Cidades

Dois meses e nada: crime da 113 Sul continua sem solução

Na noite de 31 de agosto, a 1ª DP começou a investigar o brutal assassinato do casal Villela e da empregada deles

Renato Alves, Guilherme Goulart
postado em 31/10/2009 07:55

Porta de entrada do apartamento 601/602 do Bloco C da 113 Sul, onde houve o triplo homicídio: pedido de prorrogação do inquérito será apreciado pelo MPMesmo dois meses após uma investigação sem indiciamento de suspeitos, a direção da Polícia Civil do Distrito Federal garante a manutenção do caso do triplo assassinato da 113 Sul com a equipe da 1; Delegacia (Asa Sul). No entanto, o Ministério Público não descarta a troca de unidade responsável pela apuração do crime. O promotor Maurício Miranda, do Tribunal do Júri de Brasília, tomará uma decisão na próxima terça-feira, quando receberá o inquérito com o pedido de prorrogação do prazo para conclusão do trabalho policial. A delegada Martha Vargas, chefe da 1; DP, tem o direito de pedir até 30 dias a mais para elucidar o caso. Prazo que pode ser renovado. Mas, se considerar ineficaz o trabalho da delegacia da Asa Sul, Maurício Miranda recomendará à Justiça a substituição de responsabilidade pela investigação. Tradicionalmente, a Justiça acata esse tipo de recomendação do Ministério Público. ;Vou receber o inquérito na semana que vem. É prematuro fazer qualquer previsão agora;, ressaltou o promotor. A Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB-DF) também aguarda o inquérito. O criminalista Raul Livino, conselheiro designado pela OAB-DF para acompanhar as investigações, diz que ;a tendência é o caso seguir na 1; DP;. O diretor-geral da Polícia Civil, delegado Cléber Monteiro, afirma acreditar no trabalho da delegacia da Asa Sul. ;A investigação segue uma linha bem definida. Mudá-la de delegacia seria um retrocesso, uma perda imensa de tempo e trabalho;, defende, sem detalhar a hipótese trabalhada para explicar o crime e revelar os resultados obtidos até agora. Postura adotada pela instituição desde o início da apuração. Poucas respostas O casal de advogados José Guilherme Villela, 73 anos, e Maria Carvalho Mendes Villela, 69, morreu a golpes de faca na noite de 28 de agosto, ao lado da principal empregada, Francisca Nascimento da Silva, 58. O crime ocorreu no apartamento dos Villela, no Bloco C da 113 Sul. Pela perícia, os assassinatos se deram entre as 19h30 e as 20h30 e as vítimas receberam, ao todo, 73 facadas. Os corpos acabaram encontrados somente três dias depois, por um amigo da família, acionado pela neta do casal morto. Desde então, a polícia tem mais dúvidas que certezas a respeito do triplo homicídio. Delegados, agentes e peritos ainda buscam pistas que levem ao autor da barbárie ocorrida no apartamento 601/602 do Bloco C. Como nenhum representante da Polícia Civil fala oficialmente sobre a tal única linha de investigação do caso, sabe-se que os agentes da 1; DP ora trabalham com a hipótese de crime encomendado, ora com a de latrocínio (roubo com morte) e, mais recentemente, com um amálgama das duas. Fontes afirmam que a nova tese é de que foram contratados matadores para assassinar os Villela e, em troca do serviço, eles poderiam levam tudo que houvesse de mais valioso na casa. Muito dinheiro No imóvel, aliás, estava escondida uma pequena fortuna. Nesta semana, a polícia recalculou em cerca de US$ 700 mil (algo em torno de R$ 1,24 milhão) a quantidade de dinheiro em espécie que foi roubado do cenário do crime. Somam-se a isso os valores das joias levadas. Os investigadores contam que pelo menos 12 peças preciosas desapareceram, entre as quais um colar de ouro com pingente em forma de folha, uma gargantilha de diamantes de US$ 28 mil e diversos anéis. Os investigadores continuam sem uma testemunha-chave. Não apareceu ninguém que tenha visto ou ouvido algo da ação criminosa, apesar de as três pessoas terem sido mortas em uma quadra povoada e num horário de grande movimento. As imagens captadas pelas câmeras do circuito de TV do Bloco C não eram gravadas. As de um prédio vizinho registraram o trânsito em parte do acesso ao Bloco C antes e após o crime, mas a péssima qualidade dificulta a identificação de suspeitos. Sem depoimentos Estava instalado no imóvel um sistema de alarme monitorado que permitiria a detecção de qualquer tentativa de intrusão no ambiente por meio de sensores. Mas ele não estava acionado no momento dos homicídios. A sexta-feira véspera do feriado prolongado foi tranquila na 1; DP. A delegada Martha Vargas esteve no distrito policial por volta das 13h e saiu pouco antes das 14h40 para diligências. Voltou somente às 20h, depois de passar, mais uma vez, pela 113 Sul. Pelo menos até o início da noite de ontem, não houve depoimentos relacionamentos ao crime. Uma equipe da 1; DP destacada para o caso Villela se dirigiu ontem a Ceilândia. Os quatro agentes estavam em uma viatura descaracterizada e sofreram um acidente de trânsito por volta das 16h. O carro ficou bastante danificado, mas os policiais nada sofreram. (Colaborou Ary Filgueira) ; Cronologia na internet ; Além de textos curtos mostrando os principais momentos da investigação ; como a prisão de dois suspeitos de envolvimento no triplo assassinato e a detecção, no local da tragédia, de fragmentos de impressões digitais diferentes das dos três moradores do apartamento ;, o internauta terá acesso a fotos e vídeos desde o início do caso, há dois meses.

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