Cidades

Operário despenca em buraco e sobrevive

Homem de 38 anos trabalhava na fundação de um prédio em Águas Claras quando caiu de uma altura equivalente a uma edificação de sete andares. Ele está internado no HBDF

postado em 24/10/2009 08:00

Segundo a empresa responsável pela obra, que está no início, operário usava equipamentos de segurançaUm operário de 38 anos sobreviveu após despencar de uma altura de aproximadamente 20 metros, o equivalente a um prédio de sete andares, na Rua 24 Norte da Avenida Araucárias, em Águas Claras. O acidente ocorreu por volta das 15h de ontem, no momento em que Everaldo Aparecido da Silva descia de um equipamento utilizado para cravar estacas na fundação do empreendimento. De acordo com o engenheiro responsável pela obra, Davi de Sá Pontes, Everaldo é funcionário de uma empresa terceirizada e presta serviços à construtora Terradrina. ;Ele usava capacete e todos os equipamentos de proteção, mas na hora da descida, destravou o cinto para fazer alguma manobra, se desequilibrou e caiu;, disse o engenheiro.

Everaldo foi levado pelos bombeiros de helicóptero ao Hospital de Base de Brasília (HBDF), com fratura na perna esquerda e dores na coluna. Até as 19h de ontem, o operário ainda fazia exames de raios X e tomografia. O quadro dele é considerado estável pelos médicos. Segundo Davi, a construtora vai prestar todo o auxílio necessário para a recuperação do funcionário. A área onde a vítima se acidentou tem previsão de virar um prédio residencial, que deve ficar pronto em 2011. Na Rua 24, os operários de obras vizinhas estavam assustados com o acidente. No entanto, ninguém quis dar entrevistas.

Canteiro de obras
Os acidentes em obras têm se tornado frequentes, principalmente em Águas Claras, cidade considerada o maior canteiro de obras do país. Mesmo com a fiscalização, algumas empresas deixam de fornecer equipamento obrigatório de segurança aos trabalhadores. Capacete, luvas, botas e aparelho auricular em construções onde o barulho for constante são indispensáveis para a segurança e a saúde daqueles que, todos os dias, fazem a mesma atividade. Somente nos cinco primeiros meses deste ano, 493 casos de acidentes de trabalho foram registrados no Distrito Federal. O número corresponde a 36% do total de registros de 2008. Os dados são do Centro de Referência de Saúde do Trabalhador, da Secretaria de Saúde.

Em 2007, 39 acidentes em obras foram registrados em diversas regiões administrativas, que resultaram em 17 mortes. Nesse mesmo ano, um servente de pedreiro de 39 anos também caiu do sétimo andar de um prédio em Águas Claras. Railon Rufino sobreviveu porque despencou dentro de uma piscina com água de um condomínio ao lado da obra onde ele trabalhava. A queda ocorreu quando o servente fazia o acabamento de pastilhas na lateral da construção. Com o vento, Railon escorregou e caiu. O operário foi levado pelos bombeiros ao hospital, mas não precisou ser internado e foi liberado depois de ficar algumas horas sob observação dos médicos.

Memória

22 de setembro de 2009
Um engenheiro civil morreu soterrado pela obra a qual era responsável, em Águas Claras. O acidente ocorreu na Rua das Filgueiras. Pedro Lima de Menezes, 54 anos, supervisionava a concretagem da laje do prédio quando a estrutura desabou. Na hora do acidente, 20 operários trabalhavam no local e cinco deles ficaram feridos. Eles foram levados ao Hospital de Base com ferimentos pelo corpo.

3 de fevereiro de 2009
Em Ceilândia, Marcelo Pereira de Brito, 28 anos, estava soldando a cobertura de uma quadra de esportes quando tomou um choque e caiu. Ele morreu instantes depois. No mesmo dia, Ricardo Xavier de Oliveira, 22 anos, não resistiu aos ferimentos causados por uma máquina de misturar cimento. O acidente ocorreu no Setor de Indústria e Abastecimento.

24 de junho de 2009
As obras no Palácio do Planalto, na Esplanada dos Ministérios, tiveram de ser interrompidas devido a um acidente com um operário da construtora Porto Belo, responsável pela reforma do prédio de quatro andares onde está localizado o gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A parede do segundo pavimento do prédio, um andar abaixo da sala de Lula, desabou sobre o funcionário. Ele recebeu os primeiros socorros dos colegas, enquanto o Corpo de Bombeiros não chegava. Nivaldo Rosa da Silva, 50 anos, foi levado para o Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) consciente e na maca do Corpo de Bombeiros. O operário teve um corte na cabeça e uma fratura exposta na perna direita.

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