Renato Alves
postado em 07/11/2009 07:55
Ao menos dois criminosos esfaquearam cruelmente as três pessoas no apartamento 601/602 do Bloco C da 113 Sul, na noite de 28 de agosto. E utilizaram duas facas ; ambas diferentes daquela encontrada com manchas de sangue na cozinha do imóvel pertencente ao casal de advogados José Guilherme Villela, 73 anos, e Maria Villela, 69, duas das vítimas. A terceira, a principal empregada da família, Francisca Nascimento da Silva, 58, recebeu os golpes imobilizada, com as mãos amarradas para trás. Já o patrão acabou atacado por dois. Diferentemente do que afirmavam os integrantes da 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul), responsáveis pelo caso, a cena do crime não chegou a ser limpa por completa, para apagar provas. Havia manchas de sangue dos mortos no chão, parede e utensílios da casa. Essas são as únicas certezas dos peritos do Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), após dois meses de investigação do triplo homicídio. Com isso, o caso continua sem hipótese única, ou seja, ainda não se sabe se ocorreu latrocínio (roubo com morte) ou crime por encomenda.Os peritos, agora, tentam identificar os tipos de facas usadas e vestígios que incriminem algum dos quatro suspeitos presos. O diretor-geral da Polícia Civil, Cléber Monteiro, aposta no envolvimento de dois jovens detidos na última terça-feira, na Vila São José, em Vicente Pires, mas não descarta outras linhas de investigação. ;Até o momento, não elucidamos completamente o crime;, ressaltou. Com a dupla presa esta semana, segundo os investigadores, estava uma chave que abre duas das portas do apartamento dos Villela. ;A perícia constatou ser uma das duas chaves originais da fechadura da área de serviço. Ela também abre a despensa;, contou Monteiro. Os dois homens ; Alex Peterson Soares, 23 anos, e Rami Jalau Kaloult, 28 ; negam envolvimento no crime. ;Eles não deram depoimento;, afirmou o diretor da Polícia Civil. Os agentes chegaram até eles por meio de denúncia anônima (leia mais na página 39). Devido aos indícios e com o respaldo do promotor Maurício Miranda, do Tribunal do Júri de Brasília, a Justiça decretou a prisão temporária da dupla por 30 dias.
Mas, para a polícia concluir o caso, o diretor do IC, Celso Nenevê, declarou ser essencial encontrar as armas do crime: ;As facas são fundamentais, assim como o objeto usado para amarrar a empregada;. Ele participou da entrevista coletiva ontem de manhã, na direção da PCDF, em que foram divulgadas peças do laudo do IC (veja Arte)anexado ao inquérito enviado ao Ministério Público para pedido de mais 30 dias para a apuração do caso. Nenevê e outros dois peritos admitiram não ser possível explicar com detalhes como ocorreu o triplo assassinato.
O perito Luiz Alberto Morrison disse ter certeza que a empregada morreu antes do patrão, José Guilherme. Os corpos de ambos foram encontrados na área de serviço. Mostrando as fotografias feitas pela perícia na noite de 31 de agosto, quando o crime foi descoberto, Morrison chamou a atenção para a presença de sangue nos dois braços de Francisca, menos nos pulsos, que estavam para trás. ;Isso mostra que ela foi amarrada e esse instrumento acabou retirado após o assassinato;, observou. Sobre o corpo da empregada havia um pano com sangue, provavelmente usado para limpar algum objeto. O material biológico era da empregada e de José Guilherme.
Com a informação de que dois dos suspeitos trabalhavam em uma serralheria, os peritos acreditam que Francisca possa ter tido as mãos amarradas com um lacre de plástico, comum nesse tipo de estabelecimento para amarrar a madeira. ;É algo que chamamos de algema americana;, explicou Monteiro, apresentando dois tipos de lacre à imprensa.
Manchas de sangue
[SAIBAMAIS]Próximo ao corpo de José Guilherme, havia uma bolsa da mulher dele, além de vários objetos jogados ao chão, como carteira e documentos. A cena, segundo o perito Morrison, prova que Maria Villela estava no apartamento quando o marido chegou. ;Mas não dá para precisar se ela foi a primeira ou a última pessoa a ser golpeada;, frisou. Sobre a bolsa da dona da casa, havia outro pano sujo de sangue. As facadas deixaram muitos pingos de sangue na parede da área de serviço e poças no cômodo e no corredor onde estava o corpo de Maria Villela. Mas todos, conforme os técnicos do IC, eram das vítimas.
Já quanto às duas armas do crime, o laudo aponta que ao menos uma tem gume único, sendo cortante em apenas um dos lados da lâmina. ;Infelizmente, o laudo não aponta o sentido das penetrações, o que poderia nos fornecer mais informações sobre a dinâmica do crime, a posição dos autores e vítimas. O que temos, até agora, são projeções;(1), observou Luiz Morrison.
1- 73 golpes
Os peritos indicam que assassinos se aproximaram por trás de Maria e José Guilherme e desferiram um golpe no peito de cada um. Em seguida, assim como Francisca, as vítimas foram esfaqueadas até a morte. Maria recebeu 12 facadas, José Guilherme, 38, e Francisca, 23.