Guilherme Goulart
postado em 16/10/2009 08:37
A polícia estima que as joias e o dinheiro roubados do apartamento 601/602 do Bloco C da 113 Sul alcancem aproximadamente uma soma de R$ 700 mil. Bandidos levaram a quantia após assassinar, no imóvel, o casal de advogados José Guilherme Villela, 73 anos, e Maria Carvalho Mendes Villela, 69; e a principal empregada da família, Francisca Nascimento da Silva, 58. Os Villela eram donos da residência. Parte dos objetos estava em um fundo falso localizado no closet de um dos cômodos. Os investigadores do caso ainda encontraram outro esconderijo no local, mas que passou despercebido pelos criminosos.[SAIBAMAIS]O cálculo aproximado pôde ser feito a partir de informações levadas por familiares dos Villela durante os depoimentos prestados na 1; Delegacia de Polícia, na Asa Sul. Os parentes mais próximos fizeram uma espécie de levantamento a partir do que desapareceu do apartamento após a tragédia. O triplo homicídio ocorreu em 28 de agosto, e os corpos só foram descobertos em 31 de agosto. Ao todo, as vítimas receberam 73 facadas.
A descoberta da pequena fortuna reforça a tese de latrocínio (roubo com morte), apesar de a hipótese de crime por encomenda não ter sido, de todo, descartada. Embasa ainda mais a suspeita de que os assassinos contaram com informações privilegiadas da rotina dos Villela.
Ex-empregado
Os investigadores direcionados à tese de latrocínio tentam agora montar o quebra-cabeça formado desde o início dos trabalho de apuração. Fontes policiais revelaram ao Correio que um ex-funcionário dos Villela, responsável por alguns serviços no apartamento da 113 Sul, estaria envolvido na trama. Ele teria conseguido que alguém facilitasse a entrada no prédio e convencido a empregada a abrir a porta na noite dos assassinatos. Francisca teria reconhecido a voz dele e, assim, sentido confiança para autorizá-lo a entrar no local.
Esse ex-empregado teria chegado à 113 Sul em um carro conduzido por D., um dos dois suspeitos detidos pelos agentes da 1; DP. Ainda não se sabe, no entanto, quantos homens participaram da barbárie. Mas o primo dele, identificado como A., também está preso. Testemunhas viram os dois, acompanhados de um terceiro homem, perto de um veículo na 513 Sul. Ao ser detido, D. conduzia um Astra roubado. Ainda pesa contra ele a acusação de que integre o Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa de São Paulo. D. faria parte de um grupo de extermínio do PCC com ações voltadas para a Região Nordeste.
O desafio dos policiais da 1; DP, no entanto, é reunir as provas capazes de vincular os suspeitos ao triplo assassinato. Faltam os laudos(1) realizados por peritos do Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Civil do Distrito Federal, por exemplo. Após 46 dias de investigações, a polícia ainda não recebeu nenhum resultado. Houve várias perícias no cenário do crime e uma no carro apreendido com D. Foi coletada amostra de material biológico (sangue) no veículo, mas ainda não se sabe de quem é.
A delegada Martha Vargas passou a manhã em diligências. Somente à tarde, compareceu à delegacia que chefia, a 1; DP, localizada no Setor Policial Sul. Martha chegou por volta das 15h20 e ficou até o anoitecer reunida com o diretor do Departamento de Polícia Circunscricional (DPC), delegado André Victor do Espírito Santo. Eles estão debruçados sobre os registros dos mais de 100 depoimentos de testemunhas colhidos ao longo das investigações.
1- Faxina
Uma das explicações para o atraso na divulgação dos laudos periciais tem relação com dificuldades encontradas pelos especialistas no apartamento 601/602 do Bloco C. É quase certo que alguém com conhecimentos técnicos esteve no imóvel entre 28 e 31 de agosto para limpar os rastros dos assassinos. Apagou impressões digitais e removeu o excesso de sangue das vítimas, com o uso de produtos especiais de limpeza. Os peritos do Instituto de Identificação (II) encontraram apenas fragmentos de impressões digitais, que deverão ser reconstruídos com a ajuda de um programa de computador.