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Cidades

Médicos e operadoras de planos de saúde se reúnem para discutir reajuste de honorários

A duas semanas do prazo para descredenciamento de todos os planos de saúde, os pediatras e as operadoras vão sentar à mesa de negociação pela primeira vez. No próximo dia 27, médicos da especialidade se reúnem com representantes da União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúd`e (Unidas), entidade que representa 53 planos de saúde. As partes vão discutir o reajuste dos honorários. Pela primeira vez, as operadoras admitem a possibilidade do pagamento de um valor diferenciado para as consultas de pediatras e também de psiquiatras. Representantes da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) também vão participar do encontro para discutir a criação de um novo modelo de pagamento e de organização dos planos.

Os contratos entre as empresas e os pediatras de hospitais particulares serão totalmente rescindidos até 31 de outubro. Até agora, os médicos já deixaram de receber 78 convênios. Apenas duas operadoras são aceitas pelos profissionais porque o prazo de carência para a anulação dos contratos ainda está em vigor ; são elas Slam e Cassi. A partir de novembro, será preciso pagar pelas consultas de emergência em quase todos os hospitais privados da cidade. Apenas o Pronto Atendimento Infantil (PAI), no Setor Hospitalar Sul, vai manter pediatras atendendo na emergência por meio de plano de saúde.

As negociações entre as empresas e os médicos são delicadas: os profissionais não estão dispostos a atender convênios sem um reajuste de mais de 100% dos honorários, mas os planos de saúde argumentam que o aumento reivindicado é inviável. Hoje, o valor repassado aos médicos varia entre R$ 28 e R$ 40 por consulta. Mas os pediatras exigem o pagamento de, no mínimo, R$ 90 por atendimento nas emergências e R$ 120 por paciente recebido nos consultórios.

O Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), que agrega as maiores operadoras do país, estima que a concessão do reajuste pleiteado a todos os médicos causaria um aumento de cerca de 20% nas mensalidades dos planos. De acordo com a entidade, as despesas das empresas com consultas aumentaram 13% no ano passado em comparação com os dados de 2007. A demanda dos clientes por consultas também cresceu. ;As operadoras reajustaram o valor das consultas nos últimos anos dentro do possível, mas sempre acima da inflação;, destaca o superintendente do IESS, José Cechin.

Ele garante que seria impossível aumentar o repasse, por consulta, para R$ 90 sem onerar os clientes. ;Para dar reajuste, é preciso repassar os custos, o que acaba encarecendo os planos mais novos;, justifica. Mas ele acredita na possibilidade de um acordo entre os pediatras e as empresas. ;Ainda não houve um consenso, mas as partes vão acabar cedendo um pouco. Resta apenas saber quanto;, acrescenta o superintendente do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar.

Os clientes esperam um fim para o impasse sem aumento nas mensalidades. O analista de sistemas Bonifácio Pacheco da Silva, 41 anos, é pai de Sofia, de um ano e meio. Ontem, ele teve que pagar R$ 110 por uma consulta de emergência para a menina. ;Já paguei outra vez e não consegui o reembolso integral desse valor. Acho muito ruim ter que pagar duas vezes, já que gastamos com a mensalidade do plano e ainda pagamos consulta. Espero que esse problema seja resolvido;, contou Bonifácio.[SAIBAMAIS]

O presidente da Sociedade de Pediatria do DF, Dennis Alexander Burns, diz que a reunião do dia 27 foi marcada por intermédio da Agência Nacional de Saúde Suplementar. ;Com a suspensão dos atendimentos pelos planos, os pacientes estão sendo mais bem atendidos e os médicos têm uma remuneração maior. Mas nossa grande preocupação é com o aspecto social, já que muitas pessoas não têm recursos para pagar pelas consultas nas emergências;, diz. A assessoria de imprensa da ANS afirmou que a agência não participa de discussões sobre honorários ou tabelas de pagamentos, mas garantiu que o órgão quer debater um novo modelo de organização para as operadoras.

O superintendente da Unidas no Distrito Federal, Roberto Fontenele, diz que a intenção é negociar diretamente com a Associação dos Médicos de Hospitais Privados. ;Vamos conversar sobre a remuneração diferenciada para pediatras e também para psiquiatras. No mês passado, já asseguramos aos médicos de todas as especialidades um reajuste linear de 4,43%;, explica Fontenele.

300 mil beneficiários
No Distrito Federal, a União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde representa 35 organizações públicas e privadas. O contingente de beneficiários assistidos pelas entidades filiadas é de cerca de 300 mil pessoas em Brasília.



Leitores apoiam pediatras

; Enquete realizada pelo site do Correio fez a seguinte pergunta aos leitores: Você concorda com o boicote dos pediatras aos planos de saúde? Um total de 164 votos foi computado e 54,88% (90 votos) das pessoas se disse favorável ao boicote, contra 45,12% (74) dos contrários.



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