Cidades

Dólar em baixa. Viagens em alta

Com o retorno das moedas internacionais a valores antes da crise e o parcelamento de pacotes, brasilienses preparam as malas para passar o fim de ano ou as férias no exterior

postado em 17/10/2009 09:30

Com o retorno das moedas internacionais a valores antes da crise e o parcelamento de pacotes, brasilienses preparam as malas para passar o fim de ano ou as férias no exteriorCom o dólar e o euro mais em conta, voltou a caber no bolso de muita gente um passeio pela Champs-Élysées, em Paris, uma visita à Estátua da Liberdade, em Nova York, ou um mergulho no mar do Caribe. Promoções e facilidades de pagamento seduzem o público de Brasília, conhecido por viajar bastante ao exterior, e movimentam as agências de turismo. Sem medo de gripe suína e alheio aos resquícios da crise econômica, o turista da capital surpreende o setor. Neste fim de ano, a estimativa é vender 30% a mais de pacotes internacionais, em relação a 2008 ; o dobro do aumento previsto para destinos brasileiros.

Assist sobre o tema

A queda na cotação do dólar e do euro fez despencar o preço das viagens. A moeda americana, que chegou a R$ 2,50, em dezembro do ano passado, fechou ontem em R$ 1,71. A europeia alcançou R$ 3,38 no auge da crise, recuou e está em 2,55. Aos poucos, os valores se aproximam dos patamares observados antes da turbulência mundial (veja gráficos). O câmbio influencia diretamente o preço das passagens aéreas, da hospedagem e, enfim, o orçamento dos pacotes. Além das promoções, as facilidades de pagamento atraem quem sonha conhecer outros países. Os valores podem ser divididos em até 10 vezes.

Com o retorno das moedas internacionais a valores antes da crise e o parcelamento de pacotes, brasilienses preparam as malas para passar o fim de ano ou as férias no exteriorPor isso, tanta correria para programar o réveillon e o verão de 2010 em terras estrangeiras. Os destinos mais procurados continuam sendo cidades dos Estados Unidos, principalmente Nova York, Orlando e Miami, e da Europa, sobretudo Paris. Turquia, a grande novidade, e as ilhas caribenhas também se destacam. Na América do Sul, Argentina ainda lidera o ranking, apesar do baque da gripe suína. Na época em que o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, pediu à população que evitasse viajar para aquele país, as agências registraram 60% de cancelamentos. A maioria, porém, remarcou a viagem para este fim de ano.

Mais barato
A videografista Liana Lessa, 22 anos, não esperou. Já foi e voltou da Argentina. Passou cinco dias em Mar del Plata, na costa atlântica, no início deste mês. ;Com ou sem gripe, eu iria;, pondera a jovem, que foi participar de um evento de artes gráficas, mas não nega que aproveitou bastante a semana longe da rotina. ;Está muito mais barato agora, isso ajuda. Se fosse em outra época, nem cogitaria ir;, compara. Em janeiro, Liana curtiu Buenos Aires por 10 dias. Agora, planeja conhecer a Europa em maio ou junho do ano que vem. ;Estou vendo algumas promoções. É possível parcelar várias vezes;, conta.

Em relação à tabela de preços do mesmo período do ano passado, alguns pacotes para fora do país tiveram redução de até 50%. ;Não estou querendo ser otimista em excesso, mas arrisco dizer que o aumento das vendas será superior à estimativa de 30%;, diz o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagem do Distrito Federal (Abav-DF), João Zisman. Segundo ele, as viagens para o exterior não prejudicam o movimento interno. ;Viajar passou a fazer parte da cesta de consumo do brasileiro. O turismo doméstico se manteve estável ao longo do ano;, afirmou.

<i>Com a filha Maria Eduarda, Cláudia diz que pretende ir uma vez por ano à Europa</i>Para acompanhar o avanço das viagens internacionais(1), as agências foram forçadas a diminuir o preço dos pacotes internos. Mas, na avaliação do superintendente de vendas da Bancorbrás Turismo, Carlos Eduardo Pereira, o brasiliense gosta mesmo é de viajar pelo mundo. ;Ele já conhece Natal, Fortaleza, Rio de Janeiro; Agora, quer visitar novos lugares;, analisa. Os pacotes internacionais respondem por cerca de 60% das vendas da Bancorbrás em Brasília. ;O aumento tem sido uma surpresa para nós. Conhecemos o perfil da cidade, mas não esperávamos que seria assim este ano;, completa.

