Cidades

Rapper Ja Rule não foi à festa preparada para ele

postado em 24/10/2009 07:45
<I>Alan Jhone (à frente) e outros jovens na Praça do Cidadão: frustração</I>O rapper norte-americano Ja Rule deixou frustrados centenas de jovens que o aguardavam ontem à tarde, na Praça do Cidadão, em Ceilândia Norte. Coordenada pelo projeto Jovens de Expressão, com sede há dois anos no local, a recepção ao ídolo de 33 anos envolveu 400 pessoas. Foi montada uma estrutura de som para acompanhar os passos de dança de rua e o gingado da capoeira, e o grafite nas paredes da associação ainda brilhava de tão novo. ;Queríamos mostrar alguns trabalhos dos jovens da Ceilândia;, contou Alan Jhone, 28, do grupo DF Zulu. ;Ele participa de alguns trabalhos sociais na cidade dele e o nosso intuito era fazer um intercâmbio.;

O horário estava marcado para as 15h e o combinado é que o rapper ficaria ali durante uma hora. Quase três horas depois, ficaram sabendo que Ja Rule não iria. ;Estava tudo certo para ele vir, mas ele não veio;, decepcionou-se Alan. ;Ouvi um comentário de que as malas dele tinham sido extraviadas.; Os produtores locais do cantor ; que deveriam esclarecer o assunto ; não atenderam as ligações e deixaram seus telefones celulares na caixa postal.

Ja Rule perdeu a oportunidade de estar em uma praça rodeada de manifestações artísticas e onde a presença ostensiva de um posto da Polícia Militar lembra a necessidade constante de conter os ânimos, principalmente entre os moradores das quadras 20 e 22. ;A vinda dele aqui influenciaria mais na vida dele, mostraria mais coisas positivas pra ele;, observou Alan.

Alguns adolescentes, vestidos com a camiseta da ONG, concordaram: ;Seria uma oportunidade para ele conhecer o hip hop de verdade, conhecer pessoas que fazem o hip hop por amor e não para ganhar dinheiro;, rebateu Rick Lennon, 17. ;Ceilândia é onde nasceu a cultura hip hop no Distrito Federal e ele não veio prestigiar;, lembrou Júlio Pereira, 17.

Tráfico
O grande astro perdeu a chance de se aproximar da comunidade. Uma comunidade que não pôde pagar os R$ 60 para assistir ao show de ontem, no Ginásio Nilson Nelson. Gente que sonha, quem sabe, em ter a mesma sorte de Ja Rule na vida. Nascido em Nova York, o rapper trocou a escola pelo tráfico de drogas aos 15 anos. Sete anos depois, estava contratado por uma gravadora e começava a deslanchar na carreira musical. Hoje, ele tem oito CDs lançados, participou de 10 filmes, ganhou três prêmios Grammy e soma 25 milhões de discos vendidos.

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