Cidades

Aumento de trabalhadores com direito ao 13º injetará R$ 3,36 bilhões na economia do DF

Mariana Flores
postado em 11/11/2009 08:32
O pagamento do 13; salário vai injetar R$ 3,36 bilhões na economia do Distrito Federal. O volume é 5% superior ao do ano passado. Um número maior de trabalhadores está recebendo o benefício e o valor individual também aumentou. Em 2008, o 13; foi pago a 1,302 milhão de brasilienses. Neste ano, 1,368 pessoas têm direito. O valor médio saltou de R$ 2.378,84 para R$ 2.397,72, o maior do país ; a média nacional é de R$ 1.426. Do total que deve circular na capital federal, 70%, ou R$ 2,3 bilhões, serão pagos até o fim do ano. Os outros 30% foram antecipados ou recebidos na data do aniversário, como preferem alguns empregadores.

Os números foram divulgados ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e mostram que 66 mil pessoas que não tinham direito ao benefício, em 2008, contarão com a quantia extra para gastar neste ano. ;Em 2008, tivemos um fim de ano marcado pela expectativa da crise; agora o clima é outro. O mercado de trabalho incluiu muita gente e a expectativa é de que estas pessoas movimentem a economia;, afirma o supervisor do Dieese no DF, Clóvis Scherer.

A maioria dos trabalhadores devem utilizar o benefício para quitar as dívidas, pelo menos é o que recomendam os economistas. Mas boa parte do dinheiro deve ser injetada na economia em forma de consumo. O comércio está animado. Pesquisa recente feita pela Federação do Comércio do Distrito Federal (Fecomércio-DF) com 180 empresários revela um crescimento de 6,3% nas encomendas em relação ao Natal de 2008. O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Vicente Estevanato, está otimista. ;Este ano, o consumidor está mais confiante. Estamos esperando um Natal, no mínimo, 8% melhor do que o de 2008;, afirma Estevanato.

A maior parte da quantia está nas mãos dos assalariados formais dos setores público e privado, 90,2% do total. Eles vão receber, em média, R$ 2.980,46, cada um. Os empregados domésticos com carteira assinada receberão o equivalente a R$ 33 milhões, 1% do total. Individualmente, vão agregar R$ 609,08 ao orçamento familiar Os aposentados e pensionistas embolsarão R$ 987,05 a mais, o que corresponde a 8,8% do valor global.

O pagamento de dívidas deve ser prioridade. Quem não está endividado deverá poupar e evitar os apertos impostos pelas despesas de início de ano. Pensando nos gastos extras, a vendedora Débora de Oliveira Santos Marques, 27, já tem um destino certo para seu 13; salário: a poupança. O valor, assim como o recebido no ano passado, será usado para ajudar no pagamento das mensalidades de sua faculdade de direito ao longo de 2010. ;Pago as mensalidades com o dinheiro que tenho na poupança e o 13; vai me ajudar nisso;, diz a moradora do Cruzeiro.

Menos calote
Além de mais dinheiro na economia, os brasilienses estão menos endividados, o que dá maior espaço para voltar a consumir. Levantamento divulgado ontem pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), com dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), mostra que a inadimplência registrada em outubro é a menor desde janeiro último. O índice caiu de 4,9%, em setembro, para 4,8% no mês passado. O patamar mais elevado registrado em 2009 foi de 5,7% (veja quadro). O percentual refere-se à diferença entre o volume de incluídos e excluídos da lista de devedores. A queda é natural no fim de cada ano, quando as pessoas querem limpar o nome para voltar a consumir. Mas neste ano ganhou um impulso extra, devido ao aumento da confiança dos trabalhadores, depois do susto provocado pela crise financeira global.

;Estamos em um momento mais favorável e não é apenas porque é fim de ano. O mercado de trabalho voltou a criar vagas, o que reduz a inadimplência;, afirma o gerente de indicadores de mercado da Serasa, Luiz Rabi. O especialista sugere que o consumidor, depois de sair da lista de inadimplentes, evite voltar. E ensina: ;Primeiro, ele deve buscar o credor para renegociar a situação e usar o dinheiro extra, como o13; salário, para quitar a dívida. Em seguida, deve fazer um cálculo orçamentário e não gastar além do que ganha. Tem que resistir às tentações do comércio;.

Palavra de especialista
Dívidas em primeiro lugar

;Quando colocar as mãos no 13;, o trabalhador deve ter três prioridades: a primeira é quitar as dívidas, principalmente as mais caras, como cheque especial e cartão de crédito. Muita gente teve um ano ruim e se endividou. Em segundo lugar, devem reservar uma parte para a compra de presentes de Natal, e, em terceiro, devem se preparar para o início de ano. Geralmente as despesas de início do ano são o dobro das despesas de um mês normal. Vêm as contas de IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana),
IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores), além de matrícula e material escolar, e é preciso estar preparado.;

Miguel de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac)

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