Distrito Federal encontraram vestígios de material biológico. Ele também é acusado de pistolagem e participação em facção criminosa de São Paulo. A. é mantido sob custódia policial desde 3 de outubro. Há indícios da participação dele em esquema de clonagem de veículos. Agentes apuram se D. dirigiu o carro até a quadra onde moravam os Villela naquele 28 de agosto, se A. esfaqueou as vítimas e se o comparsa deles limpou todo o apartamento após os brutais assassinatos. Os corpos só foram encontrados em 31 de agosto.
Previsto para ser divulgado ontem pelo IC, o resultado do exame de DNA das amostras de sangue colhidas no carro do suspeito D. atrasou. O laudo deve sair hoje. Caso seja encontrado material biológico das vítimas, ficará comprovada a participação direta dos detidos nas mortes.
Visita
O advogado criminalista Raul Livino, representante da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB/DF), afirmou ontem ao Correio que marcou para hoje visita à 1; DP. Ele acompanha o caso de perto e quer ter acesso aos laudos realizados no local do crime e nas vítimas. Livino estava em viagem e voltou ontem a Brasília. ;Quero ir amanhã (hoje) sem falta à delegacia para conversar com a delegada (Martha Vargas, chefe da 1; DP e responsável pelas investigações);, afirmou. O advogado adia a visita há pelo menos duas semanas.
A delegada Martha Vargas passou a tarde de ontem em diligências. Chegou à 1; DP às 12h20 e saiu às 16h50. Só retornou às 21h à delegacia da Asa Sul. Como de costume, não conversou com a imprensa.