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A partir de amanhã, ParkShopping passa a cobrar pelo uso de vagas para veículos

postado em 27/10/2009 08:41

Há uma semana, modelos informam aos consumidores que, a partir de amanhã, terão que pagar, no mínimo, R$ 5 pelo uso de uma vaga durante quatro horasO único shopping da cidade que não cobrava pelo estacionamento passará a fazê-lo a partir de amanhã. Parar o carro no ParkShopping, um dos maiores centros comerciais da capital federal, custará R$ 5 por até quatro horas e R$ 1 a cada hora adicional. Serão 3.628 vagas pagas, incluindo as 2 mil criadas com a construção do deck parking, um prédio de três andares orçado em R$ 37 milhões. O shopping garante que 600 vagas na frente do estabelecimento continuarão livres da cobrança, por estarem em área pública. A novidade irritou e decepcionou clientes.

Em média, 14 mil carros estacionam no ParkShopping diariamente. Se cada proprietário pagar o mínimo cobrado, entrarão R$ 70 mil por dia no caixa da Multiplan, empresa que administra o shopping e que também cuidará do estacionamento. Sendo assim, o investimento do deck parking poderá ser coberto em menos de dois anos. Os cálculos brutos, sem levar em conta os gastos operacionais, apontam um ganho de pelo menos R$ 25,5 milhões por ano. O novo estacionamento criará 83 empregos, incluindo 10 seguranças. Um carro e seis motos farão ronda constante.

[SAIBAMAIS]O aviso da cobrança começou há uma semana, quando as catracas eletrônicas foram instaladas. Até hoje, o sistema funcionará em caráter experimental. Os motoristas terão de retirar o bilhete na entrada e liberar a saída em um dos 16 guichês de pagamento espalhados pelo centro comercial. A fase de adaptação deixou o trânsito lento na entrada do estacionamento. Ontem à tarde, cones e grades impediam o acesso às vagas públicas. O shopping contratou modelos para distribuir os panfletos com as informações da mudança. São elas ; assim como as funcionárias dos guichês ; que têm ouvido as reclamações constantes.

O estacionamento pago entrará em vigor um dia após a inauguração de mais uma expansão do shopping (veja matéria ao lado). A administração do centro comercial sustenta que a cobrança será necessária para atender a nova demanda. Na avaliação do superintendente do shopping, Marcelo Martins, as reclamações e o que ele chama de ;desconforto inicial; são previsíveis. ;Cobrar estacionamento em shopping é uma prática de mercado, não estamos inventando nada. Sem contar que os custos de operação estão cada vez mais elevados;, comentou.Apenas 600 vagas serão grátis. As 3.260 restantes vão ser cobradas

Este ano, em Brasília, os preços de alguns estacionamentos privados chegaram a subir 42%. Os valores assustam os motoristas, mas são bem menores se comparados ao que é cobrado, por exemplo, em São Paulo, onde parar o carro por quatro horas em um shopping pode sair por R$ 38. Os empresários alegam que, na hora de definir a tabela de preços, precisam considerar os investimentos feitos em tecnologia e automação, a manutenção de equipamentos, os custos e tributos com impostos, além dos gastos com a folha salarial.(1)

O mercado é livre na capital federal. O governo ou os órgãos de defesa do consumidor nãopodem intervir nos preços cobrados. Os administradores de shopping contam que o número de veículos nas garagens cai nos primeiros dias após reajustes, mas volta a subir em pouco tempo. ;Nós somos muito conformados. Aceitamos o que nos impõem;, disse, em tom de autocrítica, o vendedor Vinicius Rodrigues Galvão, 30 anos. ;Essas 600 vagas públicas não vão dar para nada. Vamos ser obrigados a pagar;, completou.

De acordo com a administração do shopping, a cobrança também se justifica pela segurança e pela comodidade oferecidas aos clientes. ;Mas eles não têm obrigação de oferecer isso? Para mim, quem convida dá o banquete;, questionou o servidor público Ruy Pessoa, 57. ;Isso é um roubo. Eu mesmo não volto mais aqui;, afirmou o técnico em agropecuária Lúcio Flávio da Silva, 39. ;Mesmo pagando, continuaremos a procurar vaga, a estacionar longe;, avaliou a professora Vanessa Coelho, 34. Do deck parking, onde estão as vagas cobertas, até a entrada do shopping, são cerca de 200m.

Camila Virginio, 21, trabalha no ParkShopping e não esconde a decepção com a cobrança do estacionamento. ;É um absurdo, o estacionamento gratuito era o diferencial do shopping. Agora, eu não vou poder mais vir trabalhar de carro;, disse a moradora do Guará. Se tiver que pagar para estacionar, Camila gastará quase R$ 150 por mês. Uma área de brita com espaço para 700 carros ficará reservada para funcionários. Além disso, cada loja terá direito a um cartão para estacionar na área paga.

1 - Aumento
Há três semanas, os empregados em estacionamentos e garagens públicas e privadas conquistaram 7% de aumento. O piso salarial passou de R$ 522 para R$ 558,54. ;Não é bom, queríamos 12%, mas foi isso o que conseguimos;, disse o presidente da categoria, Raimundo Domingos.

Estudantes aprovam medida
; O casal de namorados Adriely Coelho, 23 anos, e Kléber Gentilini, 25, era exceção no estacionamento do ParkShopping ontem à tarde. Diferentemente da maioria que reclamava da cobrança, os estudantes consideram justo o shopping passar a cobrar pelo uso das vagas em uma área que pertence ao centro comercial. ;O valor está até mais barato que em outros shoppings;, observou ele. ;Se não aumentarem o preço e oferecerem segurança mesmo, acho tranquilo, não vejo problema;, completou ela.

Nova etapa com 78 lojas
O ParkShopping inaugura hoje à noite a segunda etapa de mais uma ala. Essa é a oitava expansão do centro comercial, que levou um ano e cinco meses para ser concluída. O shopping ganhará 78 lojas e, assim, passará a ter cerca de 300 estabelecimentos. O investimento chega a R$ 130 milhões, somando as obras da primeira etapa dessa expansão (inaugurada em outubro do ano passado). A administração espera um aumento de 30% nas vendas e no tráfego.

As novas lojas são dos segmentos de serviços, eletroeletrônicos, turismo, decoração, gastronomia, música, beleza e vestuário. Pelo mentos 35 delas são inéditas em Brasília. ;O mercado brasiliense pedia essa expansão. O ParkShopping aposta no desenvolvimento da cidade. Com certeza, essa inauguração tem uma representatividade enorme no cenário varejista da capital;, comenta o superintendente do centro comercial, Marcelo Martins.

O projeto arquitetônico da nova ala, assinado por Antonio Paulo Cordeiro, inclui duas praças cercadas com árvores e com paisagismo do norte-americano Jeremy Chancey. Com a expansão, o shopping ganhará 9,7 mil metros quadrados e passará a ter uma área bruta comercial (ABC) de 60 mil metros quadrados. A festa de inauguração será apenas para convidados. O ParkShopping nasceu em 1983. A maioria de seus frequentadores é do público das classes A e B.

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