Cidades

Recuperar o vigor está 6,28% mais caro

Remédios, consultas médicas e odontológicas tiveram reajustes superiores à inflação acumulada nos últimos 12 meses, que foi de 5,2%

Mariana Flores
postado em 24/10/2009 17:40

José de Souza, com um gasto mensal de R$ 300, não faz pesquisa de preçoOs custos para manutenção da saúde do brasiliense ultrapassaram a inflação no último ano. Os serviços de saúde no Distrito Federal estão, em média, 6,28% mais caros que em outubro do ano passado, segundo levantamento feito pelo Correio com dados do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S)(1), da Fundação Getulio Vargas (FGV). A inflação do Distrito Federal está acumulada em 5,2% no período. Os medicamentos subiram 6,67%. Somente os planos de saúde estão 6,2% mais caros. E quem não tem um plano e tem que pagar do próprio bolso arcou com reajustes ainda mais pesados. As diárias hospitalares subiram 6,97%, e as consultas médicas, 6,31%. Tratar os dentes também ficou mais difícil. Os consultórios odontológicos estão cobrando 6,68% mais do que em outubro de 2008.

[SAIBAMAIS]A FGV pesquisou os valores de 13 medicamentos, dos quais nove tiveram aumentos superiores à inflação nos últimos 12 meses (veja quadro). O percentual acima do reajuste máximo liberado pelo governo federal(2) para 2009, de 5,9%, se justifica levando em conta que alguns destes produtos poderiam estar em promoção em outubro do ano passado, segundo o presidente do Sindicato das Farmácias do DF, Fábio de Faria. Mas, de acordo com ele, as farmácias não ultrapassam os valores máximos definidos pelo governo. ;Cada drogaria vende pelo preço que quiser, dá o desconto que quiser, só não pode passar do valor máximo. A concorrência é grande e o consumidor deve se valer disso;, afirma.

Orlando Veríssimo gasta, por mês, R$ 180. Mas essa conta passará a R$ 400Mesmo com a disputa entre as redes, o servidor aposentado José de Souza, 67 anos, não vê muita vantagem na pesquisa. ;Você pode conseguir um remédio por um preço mais barato em uma farmácia, mas o outro é mais caro nesta mesma farmácia. Aí, quando compra todos acaba ficando tudo igual. Eles dão descontos em um ou outro apenas para atrair o cliente, mas no fim fica tudo o mesmo preço em qualquer farmácia;, afirma o morador da Asa Sul. Por mês, gasta cerca de R$ 300 com os medicamentos necessários para ele e a mulher.

O servidor Orlando Veríssimo, 45 anos, morador da Asa Norte, até tenta pesquisar, mas não adianta e reclama: ;Fica caro de qualquer jeito;. Apenas para tratar da sua hipertensão e da gastrite, ele gasta, mensalmente, R$ 180. Até o ano passado, pelas suas contas, o valor era bem menor. Além disso, a partir deste mês, entrou em sua cesta de compras um medicamento para tratar os primeiros sintomas de alzheimer que surgiram em sua mãe. Todos os meses, Veríssimo terá que pagar R$ 400 pela caixa com 28 comprimidos. ;Tudo é muito caro, remédio, consulta. Sorte que posso usar o plano de saúde da minha esposa, senão, ficaria sem;, reclama o funcionário de um hospital público.

Planos
Os planos de saúde que operam na capital federal encareceram, em média, 6,20% no último ano, segundo a FGV. O reajuste máximo permitido para 2009 era de 6,72%, percentual definido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Mesmo assim, o número de beneficiários cresceu em 12 meses, segundo os números da ANS. Foram contabilizadas 727,5 mil pessoas com plano de saúde ; o equivalente a 29% da população ;, 12,4 mil a mais do que em 2008. O salto dado pelos planos exclusivamente odontológicos foi ainda mais considerável. Hoje, são 430,2 mil contra 281,6 mil clientes em 2008.

E quem não tem um plano teve que arcar com consultas ainda mais caras. Como os valores cobrados pelos médicos e dentistas não são controlados pelo governo, os reajustes superaram a inflação. A consulta médica aumentou 6,31% e a odontológica, 6,68%. Outros profissionais da área de saúde estão cobrando 5,84% mais. Uma exceção foram os laboratórios de exames, que tiveram reajuste inferior, de 2,79%.

Remédios, consultas médicas e odontológicas tiveram reajustes superiores à inflação acumulada nos últimos 12 meses, que foi de 5,2%


Inflação
O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) é calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e mede a variação de preços em Brasília e em seis regiões metropolitanas. São pesquisados semanalmente os valores de 450 produtos e serviços, agrupados em sete classes de despesas. Os pesos atribuídos a estes itens espelham as despesas das famílias com renda mensal de até 33 salários mínimos, ou seja, R$ 15,3 mil.

Aumento controlado
Anualmente, o governo, por meio da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed) determina os reajustes e os preços máximos que podem ser cobrados no mercado brasileiro. Cerca de 20 mil apresentações terapêuticas vendidas no Brasil estão sujeitas à correção de preços, excluídos os medicamentos fitoterápicos e os homeopáticos.

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