Quando esteve em Nova York, no ano passado, o músico Aloizio Michael, 21 anos, quase não acreditou. Fã incondicional do astro pop Michael Jackson, vislumbrou a oportunidade de comprar produtos ligados ao artista a preços módicos como DVDs e CDs. ;Estava tudo em promoção, cara, foi demais!”, diz, empolgado. ;Como ele tinha anunciado a volta aos palcos com This is it(1), o pessoal não perdeu tempo e colocou tudo na praça. Parte desse material que comprei lá ainda nem chegou aqui;, detalha.
É tanta admiração que Aloizio entrou num esquema com uma amiga para assistir aos shows que o artista realizaria na Inglaterra, em julho. ;Daí ele morreu e deu no que deu;, lamenta o fã, que mandou fazer uma camisa especial logo após a morte do cantor. O consolo pelo show perdido veio com o lançamento mundial, ontem, do documentário This is it. Dirigido pelo coreógrafo e diretor das 50 apresentações Kenny Ortega, o filme, lançado no Brasil pela Columbia Pictures (Sony), traz as últimas imagens do ídolo. Ansioso, ele e o amigo Samyr Aissami, 18 anos, eram alguns dos primeiros a chegar à primeira sessão do filme no Pier 21. ;Não vejo a hora para ver, eu queria ver mesmo era as mais de 100 horas gravadas destes ensaios;, empolgava-se, minutos antes de entrar para a sala de cinema. ;Pelo pouco que a gente sabe, o filme vai surpreender. Vai ser um presente para os fãs;, emendou o amigo Samyr.
Também roendo as unhas de ansiedade e driblando o nervosismo com o balde de pipoca nas mãos, o analista de sistemas Adalberto Falcão, 31, era outro grande admirador de Michael Jackson que aguardava o início da sessão. A admiração pelo cantor norte-americano começou aos 15 anos, época do lançamento de Dangerous, álbum de 1993. Empolgado com a volta do ídolo aos palcos, Falcão não pensou duas vezes para arquitetar sua viagem a Londres, mas o destino lhe pregou uma peça. ;Ver o filme é a última coisa que resta para os fãs, será nossa homenagem a ele;, destacou. ;Estou muito curioso para saber como seriam essas apresentações, parece que o filme mostra esses detalhes;, deduz.
Em cartaz na cidade em 11 salas de cinemas (200 em todo o país), This is it será exibido durante duas semanas, tempo que os fãs de Michael Jackson terão para conferir o material. Esse foi o prazo estabelecido pela família do cantor para que a produção ficasse em cartaz em todo o mundo. A expectativa é tamanha e a apreensão diante da possibilidade de não conseguir ver o filme tanta, que vários fãs garantiram ingressos antecipados para as sessões. Aproximadamente 3 mil brasilienses compraram os tíquetes pela internet.
Com quase duas horas de duração, o documentário emocionou o público. Alguns não conseguiram esconder as lágrimas na saída da projeção. Assim aconteceu com a estudante Rafaela Santos, 17 anos, que se mostrou bastante emocionada com o que viu. ;Ele era uma pessoa que tinha um talento enorme e um coração bom. Acha que quem é fã vai gostar do filme com certeza;, indica.
Para os que assistiram ao longa no primeiro dia, chamou a atenção o perfeccionismo de Michael Jackson, um artista atento aos mínimos detalhes da realização do show que seria um marco na sua carreira. Muitos se sensibilizaram com o carinho do artista com sua equipe. ;O filme é maravilhoso! Embora tenha uma estrutura que lembre os DVD de shows, seguindo passo a passo o set list que seria apresentado, consegue captar a essência do artista que ele era. Também tem o lado humano;, observou Aloizio Michael.
1 - Uma superprodução
Com quase duas horas de duração, o documentário traz os registros dos últimos ensaios realizados pelo cantor para uma série de shows que faria em Londres em julho deste ano. São mais de 100 horas de fitas que, a princípio, seriam lançadas em DVD, mas que a família resolveu transformar em filme mediante os US$ 60 milhões investidos na produção. Acredita-se que o faturamento dos realizadores ultrapasse a casa dos US$ 600 milhões.
O que eles acharam
Camila Pessoa, 20 anos, tradutora
;Muita gente não sabia quem era o Michael Jackson, só julgava. Então, resolvi assistir ao documentário para entender um pouco quem era esse personagem. Também havia uma expectativa grande em cima desses shows que não aconteceram e, com o filme, podemos ver como seriam as apresentações. Tudo estava muito bem produzido e eu não imaginava que ele tinha toda essa vitalidade aos 50 anos;
Cristiano Mann, 24 anos, barman
;O filme mostra o profissionalismo dele, o artista perfeccionista que observava os pequenos detalhes, mas também deu para perceber que ele sentiu o peso do tempo porque estava muito mais lento no palco, concentrando os movimentos mais nas mãos do que nos pés. Mas isso não tira a totalidade do artista que era. Gostei, foi marcante;
Victor Machado, 19 anos, estudante
;Confesso que não gostava muito dele, mas, por causa da namorada, passei a prestar mais atenção e com o tempo comecei a admirar. A gente está acostumado a ver o lado negativo da sua vida e o filme caminha na outra direção, mostra o grande artista que era, mas o ser humano também. Ele era uma pessoa boa, o tempo todo dizendo: ;Deus abençoe!’;
Pablo Eyben, 30 anos professor de história
;O filme registra bem como era a vida cotidiana dele no palco como profissional e de como as pessoas que estavam ali diariamente, os dançarinos, os músicos, eram a sua grande família. Era um cara muito obcecado pelo que fazia, perfeccionista ao extremo. Muito emocionante;