postado em 19/11/2009 07:24
Sábado é dia de sujar a mão de tinta na Escola Classe 08 de Taguatinga. Muito mais que isso, é dia de descobrir novos potenciais artísticos. Há um ano, 15 alunos de 7 a 17 anos dedicam-se à pintura de telas e já se preparam para colocar suas obras em exposição. Mesmo os mais jovens sabem bem como utilizar o pincel e com ele são capazes criar as mais belas obras. Ao todo, mais de 30 quadros já foram feitos pelos estudantes. O trabalho faz parte do programa Escola Aberta, do Ministério da Educação (MEC), que tem por objetivo levar a cultura de paz para dentro dos colégios, além de promover a inclusão social. Com apenas 10 anos, Thais Cruz Lopes descobriu no pincel o gosto pela pintura. Começou fazendo quadros mais simples com poucos detalhes, mas agora aplica com perfeição o que aprendeu durante as oficinas. ;Não é muito fácil fazer porque tem muitos pequenos detalhes, mas é uma coisa muito legal. Desde o dia em que comecei a pintar, não quero mais parar;, disse ela. O pai de Thaís está fazendo um ateliê para que ela possa desenvolver as habilidades artísticas. ;Mesmo que ela e os demais não continuem a pintar, é um trabalho que vai durar para sempre. Eles vão poder olhar para o quadrinho e dizer com orgulho que foram eles que fizeram;, acredita a coordenadora pedagógica da escola, Maria Genalva Barbosa de Moura.
As oficinas são ministradas nas manhãs de sábado, mas agora os jovens artistas estão na etapa final. Na próxima semana, a comunidade poderá conhecer os trabalhos e até comprar algum mais interessante. Bruno de Souza, 10 anos, é um que pretende vender alguns dos quadros que pintou, mas admite que irá a maioria ficará em sua casa. ;Vou levar para os meus pais verem;, disse o garotinho. Bruno já pinta como gente grande e é um dos poucos que não precisam de ajuda para criar uma tela. ;Ele é um artista nato. O que ele faz é fora de série;, elogiou a professora Genalva.
Estímulo
Mas não são apenas as crianças que participam do programa. Professores e pais de alunos também marcam presença na iniciativa que se destaca em 54 escolas do DF desde 2006. A orientadora educacional da Escola Classe 08, Maria das Graças Carneiro, não perdeu tempo e resolveu participar das oficinas aos fins de semana. E conta que, além de estimular a produção artística, desenvolver a criatividade e a coordenação motora, a pintura em tela é uma forma de aliviar o estresse: ;É uma terapia. Quando estou pintando, nem vejo o tempo passar. Me sinto feliz;.
Segundo a diretora do colégio, Ellen Campos Guedes, a realização de trabalhos dessa natureza também proporciona qualidade do ensino e melhora diretamente o ambiente escolar de modo geral, mas principalmente em relação à violência. ;Acho que, quando a gente abre uma escola e permite que a comunidade entre, cria-se uma relação muito importante. Ela passa a proteger mais o ambiente escolar e quer que ele esteja sempre conservado. De qualquer forma, a prática esportiva e a realização de trabalhos que envolvam a arte sempre melhoraram a autoestima, a organização e a convivência social, o que também ajuda nessa questão da violência;, destacou.
CONHEÇA
A exposição dos quadros começa no próximo dia 27, com inauguração prevista para as 20h, e será aberta a toda comunidade. Local: Escola Classe 08 de Taguatinga, na QNG 12 ;próximo ao Centro Administrativo, o ;Buritinga.;
Para saber mais
Comunidade participa
O programa Escola Aberta é uma iniciativa do MEC em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Tem por objetivo melhorar a qualidade da educação por meio da inclusão social. A escola é aberta aos fins de semana e oferece atividades de esporte, cultura, lazer, geração de renda e formação para a cidadania para estudantes e jovens. As atividades são desenvolvidas em oficinas, com temas escolhidos pela comunidade.Os recursos são repassados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) diretamente às escolas.
Personagem da notícia
Um prazer multiplicado
Genalva aprendeu a pintar em tela no ano passado com a professora Antonina Costa e, desde então, não parou de multiplicar seus conhecimentos. Enquanto aprendia a segurar o pincel, ela ensinava a neta Ana Luiza Barbosa Moura, de 7 anos, a fazer desenhos no papel. ;Começamos a pintar com tinta guache, mas teve um dia que ela cansou do papel, pediu para eu comprar uma tela e então não parou mais de pintar;, contou a avó. Luiza já fez 12 telas das mais diversas. O irmão, Lucas Xavier de Moura, 10 anos, também resolveu entrar na onda de Luiza e da avó. De um ano para cá, o pequeno produziu sete quadros. Genalva pinta cada tela com prazer, mas não esperava que os netos fossem despertar para a arte por sua causa. ;É muito bom saber que eles gostam do que fazem e me sinto feliz por eles serem apaixonados pela arte assim como eu;, disse, orgulhosa.
Maria Genalva Barbosa de Moura, 55 anos, coordenadora pedagógica