postado em 19/11/2009 07:30
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) comemorou ontem um século de trabalho na previsão do tempo no Brasil. Desde 1909, o órgão acompanha as mudanças climáticas em todas as regiões do país. Em 1917, essas informações começaram a ser publicadas em jornais . Décadas após a inauguração, a tecnologia mudou a forma de trabalho dos meteorologistas e hoje o Inmet conta com os registros de mais de 400 estações atualizados de hora em hora na internet. Em uma cerimônia na manhã de ontem, o diretor do instituto, Antônio Divino, relembrou a evolução do órgão. ;Houve um avanço nos computadores e na comunicação usados. Hoje, se tem modelos que simulam a dinâmica da atmosfera. Temos estações automáticas que dão dados em tempo real;, afirmou. O acervo do Inmet conserva registros antigos de observações meteorológicas datadas do fim do século 19, feitas à mão antes mesmo de o órgão surgir.
Os dados são centralizados na unidade de Brasília, que divulga para todo o país os avisos dos fenômenos. Hoje, existem 455 unidades automáticas que fazem a medição do tempo de hora em hora. A informação é enviada em tempo real para um satélite. De lá, os registros seguem para a central do Inmet, no Sudoeste.
As estações convencionais exigem o trabalho de um observador, que checa três vezes por dia os registros da temperatura, de pressão e de umidade. Todos os dias, às 9h, 15h e 21h, o observador checa a estação e passa os dados para o instituto. Os abrigos ficam separados por uma distância entre 100 e 150 quilômetros, o que garante uma grande cobertura. Além disso, os meteorologistas baseiam-se nas imagens transmitidas por satélite para fazer as previsões. Eles recebem fotografias do planeta e índices de temperatura dos oceanos e dos continentes.
Apesar das surpresas de última hora, a previsão do tempo quase sempre dá certo. Se um meteorologista do Inmet diz que amanhã vai chover ou fazer sol, ele tem 95% de chances de estar certo. Quanto maior o tempo de antecedência, menor a probabilidade de acerto ; ela cai a 80% quando a previsão é para daqui a cinco dias.
Rusticidade
Na década de 1940, quando o meteorologista Fernando Pimenta, 92 anos, entrou no Inmet, a avaliação do tempo contava com pouca tecnologia e era mais subjetiva. ;Era a mesma observação, mas com poucos dados;, lembra.
Na época, só era possível prever o tempo com antecedência de um dia. No início, o trabalho era manual, feito com lápis e borracha. Uma previsão que levava até duas horas para ser feita hoje é concluída em minutos. Pimenta aposentou-se em 1994, mas nunca deixou de acompanhar as evoluções do setor.
Em 1963, houve o primeiro vestibular para o curso de meteorologia do país, na UFRJ, e Luiz Carlos Austin, 68 anos, logo se candidatou. No terceiro ano de curso, surgiu a oportunidade de entrar no Inmet como estagiário. A sede do órgão foi transferida para Brasília em 1970 e Austin era um dos encarregados de colocar a unidade para funcionar.
Foram muitas as mudanças no trabalho do Inmet. ;A base fisicomatemática é a mesma, mas antes você não tinha elementos suficientes, o máximo da previsão era de 24h;, disse. Atualmente, Austin é o mais antigo meteorologista em atividade do instituto.
Confira o infográfico dos procedimentos de previsão do Inmet no site do Correio