Cidades

Frota de Brasília terá crescimento recorde em 2009

Adriana Bernardes
postado em 08/11/2009 08:30

O Distrito Federal vai bater, este mês, o recorde de registro de carros, motos, ônibus e caminhões. A frota atual é de 1.127.260. Desse total, 72.142 veículos (6,3%) começaram a circular entre janeiro e outubro. Mantido o crescimento médio, até o fim de novembro o Departamento de Trânsito (Detran) terá registrado cerca de 80 mil novos veículos somente em 2009, contra 74.371 ao longo de todo o ano passado. O ritmo acelerado vem acompanhado de congestionamentos cada vez mais frequentes, além da falta de lugar para estacionar e da piora da qualidade do ar, além da poluição sonora.

Na capital do país, a relação carro por habitante está entre as mais altas do Brasil. Atualmente, é de um veículo para cada 2,3 moradores. Na casa do engenheiro eletricista Antônio Soares, 56 anos, a proporção é ainda maior. São cinco adultos, cada um com seu carro. E na rua onde ele mora, o caso dele não é exceção. ;Aqui há cerca de 40 casas. A média de carros é de quatro por residência. Ao todo devem ser uns 150 carros;, calcula. ;Em casa somos em cinco adultos, sendo que quatro têm ocupação profissional em locais diferentes no Plano Piloto. Não vejo nenhuma iniciativa do governo para colocar transporte público onde eu moro;, observa.

Antônio relata que no Lago Norte o ônibus circula apenas na avenida principal (DF-009). Moradores das QLs teriam de caminhar cerca de 2km até a pista principal para pegar o coletivo. ;Ninguém deixa o carro em casa para andar à noite, debaixo do sol ou chuva para usar ônibus velho, com higiene repugnante e que não é pontual. Esses são três quesitos para conquistar a credibilidade dos usuários;, defende.

Esses problemas não ocorrem apenas no Lago Norte. A secretária Isabel Cristina dos Santos, 35 anos, trabalha a 5km de casa, no comércio do Sudoeste. O percurso é feito de carro, mas poderia ser de ônibus. ;Até tentei. Mas eles (ônibus) não passam no mesmo horário. Se chegar atrasada, perco o emprego;, diz. Já Ana Maria Oliveira Santos, 22 anos, não tem opção. A moradora de Valparaíso (GO) trabalha como cabeleireira em um salão do Sudoeste. Sai de casa às 6h para chegar no emprego às 8h30. Nem sempre consegue. ;Ônibus quebra, não passa. Essas coisas. E o preço é absurdo;, reclama.

Maior crescimento
Levantamento do Correio junto aos Detrans de sete capitais, entre elas São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba, revela que de 2001 a 2009 ; período em que todos os órgãos consultados têm a estatística fechada ;, Brasília é a capital que registrou o maior crescimento percentual da frota de carros e de motos. Em 2001, havia 521.337 carros registrados. Em outubro deste ano, são 845.219 (62,1% a mais). Já a quantidade de motocicletas saltou de 35.302 para 119.951, incremento de 239,7%, no mesmo período (veja arte). O Distrito Federal tem a maior renda per capita do país. E esta é uma das explicações para que se registre aqui uma das maiores taxas de crescimento da frota do Brasil.

Comparado aos engarrafamentos de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, os congestionamentos nas pistas de Brasília são pequenos. Mas testam diariamente a paciência do brasiliense em vários pontos do DF. Caso do caminhoneiro Cláudio Gomes, 38 anos, o ;Seu Madruga;. Há quatro anos e meio, a rotina dele é exatamente a mesma. Mas ele não pode dizer o mesmo do trâAD46-0811nsito.

Ele transporta brita de uma fábrica de cimento na DF-150, na região da Fercal, para Águas Claras. Na quinta-feira última, estava parado no acostamento na altura do balão do Colorado. ;Estou esperando o engarrafamento acabar. É mais negócio eu esperar todo mundo descer para depois seguir viagem. Evito acidente, canso menos a cabeça, as pernas e evito desgaste do caminhão;, justifica.

O tempo de espera para o fluxo de carros diminuir chega a 30 minutos, às vezes mais. ;Quando comecei não tinha esse engarrafamento. Agora, pego trânsito na porta da fábrica. Quero mais é que chegue 2015 para ir embora para o Nordeste. Envelhecer aqui é loucura. É trânsito demais. Você anda com a adrenalina à flor da pele;, diz.

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