postado em 20/11/2009 09:26
Um dia de modelo foi o que viveram, ontem, 25 meninas do Centro de Ensino Fundamental (CEF) n; 16 de Ceilândia Norte. Os cabelos cacheados ganharam atenção especial, e olhos e bocas receberam maquiagem colorida para o desfile realizado na Diretoria Regional de Ensino da cidade. Toda essa produção faz parte das comemorações do Dia da Consciência Negra, celebrado hoje. Além da apresentação, há uma exposição para os alunos apresentarem os trabalhos artísticos ligados ao povo africano desenvolvidos durante o ano e algumas comidas típicas que sofreram influência da cultura africana. Mas essa não foi a primeira vez que as alunas venceram a timidez e enfrentaram a passarela. No mês passado, a escola realizou a Semana da Inclusão para acabar com qualquer tipo de preconceito entre os estudantes. A ideia de trabalhar com o tema, que inclui o racismo, surgiu quando os professores tiveram de incluir a história do continente africano e de seu povo no currículo escolar, de acordo com a Lei n; 10.639, de 2003. ;Nós abrimos um novo espaço para o debate na escola porque o nosso trabalho não se resume a apresentar o conteúdo em sala de aula;, afirmou o professor de artes Edimilson Aprigio. Para realizar as atividades, todos os professores e estudantes da instituição se envolveram no projeto.
Segundo a professora de história Alessandra Lima, o desfile surgiu como uma oportunidade para valorizar e colocar em evidência a beleza negra. ;Esse tema não se apresenta para os alunos como uma imposição, mas como uma necessidade levantada por eles mesmos;, destacou. Ela acredita que muitos meninos e meninas são alvos de brincadeiras e apelidos pejorativos na escola por não se encaixarem no padrão de beleza valorizado pela sociedade de hoje. ;Precisamos colocar esses alunos no centro das atenções, mas de uma forma positiva. Assim, trabalhamos a autoestima desses jovens e a valorização da estética negra.; Os acessórios da apresentação foram produzidos pelos estudantes do centro de ensino e as roupas foram emprestadas por confecções de regiões próximas.
A jovem Gildeane de Jesus da Cruz, 14 anos, já se considera uma veterana nas passarelas. Ela fez um curso para aprender a desfilar e chegou a trabalhar como modelo por dois anos. A estudante da 7; série do ensino fundamental lembra que também participou por duas vezes de um concurso de beleza para a escolha da Garota de Ceilândia. Todos esses trabalhos lhe garantiram experiência e segurança. ;Gosto de desfilar e não fiquei nervosa hoje;, disse. A aluna do CEF n; 16 de Ceilândia assumiu que é vaidosa e gosta de se arrumar, mas não aprecia exageros.
Enquanto Gildeane se sentiu bem à vontade ao desfilar, o mesmo não ocorreu com a aluna da 6; série do ensino fundamental Mariana Pereira da Silva, 12 anos. Segundo suas amigas, ela está sempre maquiada e com os cabelos arrumados. Mesmo assim, Mariana conta que ficou nervosa ao entrar na passarela e encarar a plateia que a olhava atentamente. Mas o nervosismo logo passou e a jovem se acostumou com as atenções voltadas para ela. ;Seu eu puder continuar, vou seguir o trabalho como modelo;, entusiasmou-se.