postado em 21/10/2009 18:15
O que fazer com as 50 mil toneladas de lixo produzidas por mês no Distrito Federal? Desse total, apenas 3% é destinado à reciclagem. O restante, despejado em lixões a céu aberto. Situação inaceitável para a Comissão de Direito Ambiental da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF), que realizou, na manhã desta quarta-feira (21/10) uma mesa redonta para tratar o assunto. Pelo que foi discutido no evento, Brasília vai completar 50 anos sem um aterro sanitário.O edital do aterro está aberto desde o dia 16 de outubro, mas as propostas só serão abertas no dia 25 de novembro. Até agora, 45 empresas já demostraram interesse na empreitada. Durante o evento, o secretário de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do DF, Cassio Taniguchi, informou que a empresa escolhida deve assinar contrato até o fim deste ano. A partir da assinatura, ela terá o prazo de um ano para concluir a obra. Ou seja, é previsão é que ele fique pronto só no final de 2010.
A diretora-geral do Serviço de Limpeza Urbana do DF (SLU), Fátima Có, explica que, após anos de discussão, essa é a primeira vez que um edital para a construção do aterro é lançado. "A gente entende que o DF está atrasado em relação a algumas cidades do Brasil, mas isso não significa que vamos demorar a resolver o problema", garante.
Em um aterro sanitário, o solo é impermeabilizado e não deixa o chorume infiltrar-se e atingir o lençol freático. O sistem é o mais usada hoje no país, mas chegará à capital federal com anos de atraso. A obra será construída perto da estação de tratamento de esgoto de Samambaia, área prevista para este fim no Plano Diretor do DF. A empresa vencedora da licitação poderá explorar o local por 15 anos.
Lixão da Estrutural
;O Distrito Federal não pode ter lixões a céu aberto, quando não faltam opções ecologicamente corretas para tratamento dos resíduos sólidos urbanos;, diz o presidente da Comissão de Direito Ambiental da OAB/DF e um dos idealizadores da mesa redonda, Aluísio Xavier de Albuquerque.
Segundo Fátima, apesar de não estar em condições adequadas, o aterro do Jóquei, conhecido como "lixão da Estrutural", não é propriamente um lixão a céu aberto, segundo a diretora-geral do SLU, Fátima Có. Uma empresa monitora os resíduos, queima o gás metano e o enterra em camadas.
Coleta seletiva
Paralela a abertura do novo aterro, o GDF pretende implementar a coleta seletiva de lixo na capital federal. "Queremos dar uma destinação sustentável e ecológica para o lixo de Brasília", diz Cassio Taniguchi. Hoje, a coleta seletiva atende a uma parcela muito pequena da população, segundo informações do SLU.
Nas quadras 100, 200, 300 e 400 das Asas Sul e Norte, moradores separam o resíduo orgânico do reciclável, e depositam em diferentes recipientes. O mesmo ocorre apenas na Península do Lago Norte, na QI 17 do Lago Sul e no Setor de Mansões Dom Bosco, conjuntos 1, 2 e 3. o material recolhido na coleta seletiva é encaminhado para uma usina de reciclagem, onde os catadores separam por tipo.
Responsabilidade de todos
Acabar com os "lixões" e obrigar os municípios a criarem programas para lidar com os Resíduos produzidos também é preocupação da Câmara dos Deputados. A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável relizou, na manhã desta quarta-feira (21/10), uma audiência pública sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Uma das propostas a serem analisadas pelos deputados obriga empresas a recolherem do mercado embalagens e produtos recicláveis ou reutilizáveis. É o chamado sistema da logística reversa. Por ele o setor empresarial passa a ser responsável pela coleta, reaproveitamento e/ou destinação final de produtos descartados pelos consumidores. Uma alternativa para o gerenciamento de cerca de 170 mil toneladas de lixo produzidas diariamente no país.