Guilherme Goulart
postado em 04/11/2009 08:05
Embora laudos descartem que o sangue encontrado no carro de um dos suspeitos de envolvimento no triplo homicídio da 113 Sul seja das vítimas, a polícia aposta na análise do material biológico para resolver parte do mistério. Existe a possibilidade de o sangue ser de um casal executado em Santa Maria dois dias após a morte dos advogados José Guilherme Villela, 73 anos, e Maria Carvalho Mendes Villela, 69; e da principal empregada deles, Francisca Nascimento da Silva, 58. Se o resultado for positivo, os investigadores acreditam que terão provas da relação entre o assassinato ocorrido na Asa Sul e o do casal Adolfo de Jesus Carvalho, 24, e Marcela Lorena do Nascimento, 18.A 1; Delegacia de Polícia, na Asa Sul, investiga o caso ao lado da 33; Delegacia, em Santa Maria. Um dos elos entre os dois inquéritos é a proximidade das datas dos homicídios. Os Villela e Francisca perderam a vida em 28 de agosto ; a polícia localizou os corpos três dias depois, em 31 de agosto. Os namorados Adolfo e Marcela morreram na madrugada do dia 30. A investigação aberta na unidade policial de Santa Maria revela que os dois saíram de uma festa nas proximidades da QR 309 e seguiram para a casa do jovem, na mesma quadra, por volta das 3h. Vizinhos teriam ouvido tiros uma hora depois. O endereço fica a poucas quadras da casa que a empregada Francisca dividia com as irmãs.[SAIBAMAIS]
A polícia só localizou os corpos das duas vítimas em 6 de setembro, atrás do Presídio Feminino do DF, no Gama (Colmeia). Estavam carbonizados, e cada um tinha uma bala na cabeça. O inquérito da 33; DP que apura a morte do casal Adolfo e Marcela não faz ligações com o triplo homicídio da 113 Sul. Nem menciona se os dois tentaram vender ou repassar joias e dólares no fim de semana em que acabaram assassinados ; bens que poderiam ter sido roubados do apartamento dos Villela. Mas fontes policiais ouvidas pelo Correio disseram que Adolfo devia ouro e não joias a um traficante local. Ele tinha ficha na polícia por tráfico de drogas, roubo e porte de armas.
A reportagem esteve na casa onde Adolfo morava de aluguel, no Conjunto K da QR 309 ; Marcela vivia em uma quadra próxima dali. O imóvel de Adolfo divide o mesmo lote com outro. São os mais simples da rua. Os vizinhos disseram ainda que pouco sabiam da vida do homem executado. Nenhum recebeu nem ouviu falar de ofertas para comprar objetos de valor.
Amostras de sangue
O Correio divulgou com exclusividade que o material biológico analisado pelo Instituto de Pesquisa de DNA Forense (IPDNA) da Polícia Civil do DF não é compatível com a sequência genética de nenhuma das três pessoas mortas com 73 facadas no apartamento 601/602 do Bloco C da 113 Sul. O resultado revelou, porém, que as amostras recolhidas no veículo apreendido pertenceriam a um homem e a uma mulher. Agora, os peritos devem comparar esse sangue com o material biológico coletado dos cadáveres do casal de Santa Maria.
O carro, um Astra preto, estava com um homem identificado como D. Ele o primo A. estão detidos na condição de suspeitos de envolvimento no triplo homicídio ocorrido na 113 Sul. Testemunhas viram os dois, acompanhados de uma terceira pessoa, na 513 Sul na noite do crime. D. também é acusado de integrar o Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa de São Paulo. Faria parte de um grupo de extermínio. Continua preso por suspeitas de clonagem de veículos e pistolagem.
A delegada Martha Vargas ouviu ontem mais uma testemunha do caso Villela. Ela chegou, por volta das 16h30, dentro de uma GM Blazer azul descaracterizada e entrou pelo portão dos fundos. Duas horas antes, Martha fez diligências em um local não revelado. Ela saiu acompanhada de dois delegados, entre eles o diretor do Departamento de Polícia Circunscricional (DPC), André Victor do Espírito Santo.
Ainda sem o inquérito
O promotor Maurício Miranda, do Tribunal do Júri de Brasília, não havia recebido as peças do inquérito do caso Villela até o fim da tarde de ontem. Segundo ele, vence hoje o prazo dado à Justiça do DF para a conclusão do triplo homicídio. A polícia, assim, pedirá prorrogação por mais 30 dias.