Cidades

Moradora do Varjão não consegue chegar a tempo ao hospital e parto é feito dentro do veículo

postado em 22/10/2009 08:25

Ana Luiza estava com pressa de vir ao mundo. Depois de esperar nove meses, a menina não segurou a curiosidade de conhecer o planeta. E nem quis saber da comodidade de um hospital, com direito a cama e ambiente quentinho. A pequenina nasceu por volta das 14h de ontem no Opala do pai(1), João Marcos da Silva Brito, 19 anos. Os bombeiros encontraram a mãe, Ana Cleide Ribeiro Borges, 18, no meio do caminho, quando o marido a levava para o hospital. Desesperado, ele acenou para os militares, que chegaram bem na hora de Ana Cleide dar à luz a menina. O parto foi realizado no banco de trás do carro.Ana Luiza, Ana Cleide e o trio de bombeiros que encontraram a mãe no momento em que ela dava à luz a criança

Moradora da Quadra 6 do Varjão, a dona de casa não esperava que a filha fosse nascer tão depressa. Mãe de segunda viagem, a jovem contou que a primeira filha nasceu dez horas depois da primeira contração. ;Pensei que seria do mesmo jeito desta vez;, disse. As contrações começaram no momento em que a jovem preparava o almoço. ;Sentia uma dor leve e depois uma dor mais forte. Ia deitar e depois levantava;, contou.

Depois de perceber que a bolsa d;água havia estourado, a moça pediu para que o companheiro ligasse para os bombeiros. A viatura da Asa Norte seria a mais próxima, mas havia se deslocado para outra ocorrência. Outra viatura, então, saiu do centro da cidade para o Varjão, conduzida pelo soldado Gudeberg Rodrigues, que dirigiu a 110 km/h para chegar a tempo de atender a parturiente. Com ele estavam também o cabo Erilton Gimenez e o soldado Heveraldo Herculano Szerwinsky. ;Quando a gente chegou, a Ana Cleide estava ofegante, deitada no banco de trás do veículo e em posição ginecológica. O bebê já estava coroando (colocando a cabeça para fora);, contou Erilton, que realizou o parto.

Passado o sufoco, pegar a filha nos braços foi um alívio para Ana Cleide. ;Foi uma alegria que nunca senti antes;, disse a moça ao Correio, que fotografou a primeira mamada no peito. Emocionada, a mãe não conteve as lágrimas e chorou ao olhar para criança. Faceira, Ana Luíza só queria saber de mamar, dormir e chorar. A bebê deu entrada no Hospital Regional da Asa Norte (HRAN) às 14h de ontem e deve receber alta hoje. Com 3,80kg e 52 centímetros, ela nasceu saudável, conforme afimrou a enfermeira Sônia Inácio dos Santos Rodrigues. ;Precisamos somente fazer os testes de sangue de rotina antes de dar alta;, ressaltou.

Nas palavras da médica Roseane Alencar, que acompanha a criança no hospital, ;o parto foi muito bem feito;. Mas esta também não é a primeira vez que o cabo Erilton faz as vezes de parteira. Em 14 anos de profissão, ele conta que já presenciou outros quatro casos desta natureza. Experiente, nem fica nervoso quando precisa entrar em ação, mas revela que a cada atendimento a emoção é diferente. ;A gente procura agir com calma e tomando cuidado com a higiene. É muito bom poder ajudar alguém dessa forma;, admitiu.

Do lado de fora da sala, João Marcos aguardava o momento para ver mãe e filha. Pai pela primeira vez, ele teve de pegar Ana Luiza nos braços para o cabo Erielton cortar o cordão umbilical. ;Segurei-a na hora do desespero, mas normalmente não tenho essa força toda não. Vou deixar essa parte de dar banho e carregar no colo para a mãe;, brincou o rapaz. Para ele, perder o medo será questão de tempo, a não ser que Ana Luiza invente outra estrepolia.

1 - 1 milhão
O projeto de fabricação do Opala demorou dois anos para ser concluído e foi apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo em 19 de novembro de 1968. O carro combina a carroceria alemã do Opel Rekord C com a mecânica norte-americana do Chevrolet Impala. O último exemplar foi produzido em 16 de abril de 1992 e representou o Opala de número 1 milhão.

Memória
Partos no caminho


5 de março de 2007
A desempregada Érica Maria Marques Corrêa, 28 anos, pegou uma lotação em Águas Claras e pretendia ir para Taguatinga. Começou a sentir contrações e a bolsa d;água estourou dentro da van. Érica entrou em trabalho de parto e o motorista e o cobrador pararam em um posto policial. Com a ajuda de dois policiais militares, a pequena Elizabeth nasceu no banco traseiro da van e, em seguida, foi levada para o Hospital Regional de Taguatinga (HRT).

27 de setembro de 2007
Elaine Luiz Henrique, 20 anos, deu à luz gêmeos com a ajuda dos bombeiros. Enquanto a viatura deslocava-se para a casa de Elaine, o parto, feito pela tia chamada Maria Abadia, foi auxiliado pelo sargento Paulo Torres, por telefone. O episódio ocorreu no Gama.

3 de outubro de 2007
A diarista Marlene da Silva Monteiro de Carvalho, 31, deu à luz a pequena Mariana. A parturiente dormia quando começou a sentir fortes dores. Grávida de oito meses, não esperava que a criança fosse nascer antes do tempo. Pediu ajuda a policiais militares, que resolveram levá-la ao Hospital Regional de Samambaia (HRSam). Sem tempo de chegar, Maria nasceu nos braços do tenente Costa e Silva, dentro da viatura, próximo à estação de metrô da cidade.

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