A Defesa Civil do Distrito Federal inaugurou na manhã desta terça-feira (20/10), o projeto ;Defesa Civil começa na escola;, com o objetivo de formar agentes mirins na prevenção de acidentes. Os primeiros a receberem as aulas são os alunos do sexto ano do Centro de Ensino Fundamental 312, em Samambaia.
De acordo com a gerente de Proteção Comunitária da Defesa Civil, Edna Gonçalves de Oliveira, a expectativa é que, em 2010, 25 escolas tenham o projeto implantado. Em parceria com a Secretaria de Educação, o programa deve capacitar 380 professores e atingir 5 mil alunos até o fim do próximo ano.
Um projeto parecido foi feito em 2005 e 2006, mas foi interrompido devido às mudanças de gestão e outros projetos da Defesa Civil. Na época, foram formados 1.612 agentes voluntários mirins, em escolas do Cruzeiro, Recanto das Emas e Candangolândia.
Por enquanto, só há possibilidade de ministrar aulas nas escolas públicas do DF. Mas a Defesa Civil pretende, em outro momento, chegar também às escolas particulares. ;Entendemos que essa medida é bem urgente. O risco a que as crianças estão expostas é muito grande na escola, no trajeto até a residência e nas próprias casas;, diz.
Para desenvolver os projetos, a Defesa Civil capacita os professores e leva dois instrutores até as escolas. As aulas são multidisciplinares, desenvolvidas com todos os professores. Edna diz que a ideia segue o modelo já implantado pelo Departamento de Trânsito (Detran), de ir até as escolas e apresentar o conteúdo de maneira didática. ;O objetivo é formar e preparar alunos em ações de defesa civil, preventivas e preparatórias na área. Eles serão agentes de Defesa Civil nas áreas escolares;.
Multiplicação
Os agentes mirins serão multiplicadores das ações e medidas preventivas na comunidade escolar e em casa. Eles receberão certificado e carteirinha de agente voluntário da Defesa Civil. Para Edna Oliveira, os estudantes têm papel primordial nas escolas. ;Eles ficam no Ensino Fundamental até o nono ano. São três anos em que atuarão como multiplicadores e evitarão acidentes na escola;, avalia.
As aulas serão dadas em 13 lições, com enfoque na redução de desastres e vulnerabilidade dos locais aos acidentes, planos de evacuação em casos de emergência, segurança para evitar acidentes domésticos, primeiros socorros, acidentes causados pelas chuvas e cuidados com a saúde na época de estiagem.
Além disso, serão trabalhados temas como o perigo de balões e bombinhas de festas juninas, soltar pipas com cerol e acidentes de trânsito que podem ser evitados. O projeto faz parte do programa ;Educar para prevenir;.
Áreas de risco
Com a chegada das chuvas, aumenta a preocupação em áreas com riscos de alagamento e desabamento. De acordo com o major Toni Monteiro Belinho, assessor da Gerência de Operações da Defesa Civil, no DF foram mapeadas 22 áreas de risco. No topo da lista, estão as comunidades de Vila Rabelo II, em Sobradinho II, comunidade Vale da Bênção, no Riacho Fundo I, Queima Lençol e Alto da Bela Vista, na Fercal, e um assentamento em frente à quadra 11 do Varjão.
O major destaca a preocupação com a comunidade Vale da Bênção, muito próxima ao córrego do Riacho Fundo. ;Temos registros de que constantemente, com as chuvas, o nível do córrego sobe. Ali moram mais de 100 crianças sujeitas a estarem brincando e serem levadas pela água. Nossa luta é fazer com que a área de risco seja eliminada;, diz.
Para Belinho, a área é praticamente irrecuperável devido à quantidade de pessoas que vivem no local e os riscos ambientais. ;É um aglomerado de barracos com estrutura precária. Fica difícil acreditar que seria possível organizar toda aquela comunidade em conjuntos, quadras, e condições de saneamento;, avalia.
Conscientização
Além dos problemas de localização de algumas residências no DF, há a dificuldade quanto à conscientização dos moradores. Na Vila Rabello II, por exemplo, o perigo de deslizamento e desabamento se agrava por causa das condições de armazenamento do lixo.
;O lixo tem contribuído para degradar o solo. A estrutura das casas não é boa. A maioria é de madeira, sem boa fixação. O posicionamento tem motivado a Defesa Civil a acreditar no alto risco do local;, preocupa-se o major Belinho.
A falta de saneamento básico e problemas de drenagem também trazem riscos à população. De acordo com Belinho, hoje haverá uma reunião com moradores do local e uma empresa especialista em infraestrutura, com o objetivo de reunir profissionais que levem à população conhecimentos de conscientização ambiental. ;Assim o homem deixa de ser um risco ao ambiente;, completa.