Detentor da maior renda per capita do país, o turista da capital federal tem mais facilidade para tirar visto e passaporte, por conta da proximidade com as embaixadas. A servidora pública Cláudia Metello, 45 anos, aproveita. Ela já visitou Paris três vezes, mas voltará à cidade no fim deste mês para levar a filha Maria Eduarda, de 8 anos. ;Pretendo ir uma vez por ano à Europa. Em anos anteriores, pensar nisso era impraticável;, lembra ela, que programa mais uma visita à cidade-luz em maio de 2010. ;Com essas facilidades de pagamento e preços mais em conta, podemos nos permitir viajar mais. É um presente para nós mesmos;, argumenta.

Na rede CVC de Brasília, a cada 10 vendas, quatro são para o exterior, de acordo com o gerente regional da empresa, Cláudio Vila Nova. ;Estamos acima da média nacional, que gira em torno de 20%. O brasiliense é, de fato, um público diferenciado, gosta muito do exterior;, diz. Miami, por exemplo, é o segundo destino mais procurado. Fica atrás apenas de Porto Seguro, na Bahia. ;No dia em que tiver um voo direto para Miami, vai vender que nem água;, prevê. Em dezembro, a Delta Airlines começa a operar voos de Brasília para Atlanta(2), cidade considerada o maior centro de distribuição de voos do planeta.

O servidor público Thiago Queiroz, 38 anos, já conhece os Estados Unidos. Chegou a vez da Europa. Ele embarca com a esposa em novembro, com destino a Paris. Os cinco dias por lá sairão mais barato que uma semana em Porto de Galinhas, em Pernambuco. ;Quando vimos a promoção, mudamos os planos. Se não fosse o preço baixo, nem pensaríamos em ir agora para a Europa;, conta. O pacote para o casal, incluindo transporte e hospedagem com café da manhã, custou R$ 4,5 mil, dividido em oito vezes. ;Vamos ficar de olho nas promoções para já marcar a próxima;, afirma.


Crescimento
De janeiro a agosto deste ano, embarcaram e desembarcaram em voos na capital federal 7, 7 milhões de pessoas. Desse total, 113.422 (1,4%) saíram ou chegaram do exterior. Apesar de pequeno, o número cresceu 5,6% em relação ao mesmo período de 2008.


Direto para os EUA
A maior companhia aérea do mundo começa a operar a partir de 17 de dezembro três voos semanais entre Brasília e Atlanta. Um boeing 757, com 170 assentos, sairá às terças, sextas e domingos e retornará às segundas, quintas e sábados. As agências já começaram a vender passagens. O valor médio é de US$ 900 (R$ 1.539, pela cotação de ontem) por trecho.

CENÁRIO FAVORÁVEL

Apesar da euforia, o mercado de agências de viagem levou um susto com a crise financeira mundial. Se as vendas não diminuíram, pelo menos não cresceram como se esperava. A alta do dólar e do euro, a gripe suína e o acidente da Air France, no fim de maio, foram responsáveis por uma queda significativa no movimento. O maior impacto foi na venda de pacotes para quem quer trabalhar no exterior. ;Com a crise, o próprio americano ficou desempregado e, claro, as vagas para estrangeiros diminuíram;, comenta a gerente da CI de Brasília, Carolina Oliveira. ;No nosso caso, o número de vagas caiu de 120, em 2008, para 40, neste fim de ano;. Com menos vagas, a procura também caiu. Porém, Carolina diz que é possível sentir uma melhora. ;Os efeitos da crise começam a diminuir, o dólar baixou muito, a gripe suína está mais tranquila. Tudo isso contribui;. A CI trabalha com turismo e programas de trabalho e estudo no exterior.

Fique atento!


Confira algumas dicas para não entrar em apuros durante sua viagem ao exterior:

  • A relação entre o cliente e o agente de viagem se baseia na confiança. Por isso, procure referências de pessoas que já conheçam os serviços da empresa

  • Consulte o Ministério do Turismo (www.cadastur.turismo.gov.br) e a Associação Brasileira de Agências de Viagem (www.abav.com.br) para ter informações sobre o histórico da agência. Verifique no Procon (telefone: 151) se existe alguma reclamação referente à empresa

  • Veja se os serviços oferecidos em materiais de divulgação e no contrato condizem com a realidade da viagem. Caso sejam de qualidade inferior, fotografe ou recolha outras provas para reivindicar o prejuízo nos órgãos responsáveis

  • Examine cuidadosamente o contrato firmado com a agência de turismo e guarde todo o material promocional. Procure saber se, durante a viagem, serão oferecidos passeios ou serviços que precisem de pagamento extra

  • Peça à agência, com vários dias de antecedência, os vouchers (documentos de confirmação de reservas), as passagens com assento marcado, o roteiro da viagem, além de cópias da programação

  • Ligue para verificar se os serviços oferecidos estão assegurados. Telefone, por exemplo, para confirmar as reservas do hotel e faça o check-in o quanto antes

  • Principalmente no caso de viagens internacionais, peça para o agente de viagens listar todos os documentos que você deve levar (visto, passaporte etc.)

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação