Renato Alves
Ana Maria Campos
Ary Filgueiras
A equipe da 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul) prendeu ontem mais um suspeito de envolvimento no triplo assassinato da 113 Sul, ocorrido em 28 de agosto. Cláudio José de Azevedo Brandão é investigado pela polícia como provável autor das facadas que mataram as três vítimas. Ele foi detido no início da noite, em casa, na Vila São José, em Vicente Pires. Os responsáveis pela investigação dizem ter chegado ao suspeito por meio de depoimento dos dois rapazes presos há uma semana. Vizinha de Cláudio, a dupla, segundo os agentes, estava com a chave que abre duas das portas do apartamento 601/602 do Bloco C da 113 Sul, o cenário dos homicídios. Apesar das prisões, ainda é preciso explicar como e por que ocorreu a barbárie.
Após a prisão, o diretor-geral da Polícia Civil do Distrito Federal, Cléber Monteiro, admitiu ao Correio faltar muito para a elucidação do crime da 113 Sul. ;O caso ainda não está elucidado. Temos muito trabalho pela frente. Se já tivéssemos certeza do que ocorreu, não pediríamos a prisão temporária (de Cláudio), e sim a preventiva. Teremos 30 dias para aprofundar essa linha de investigação;, ressaltou. Ele afirmou não se preocupar com o tempo para resolver o caso (leia entrevista ao lado).
Na nova linha de investigação, Cláudio Brandão seria um dos autores das 73 facadas que mataram o advogado e ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela, 73 anos, sua mulher, a também advogada Maria Villela, 69, e a principal empregada deles, Francisca Nascimento da Silva, 58. Segundo laudo do Instituto de Criminalística (IC) divulgado semana passada, ao menos duas pessoas entraram no apartamento 601/602 do Bloco C da 113 Sul, pertencente ao Villela, renderam, esfaquearam as vítimas e fugiram com US$ 700 mil (cerca de R$ 1,2 milhão) em espécie e ao menos 12 joias ; entre elas uma avaliada em US$ 28 mil (R$ 49 mil).
Além de Cláudio, estão em poder da polícia outros dois suspeitos, Alex Peterson Sores, 23, e Rami Jalau Kaloult, 28. A dupla também foi presa na Vila São José, em Vicente Pires. Agentes da 1; DP chegaram a ambos por meio de denúncia anônima, de acordo com Cléber Monteiro. A polícia teria recebido uma informação de que um grupo fazia uso de drogas na Vila São José e que, entre eles, havia gente envolvida no crime da 113 Sul. Ainda segundo Monteiro, assim que viu os policiais, Alex fugiu. Flagrado fumando crack no banheiro, Rami foi logo dizendo que o molho de chaves no local não era dele. A preocupação chamou a atenção dos policiais, que nem estavam atrás de alguma chave, de acordo com o diretor.
Presos na carceragem da 1; DP, Alex e Rami teriam entregue o terceiro suspeito, Cláudio Brandão, segundo responsáveis pela investigação. A dupla, ainda de acordo com policiais, contaram o plano de roubar a serralharia em que trabalhavam. A loja fica embaixo do apartamento onde os rapazes foram presos e o mentor do assalto seria Brandão. Alex e Rami negam envolvimento no crime. A chave do imóvel dos Villela, que a polícia diz ter encontrado com eles, estava em um molho de chaves. As demais eram da serralheria e haviam sido furtadas para serem usadas no futuro assalto. A chave dos Villela teria sido colocada no molho por Cláudio, que estaria tentando se livrar de um flagrante.
Negativas
O suspeito nega envolvimento no caso. Em entrevista concedida a uma emissora de televisão, Cláudio Brandão questiona as acusações. ;Apesar de eu ser ex-presidiário, não fiz esse crime, já paguei por tudo. Agora, a doutora tá que tá acreditando nos caras. Ela quer me envolver nisso de qualquer jeito;, afirmou. ;Nunca vi, nunca fui à 113 Sul. Inventaram até que eu vigiei carro lá. É tudo mentira.;
Nivaldo Pereira da Silva, advogado do suspeito preso ontem, disse que conversou com seu cliente. ;Ele negou envolvimento. Disse para eu me preocupar com o roubo da moto, porque nesse caso ele não tem participação;, contou o advogado, que pretende entrar com pedido de habeas corpus em favor de Cláudio Brandão. Silva afirmou não ter tido acesso ao inquérito para saber quais indícios a polícia possui contra seu cliente. ;A delegada (Martha Vargas) me prometeu mostrar o inquérito na segunda-feira;, disse. Ainda de acordo com o advogado, o suspeito estava em liberdade desde 2005, quando saiu da cadeia após cumprir pena de 12 anos por roubo a mão armada.
Leia mais na edição impressa do Correio Braziliense deste sábado (14/11)