postado em 27/10/2009 12:41
Uma manifestação de grevistas quase terminou em tumulto no fim da manhã desta terça-feira (27/10). Cerca de 50 trabalhadores do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), segundo contagem da Polícia Militar, que prostestavam em frente ao prédio sede do Ministério da Fazenda, na Esplanada dos Ministérios, ficaram na iminência de serem levados à delegacia, por abusar do uso de cornetas e de demais instrumentos sonoros.[SAIBAMAIS]
Líderes do movimento também foram ameaçados de serem presos por falar ao microfone no carro de som. A polícia disse que houve perturbação da paz , e que os manifestantes que insistissem no barulho teriam de assinar um termo circunstanciado (ocorrência de menor vulto) em uma delegacia.
"A lei (de Contravenções Penais) é clara nesse ponto e proíbe o abuso de instrumentos sonoros", informou o capitão Márcio Gomes, supervisor do Comando de Policiamento Regional Metropolitano (CPRM), responsável pelo patrulhamento da área central de Brasília.
Segundo ele, a polícia foi chamada para conter a situação. E rebateu às críticas de que não era de costume intervenções desse tipo em outras manifestações que ocorreram na Esplanada dos Ministérios. "Todas as vezes que a polícia é acionada para uma ação, a gente se faz presente. Não importa quem tenha nos solicitado, se (foi) do Ministério, se foi algum transeunte", disse. E disparou: %u201CNão estamos aqui para impedir ou restringir o direito de ninguém".
Manifestantes
Ao serem informados de que seriam presos, os grevistas decidiram interromper a manifestação, que durou cerca de 30 minutos. "Aqui, nós já incomodamos bastante. Nosso foco, agora, tem de ser o Serpro. Sugiro aos companheiros que encerremos a manifestação aqui, até pela educação do capitão (da PM, Márcio Gomes)", disse ao microfone o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Processamento de Dados (SindPD-DF), Djalma Araújo Ferreira. Ele ainda lembrou que a luta da categoria deveria ser com a direção do Serpro, e não com a polícia.
A cearense Telma de Castro Dantas, coordenadora de campanha do movimento nacional grevista, tentou persuadir os manifestantes a ficarem no local. "É lamentável que, num estado democrático, tenhamos que aguentar isso", disse, com voz embargada. Ela também reiterou que o movimento era pacífico e que não havia necessidade de os policiais intervirem. "Somos cidadãos civilizados. Ninguém vai calar a nossa voz".
Greve
Cerca de 500 trabalhadores do Serpro em Brasília estão em greve, segundo números do SindPD-DF. No Brasil, estima-se que tenham cruzado os braços 7,7 mil trabalhadores, que equivale a 70% dos 11 mil servidores da entidade. A greve dos trabalhadores, em Brasília, já dura seis dias. E ganha força em outros estados. Segundo informações do sindicato regional, entraram em greve nesta terça-feira os trabalhadores do Rio de Janeiro e de São Paulo.
Proposta
Os trabalhadores do Serpro reivindicavam reajuste de 8,53% nos salários e pagamento de abono no valor de R$ 3 mil, além de aumento de 11,29% no tíquete alimentação para trabalhadores que optarem pela refeição fora de casa. A contraproposta dos patrões, que foi recusada pelos grevistas, foi de reajuste de 5,53% retroativo a maio para este ano e de 5,50% para 2010.
Ainda hoje, eles devem se reunir, às 15h, com os patrões para uma rodada de negociações. Às 17h, os trabalhadores se reúnem em frente ao prédio matriz do Serpro, que fica no Setor de Grandes Áreas Norte (SGAN). Caso recusem a contraproposta dos patrões, os servidores ameaçam paralisar os serviços do Serpro por tempo indeterminado. "Na hora em que pararem todos os sistemas (que o Serpro administra), nosso recado vai ser dado", disse Djalma Araújo.