Cidades

Perigo na hora do lazer

Ponte do parque local, recentemente interditada em função das chuvas que provocaram queda de terra no leito do córrego que atravessa a pequena reserva, representa perigo para a comunidade

postado em 17/10/2009 09:00
<i>Há usuários que, mesmo com as faixas indicando interdição, ignoram o risco e fazem a travessia do local</i>Pedaços de bambu e fitas amarelas com listras pretas ; como aquelas utilizadas para se isolar a área onde ocorreu um crime ou acidente antes da chegada da perícia ; impedem a passagem pela ponte do Parque de Águas Claras desde a tarde de quinta-feira. A estrutura suspensa ameaça cair desde que uma enxurrada no último dia 8 resultou na queda de terra do leito do córrego que passa por ali. Rachaduras na proximidade da ponte apontam para o perigo iminente. No entanto, nenhuma placa ou aviso foi colocado no local para avisar os usuários. A maioria dos moradores locais estranha a interdição. Alguns dão meia-volta e retornam pelo caminho por onde vieram. Outros ignoram a interdição e atravessam a ponte, pulando por cima das barreiras colocadas para impedir a passagem.

O advogado Leonardo Strauss, 26 anos, costuma se exercitar correndo nos 4,8 mil metros quadrados do parque pelo menos duas vezes por semana. Ontem, teve uma surpresa ao encontrar a ponte na metade do caminho interditada. Mesmo assim, atravessou-a. ;Não tem como não passar pela ponte. Não existe outro caminho;, justificou. Strauss alegou não saber o motivo do impedimento do caminho e imaginou que uma chuva da noite anterior fosse responsável pela precariedade em que se encontra a estrutura. ;A Defesa Civil precisa analisar a situação. Tenho pena de quem for andar de bicicleta, que não vai conseguir passar por aqui mesmo;, completou.

<i>José Júlio de Oliveira, presidente da Associação de Moradores de Águas Claras: " />A Associação de Moradores de Águas Claras chama atenção para o problema desde a semana passada, quando boa parte do leito do córrego cedeu abaixo da ponte e trouxe o risco de queda da estrutura. ;Isso causa um grande incômodo para todos os usuários do parque, que estão impossibilitados de passar de um lado para o outro. Quem chegar a pé pelo lado de lá terá que dar uma volta enorme para chegar até a área de malhação, parquinho e quiosques. Fica até melhor vir de carro;, reclamou o funcionário público José Júlio de Oliveira, 50 anos, presidente da associação.

José não pede simplesmente pela reabertura da ponte. Ele e toda a associação querem uma solução definitiva para o problema. ;Está um perigo a ponte desse jeito. E se ela cair quando estiver passando uma mãe com os filhos? Como é que fica?;, questionou, emendando: ;O que queremos é resolver essa situação. Que a administração do parque analise o caso com seriedade e ofereça aos usuários um local seguro para atravessar, que não perigue desabar a qualquer hora;. José chamou atenção para as erosões provocadas no leito do rio, que encheram o córrego com torrões imensos de terra. E ressaltou a necessidade de colocar placas de avisos na proximidade do local interditado para alertar os usuários do parque sobre o motivo do inconveniente.

Ponte maior
<i>José Júlio mostra o local onde a terra cedeu: nem parece, embaixo passa um córrego, que ficou prejudicado</i>Na tarde de ontem, uma equipe de técnicos da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) compareceu ao local para avaliar a extensão dos danos provocados pelas águas das chuvas ao leito do córrego. Segundo o diretor de Parques do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), Luiz Otávio França, será necessário fazer uma sistematização para aumentar a calha de todo o córrego. ;Na prática, isso corresponde a dizer que precisamos aumentar o tamanho da área por onde corre a água. A ponte precisará ser substituída por outra maior. Também temos que tirar toda a terra que as chuvas fizeram desabar sobre o córrego e fazer uma avaliação da drenagem de Águas Claras;, detalhou.

Para Luiz Otávio, a avaliação é necessária, uma vez que, por conta da impermeabilização da região, o parque se transforma no principal receptor das águas da chuva da cidade. ;Tudo acaba descendo para lá, o que prejudica as nascentes e córregos do local. É preciso fazer uma avaliação ambiental da região;, apontou. O diretor reconheceu que o problema é grave e que deverá ser tratado com urgência pela Novacap. ;A partir de segunda-feira, os técnicos vão estudar uma solução emergencial para a questão;, garantiu. Ainda não foram estabelecidos prazos ou orçamento para as reformas necessárias no local.


O número
4,8 mil m2
Área total do Parque de Águas Claras, principal reduto de lazer da comunidade




Para saber mais

Uma ilha de verde

Criado por projeto de lei em 2000, o Parque de Águas Claras se sobressai, verdejante, entre os arranha-céus prontos ou em construção que caracterizam a cidade. Além do prédio da administração e outro para eventos, ele possui várias quadras desportivas, playground para crianças, churrasqueiras e trilhas para caminhada e ciclismo. Dentro do parque também funciona uma unidade da polícia florestal e do grupo escoteiro Ave Branca.

O parque é caracterizado pela presença de uma exuberante reserva de mata ciliar acompanhada de pequenos riachos que cruzam sua extensão. Dois pequenos lagos ainda podem ser apreciados no local, embora estejam disponíveis apenas para contemplação ; nadar ali é proibido. Os usuários do local também podem desfrutar das diversas árvores frutíferas plantadas pelos antigos chacareiros que habitavam a região antes da criação de Águas Claras.

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