Mariana Flores
postado em 22/10/2009 08:43
O imbróglio entre a Cassi e os hospitais brasilienses ganhou mais um capítulo. Desde ontem, os hospitais Brasília e Dr. Juscelino Kubitschek, localizados no Lago Sul e no Sudoeste, respectivamente, pararam de atender os clientes da operadora de plano de saúde. A interrupção se deve à suspensão da liminar que obrigava os dois estabelecimentos a fazer o atendimento, segundo a diretora de Relacionamento com Clientes da Cassi, Denise Vianna. ;Tínhamos uma liminar (concedida em julho deste ano) que foi cassada pelo TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios). Estamos tentando negociar, mas eles têm o direito de cancelar;, afirma. A diretora acusa os hospitais da cidade de boicotarem o plano de saúde. ;Ou a gente atende e paga tudo o que eles querem ou descredenciam;, afirma.Por meio de nota, o grupo proprietário dos dois hospitais informou que está negociando, mas que, por enquanto, não é obrigado a aceitar os pacientes da Cassi. ;O atendimento aos associados do plano acontecia em cumprimento à medida liminar cassada em 20 de outubro, o que desobriga os Hospitais de manterem o atendimento até que o contrato seja restabelecido;, informou.
Conflito
A batalha começou no início deste ano. Oito hospitais do DF já se descredenciaram. Hoje, sete estabelecimentos (1)ainda aceitam os consumidores da operadora. Em todo o DF, são 84 mil clientes. O desligamento se deve a divergências sobre os reajustes das tabelas de diárias e taxas pagas pelo plano aos hospitais. A Cassi argumenta que os aumentos são elevados e os hospitais alegam dificuldades econômicas para manter o atendimento. As negociações continuam. Segundo Denise Vianna, os executivos do Hospital JK e do Hospital Brasília estão participando das rodadas de conversação.
Enquanto isso, os consumidores ficam desamparados. Ontem, a dona de casa Carmen Lúcia Cunha passou o dia tentando resolver onde seria feita a cirurgia de sua filha Aline, que sofre de hidrocefalia. A operação estava marcada para terça-feira próxima, no Hospital Brasília. Mas ela foi informada que deverá encontrar outro hospital. ;É uma cirurgia de alto risco, que talvez precise de UTI, de estrutura de hospital grande, perto de onde o neurocirugião dela trabalha;, reclama Carmem Lúcia.
Desde os primeiros meses de vida, Aline, hoje com 18 anos, se trata com o mesmo médico. O hospital em que ele trabalha, o Santa Lúcia, foi um dos primeiros a se descredenciar, ainda no primeiro semestre deste ano. O médico aceitou fazer a cirurgia no Hospital Brasília. Com mais essa reviravolta no conflito entre a Cassi e os hospitais, a família da jovem terá que encontrar outro estabelecimento. A saga da mãe, Carmem Lúcia, continua. Ela paga mais de R$ 1,1 mil à Cassi todos os meses para atendimento de toda a família e, no momento em que mais precisa, se torna refém de um conflito de interesses. ;Preciso achar logo um outro hospital, não podemos adiar a cirurgia da minha filha;, diz Carmem.
1 - Atendimento reduzido
Hospital Santa Luzia (716 Sul), Hospital do Coração (716 Sul), Hospital Alvorada (Taguatinga Sul), Hospital Santa Marta (Taguatinga Sul), Hospital Planalto (914 Sul), Hospital Urológico de Brasília (714/914 Sul) e PAI ; Pronto Atendimento Infantil (716 Sul).