Mariana Flores
postado em 25/10/2009 09:33
O setor de franquias(1) passou incólume pela crise econômica que atingiu o mundo e o país nos últimos 14 meses, está se expandindo e deverá fechar 2009 com um crescimento maior do que o verificado nos últimos anos. A previsão da Associação Brasileira de Franchising (ABF) é que, de janeiro a setembro, o faturamento tenha chegado a 24,6%, contra um aumento de 19,5% registrado em 2008, quando o setor faturou R$ 55 bilhões. Em número de unidades franqueadas, a previsão é de que o aumento chegue a até 30%. No Distrito Federal, o ritmo de expansão é contínuo. No ano passado, a cidade abrigava 3% das 71,9 mil lojas franqueadas no país. Mas dezenas de negócios surgiram desde setembro de 2008, quando começou a crise global.
Brasília desponta como a quarta cidade mais promissora para se instalar uma franquia, segundo a Consultoria Rizzo Franchise. A capital federal fica atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. E, mesmo assim, detém o quarto lugar por ter uma população menor, segundo o consultor Marcus Rizzo. %u201CBrasília é, hoje, a cidade com maior índice de consumo pela renda da população local e só não aparece antes no ranking por termos quantitativos. Mas a cidade tem a melhor qualidade de consumo do país.%u201D
Das 100 lojas que deverão ser abertas neste ano pelo Boticário, maior rede franqueadora do país, três estão no DF. Em setembro do ano passado, eram 49 lojas, agora são 52 na cidade. %u201CA crise não provocou no Boticário o mesmo impacto sentido por outros segmentos. Para se ter uma ideia, no primeiro semestre deste ano, quando a economia global estava no meio do furacão, nosso setor registrou um bom desempenho, com crescimento em torno de 18%%u201D, afirma o presidente do Boticário, Artur Grynbaum.
Segundo maior grupo franqueador do país, de acordo com a ABF, o Kumon, especializado em treinamento e educação, abriu 16 unidades na filial do DF, que inclui ainda Goiás, Tocantins e regiões da Bahia e Minas Gerais. Ao todo, são 74, atualmente, com 6 mil alunos. Outras seis unidades serão abertas exclusivamente no DF nos próximos meses. O Multi, que reúne quatro marcas de escolas de idiomas %u2014 Wizard, Skill, Alps e People %u2014, abriu 10 escolas no Plano Piloto e nas cidades do DF apenas em 2009.
Entre as franquias de alimentação, os números foram ainda mais expressivos. De janeiro a outubro, o SubWay inaugurou 12 lojas na cidade, somando 35 instaladas no DF. Em 2008 inteiro, foram 11 lanchonetes. O Spoleto abriu quatro restaurantes desde setembro do ano passado. Hoje, a marca tem 17 unidades.
%u201CA procura de franqueados foi muito grande em 2009. As pessoas correram dos investimentos na bolsa. A crise foi boa para o setor e Brasília é o nosso terceiro mercado mais importante%u201D, afirma a diretora de marketing do grupo, Jacqueline Lopes. O Fran%u2019s Café ampliou de duas para três unidades este ano. O grupo Bonaparte, de três para quatro.
Das nove franquias abertas pelo McDonald%u2019s, neste ano, duas foram na cidade. A rede encerra 2009 com 10 unidades no DF e 140 em todo o país. Maior franqueadora nascida em Brasília, o Giraffas tem 76 pontos de venda aqui e 301 no Brasil. No ano passado, os números eram menores: 72 locais e 260 no restante do país. Menos expressiva, a rede Patroni Pizza desembarcou este ano na cidade e instalou seus dois primeiros pontos de venda.
Quem também estreia em Brasília é a Los Dos, especializada em moda masculina. Além da Petit, moda infantil. A marca está sendo trazida pela brasiliense Ellen Rocha, 33 anos, que ilustra bem o perfil dos empresários que surgem em meio aos momentos de crise. Desiludida com a bolsa de valores, ela decidiu investir o dinheiro de outra forma. Esta semana, ela inaugura a loja e já planeja abrir uma segunda unidade. %u201CQuando conseguimos (ela e o marido) recuperar o dinheiro, decidi que era hora de fazer girar esse capital. Pensei em abrir uma multimarcas, mas preferi a franquia por ter toda uma estrutura por trás.%u201D
1- Clones de negócios prontos
Franquia é uma espécie de cópia de negócios que estão montados. Cada um desses clones leva o nome de franquia, que é implantado e gerido por um terceiro, o franqueado. A unidade é autorizada pela franqueadora a usar a marca desde que mantenha os padrões por ela desenvolvidos.
O número
R$ 60 bilhões
Previsão de faturamento das empresas franqueadoras do Brasil neste ano
2,1 mil
Total de lojas e negócios franqueados instalados no DF, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF)
Bom negócio
Melhores oportunidades no Distrito Federal
# Hotelaria e turismo
# Educação
# Construção e mobiliário
# Saúde e beleza
# Automotivo
# Alimentação
# Vestuário e acessórios
# Infantil
# Livrarias
Fonte: Livro 100 melhores mercados para franquias, da Consultoria Rizzo Franchise.
Setor imune à crise global
O setor de franchising passou ileso pela turbulência econômica, de acordo com especialistas e empresários do setor, por ter sido visto como uma opção de negócios para brasileiros que perderam dinheiro em seus investimentos financeiros ou por profissionais que ficaram desempregados. %u201C2009 foi bom para o segmento. Muitos candidatos a franqueadores surgiram nesse período. São executivos que saíram de multinacionais e gente que estava investindo na bolsa. O número de franquias deve aumentar entre 25% e 30% neste ano%u201D, afirma Cláudia Bittencourt, da Bittencourt Consultoria, especializada no setor. %u201CA incerteza com o trabalho fez acender a franquia como alternativa%u201D, completa Marcus Rizzo, da consultoria Rizzo Franchise.
Os empresários confirmam o interesse. %u201CEstamos tendo muita procura por gente que saiu da empresa em que trabalhava e quer algo sólido, que não exija que comecem do zero, já venha com a marca consolidada%u201D, afirma Eliana Bessa, diretora comercial do grupo Multi, que possui mais de 2 mil franquias no país e registrou um incremento de 340 franquias apenas em 2009.
Já o grupo Bonaparte, que possui 68 restaurantes de cinco marcas diferentes, abriu 21 apenas neste ano. %u201CEste foi o melhor ano da história do grupo, além de ter migrado dos investimentos financeiros para o capital produtivo, ganhamos os clientes executivos que passaram a gastar menos na hora do almoço%u201D, afirma o diretor-presidente do Bonaparte, Leonardo Lamartini. Os interessados em abrir o negócio devem escolher com cautela o ramo em que vão atuar, orientam os especialistas. Segundo Cláudia Bittencourt, é preciso analisar o próprio perfil antes de escolher e ver em qual faixa de investimentos pode apostar. Os valores vão de R$ 50 mil a mais de R$ 1 milhão. O retorno varia de 18 a 40 meses.