Ana Maria Campos
postado em 18/10/2009 08:30
Na capital do país, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai circular sem dificuldades durante a campanha de 2010 e seu apoio será disputado por quase todos os concorrentes ao Governo do Distrito Federal. Entre os principais pré-candidatos ao Palácio do Buriti, há pelo menos um ponto em comum: ninguém pretende se apresentar como o anti-Lula na hora de pedir votos ao eleitor. A provável candidata petista à Presidência da República, Dilma Rousseff, terá adversários, mas os programas do governo federal não serão bombardeados com ataques contundentes que possam atingir a cúpula do Palácio do Planalto nem mesmo pelos representantes de partidos da oposição. Com a popularidade na casa dos 80% de aprovação, Lula deverá ser poupado em várias unidades da Federação, mas no Distrito Federal há uma peculiaridade. O governador José Roberto Arruda, único candidato do DEM à reeleição, adotará postura simpática ao atual governo. Seu partido é o mais feroz opositor ao governo federal, mas Arruda não segue essa posição. Pelo contrário, o governador do Distrito Federal já manifestou ao próprio presidente da República que, apesar de apoiar um nome da oposição ; o governador de São Paulo, José Serra, ou de Minas, Aécio Neves, ambos do PSDB ; não haverá conflitos com a campanha petista em Brasília.
Apesar dos embates do DEM no Congresso, Arruda consegue manter uma ótima relação com o governo federal. ;O presidente Lula, independentemente de interesses políticos, tem tratado Brasília como a capital do todos os brasileiros;, afirma o chefe da Casa Civil do DF, José Geraldo Maciel. ;Estou certo de que em qualquer circunstância, tanto o governador Arruda quanto o presidente Lula se portarão com dignidade e com alto nível;, aposta um dos principais integrantes da cúpula do GDF. A expectativa do grupo arrudista é de reciprocidade nesta postura.
Preferência
Os petistas do Distrito Federal têm consciência dessa ótima relação, mas apostam que Lula vai declarar preferência ao ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz, provável candidato do PT. ;Com certeza, o presidente Lula não será atacado porque os adversários não terão argumento para atacar o governo federal, mas ele vai fazer campanha para os candidatos dele;, avalia Agnelo. Nesse quesito, Agnelo terá de dividir o palanque(1) com outros nomes. Se mergulhar nas campanhas regionais, Lula terá de dividir seu tempo entre os candidatos da base aliada. Um dos que vão cobrar presença é o senador Gim Argello (PTB-DF), vice-líder do governo no Senado, que tentará associar a sua imagem à de Dilma e aos programas federais caso saia candidato. ;Meu palanque será o de Dilma;, afirma Gim.
O ex-governador Joaquim Roriz (PSC) já tentou se aproximar do presidenciável do PSB, o deputado Ciro Gomes (SP). Espera correr nessa raia, caso os socialistas resolvam enfrentar a campanha. Roriz também vem buscando aliados na base do governo Lula e tem conversado com antigos adversários, como os deputados Geraldo Magela (PT-DF) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF). Nesses encontros, o ex-governador diz que se arrepende de ter feito, no passado, oposição a Lula. Nas classes D e E, onde Roriz tem mais votos, Lula tem alta popularidade, por conta da abrangência dos programas sociais. Dificilmente haverá trombadas. ;Considerando-se que os projetos sociais do governo Lula são todos uma ampliação dos programas de Roriz, diria que eles têm muita afinidade e não podemos descartar aliança com ninguém;, disse o presidente regional do PSC, Valério Neves.
Propostas
Integrante de um partido da base do governo Lula, o deputado distrital José Antônio Reguffe (PDT), escolhido pela executiva regional pré-candidato ao GDF, quer se apresentar como uma alternativa política a Arruda, Roriz e ao PT, mas também não deverá adotar o tom da crítica ao presidente Lula caso sua candidatura seja confirmada em convenção no próximo ano. ;Pretendo fazer uma campanha de alto nível, propositiva. Não esperem de mim ataques a ninguém;, garante Reguffe. O PDT ainda não definiu seu rumo na campanha presidencial, mas o ministro do Trabalho, Carlos Lupi(2) , que comanda o partido nacionalmente, tem sinalizado que pretende apoiar Dilma.
Em toda campanha, no entanto, há críticos ferozes. Dissidente do PT, Antônio Carlos de Andrade, o Toninho do PSol, pretende repetir a dose de 2006 e concorrer novamente ao GDF, com um discurso duro contra os adversários locais e nacionais. A direção regional do partido já aprovou em convenção a indicação do nome dele como candidato ao GDF. Essa diretriz ainda precisa ser aprovada em convenção no próximo ano, mas a tendência é de que o PSol o mantenha como representante na campanha de 2010, até como forma de puxar votos para a ex-deputada federal Maria José Maninha (PSol) que vai disputar uma vaga na Câmara Legislativa. Na campanha, Toninho vai dizer que o governo Lula é ;populista e demagogo;. ;Nós temos compromisso com a verdade. Os programas sociais do presidente Lula só escravizam o povo;, analisa.
1- Aliança
A pedido do presidente Lula, o PT tem negociado regionalmente alianças com os partidos que fazem parte da base de sustentação do governo no Congresso. Quando não for possível uma coligação, Dilma Rousseff deverá aparecer ao lado de mais de um candidato ao governo como forma de potencializar a campanha da petista.
2- Influência
O ministro do Trabalho se afastou da presidência nacional do PDT por causa do cargo no governo Lula, mantém forte influência nos rumos do partido. Ele chegou a ser cotado para ser vice de Ciro Gomes, numa eventual aliança entre PDT e PSB, mas descartou a possibilidade. Disse preferir apoiar a candidatura de Dilma Rousseff.
Leia mais sobre política no Distrito Federal no Blog da Ana Maria Campos