postado em 16/11/2009 09:07
A preparação para o Natal já começou na Feira Central de Ceilândia. Os feirantes e vendedores se preparam para as promoções, novidades e um aumento considerável de visitantes. Segundo o presidente da Associação da Feira Permanente (como também é conhecida), Francisco Nogueira, 61 anos ; o França ;, em dezembro, cerca de 15 mil pessoas devem visitar o local por fim de semana. Em períodos normais, esse número é de 12 mil. Embora o foco seja dezembro, a rotina da feira começou a mudar no início deste mês. Anteriormente em funcionamento das quartas-feiras aos domingos, nesse período as lojas abrirão as portas todos os dias. A mudança poderá render um lucro maior aos feirantes ; em alguns casos, o rendimento mensal de R$ 10 mil pode chegar a R$ 30 mil. A feirante Nilda Vieira, 33, conta que, no mês do Natal, consegue aumentar seu ganho em até 300%. ;Ano passado tivemos um aumento muito bom nas vendas nesse período. Pelo movimento que estou vendo já neste mês (novembro), acredito que o saldo positivo será equivalente ou ainda melhor;, diz, entusiasmada.
Mas para chegar a tal patamar é preciso investir e conquistar o cliente. Nilda tem uma banca de vestidos com diversos modelos. Capricha no preço e no fim do ano sempre reserva uma surpresa para as mulheres que querem uma roupa nova para a comemoração natalina. ;Já comprei alguns vestidos mais sofisticados e vou colocá-los à venda no primeiro dia de dezembro;, avisa, lembrando: ;Sempre há uma procura de algo especial para as festas de fim de ano;.
Já o proprietário do box 195/196, Luciano Cléber da Silva, 32, vai aproveitar as vantagens que só as feiras livres podem oferecer aos consumidores. ;Vou negociar, fazer desconto, dependendo da quantidade da compra. Aqui a gente também divide. Só na feira, as pessoas podem encontrar as possibilidades de negociar o preço;, ressalta.
As placas espalhadas pela feira já mostram as tabelas diferenciadas. Números grandes estampados em cartolinas ou em papel branco pendurado nas roupas anunciam: blusas por R$ 5, shorts por R$ 10. É possível encontrar ainda calças jeans por R$ 50. Quem imagina que por esse preço só dá para comprar tecidos de má qualidade se engana. O material tem boa textura e está sincronizado com as tendências atuais. É possível fazer combinações interessantes e sair de lá preparado para as comemorações.
A loja de Nilda vende vestidos de todos os modelos. Os figurinos variam ; com manga, tomara que caia ou mula manca, de um só ombro ; e podem ser de viscolycra ou liganete, um tecido mais mole, materiais utilizados na confecção de diversas marcas. ;A maioria dos vestidos da loja está na faixa de R$ 27. Já vi alguns em lojas fora da feira, bem parecidos com os meus, que custam R$ 80;, compara a feirante.
Informalidade
Mesmo diante das condições oferecidas e da expectativa de vendas, existe um fator que preocupa os vendedores e proprietários de lojas na feira: os ambulantes. No ano passado, o Governo do Distrito Federal fez uma ação que retirou, só de Ceilândia, cerca de 1.725 vendedores informais. Aos poucos, porém, eles ameaçam voltar e resistem à fiscalização.
A reportagem do Correio esteve em Ceilândia na manhã de domingo e não conseguiu visualizar nenhum ambulante, pois havia um microônibus da Polícia Militar com cerca de oito policiais e duas kombis da Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis) com 10 ficais no local. Porém, o clima era de tensão. Diversos vendedores sentados na praça em frente à Feira Central aguardavam uma brecha dos fiscais para armar seus pontos móveis de vendas.
O biólogo Francisco Miguel de Almeida, 40, morador de Ceilândia, contou que, durante toda a semana, eles enchem as calçadas da cidade, mas, ao escutarem o alerta inconfundível ; ;olha o rapa!” ;, recolhem seus materiais, saem correndo e escondem as mercadorias dentro dos carros particulares. ;Passo aqui todos os dias e eles sempre estão nas calçadas. Agora não utilizam mais as barracas de lona, são mais práticos e aparecem com mesas removíveis ou aquelas telinhas;, ressalta.
Com a loja virada exatamente para o local onde os ambulantes ficam, a feirante Simone da Silva Ferreira, 34, se preocupa com o movimento no local. ;Eles trazem carro de som, fazem barulho, consumem bebidas alcoólicas e isso assusta os clientes. Às vezes fica difícil até de conversar", diz. Segundo ela, os informais vendem de tudo, desde roupas, bolsas, sapatos, até DVDs e óculos de sol. ;Eles não pagam imposto e podem oferecer um preço melhor. Isso é desleal;, complementa Simone.