A passagem dos anos foi generosa para Samambaia. A cidade cresceu, tomou corpo e chamou a atenção de investidores. Amanhã, completa 20 anos. Quase nada em termos de idade de centros urbanos. Mas muita coisa para quem teve e tem a oportunidade de parte da história da localidade, que hoje conta com aproximadamente 250 mil habitantes. Gente de toda sorte e posição social. A Administração Regional organizou uma série de eventos para comemorar o aniversário de Samambaia (confira quadro), de shows ao tradicional corte de bolo (neste ano, claro, com 20m de comprimento).
As festas celebram o bom momento da cidade, que no mapa aparece quase como um retângulo que se estende até os limites do Distrito Federal. A região que antigamente era ocupada apenas com casas e comércios de um a três pavimentos tem se transformado nos últimos anos. Vários prédios passaram a integrar sua paisagem, especialmente ao longo da linha do metrô. Hoje, o centro urbano conta com 34 blocos com mais de cinco pavimentos. A maioria ultrapassa 15 andares. E isso não é tudo. Existem ainda 18 projetos de edifícios em análise na Administração Regional. 
As unidades habitacionais sacodem o comércio. Novas lojas, supermercados, restaurantes e outros negócios mostram-se necessários. Assim como áreas de lazer onde os moradores possam se descontrair, fazer exercícios e namorar. Lugares como a Vila Olímpica Rei Pelé, inaugurada no último dia 16, e que já conta com 4 mil alunos da rede pública inscritos em 15 modalidades de esporte nos períodos matutino, vespertino e noturno.
Nas quadras poliesportivas das entrequadras, a menina também joga bola nos fins de tarde. Para os mais exigentes, dois campos de futebol de grama sintética foram inaugurados neste ano e outros dois estão praticamente prontos, apenas no aguardo da definição das datas de lançamento para serem entregues à comunidade. A cidade conta ainda com 18km de ciclovias, que adquiriram características singulares nas mãos da população. Por ali, não passam apenas bicicletas, mas também pedestres, maratonistas, skatistas e patinadores.
Quatro feiras distribuídas por Samambaia funcionam de terça-feira a domingo e oferecem aos moradores os mais variados produtos. A área de desenvolvimento econômico também funciona a todo vapor. Dos 495 lotes da região, 200 já foram licitados e 140 estão edificados. Prontos para receber mais uma leva de moradores de braços abertos. ;Samambaia merece o que temos para oferecer de melhor. Por isso, pretendemos fazer uma festa do tamanho da cidade que agrade a todos que moram aqui;, afirmou o administrador regional, Takane Kiyotsuka do Nascimento.
Lembranças
A escritora e poetisa Adélia Neri, 37 anos, aguarda o aniversário de Samambaia com ansiedade. Ela nutre carinho especial pela cidade onde mora e que a inspirou ao longo dos anos. ;Não penso em me mudar daqui nunca;, contou. Adélia chegou a Samambaia poucos meses antes de a cidade adquirir o status de região administrativa em 1989. Tinha 15 anos. Já o centro urbano não tinha nada além de poeira, tijolos e cimento. ; Tem algo de mágico em assistir à construção de uma cidade;, ressaltou.
Mas os tempos não eram fáceis. Adélia estudava em uma escola de Taguatinga Sul e dependia de um único ônibus que fazia o transporte de uma cidade a outra. ;Se perdesse a condução, não tinha jeito. Cansei de voltar a pé para casa.; Como a cidade também não tinha muita estrutura, tudo se concentrava na chácara Três Meninas, que depois virou parque. Era lá que os moradores resolviam os problemas e onde funcionava a administração. Os recursos eram poucos.
Apesar das dificuldades, Adélia usou a realidade que a cercava como inspiração e escreveu o livro de poesias Faces do amor. E ganhou o prêmio literário Uerêr por ele. Justamente por um poema em que descrevia seus sentimentos pela cidade que adotou. A última estrofe resume o orgulho da escritora: Falar de Samambaia/ É falar de uma sofrida trajetória/ De um povo que não conhece glória/ Esta cidade é presente/ Presente de vitória. Adélia promete recitar os versos durante a festa para Samambaia.
Quem chegou à cidade tanto tempo atrás vê o crescimento do centro urbano com olhos bondosos, como a líder comunitária Maria Selete de Faria, 62. ;Quando cheguei aqui de Monte Alto, em Goiás, só tinha mato. O lugar se chamava Boca da Mata. Todos nós morávamos no meio do cerrado. Naquela época, cada um capinava seu lote e levantava sua casa, sem controle;, lembrou. ;Agora é uma cidade maior do que muita que tem por aí.;
Memória
Retirada de favelas no DF
Em meados dos anos 1980, dezenas de favelas estavam instaladas no Plano Piloto e em outras regiões do Distrito Federal. O governo local criou então um projeto de erradicação de invasões, semelhante ao que antes havia culminado na fundação de Ceilândia. Centenas de famílias acabaram removidas das invasões da Boca da Mata, do Ceub e da Asa Branca e alocadas em uma área de cerrado ao lado de Taguatinga, a partir de 1985. No início, não havia asfalto ou rede de água e coleta de esgoto. Com a instituição das regiões administrativas, Samambaia surgiu oficialmente em 1989. O nome foi dado em homenagem a uma nascente próxima das quadras 127 e 327, na parte oeste da cidade. Antes, Samambaia fazia parte do Núcleo Rural de Taguatinga. As pessoas que para lá eram removidas recebiam lotes gratuitamente, numa política habitacional muitas vezes criticada por estimular o crescimento desordenado da capital do país.
250 mil
é
População atual de Samambaia
Atrações: Rodeio, apresentação de Markos e Marcelo seguida de show de Gian e Giovani e queima de fogos de artifício.
Local: Área de shows no estacionamento da feira na QR 202
Horário: Das 19h às 2h
AMANHÃ
Atração: Corte do bolo com escola de circo
Local: Vila Olímpica Rei Pelé
Horário: Das 9h às 11h
Atrações: Rodeio, queima de fogos e shows com a banda Luz do Samba, com Marcelo Paiva e Santiago e com Pedro Paulo & Matheus
Local: Área de shows no estacionamento da feira
na QR 202
Horário: Das 19h à 0h