A hepatite matou 12 brasilienses até o fim de setembro deste ano. O dado é do Núcleo de Hepatites Virais da Secretaria de Saúde do DF. Desde 2001, 147 pessoas morreram por complicações ocasionadas pela doença. No no ano passado, 21 casos foram fatais.
De acordo com o balanço da Secretaria, nos nove primeiros meses deste ano, foram registrados 586 casos, uma média de 65 novos infectados por mês. Caso os meses de outubro, novembro e dezembro mantenham a média, a quantidade de casos em 2009 será superior a 700 ; número 16,86% maior que em 2008, quando houve 599 pessoas infectadas.
Segundo a médica infectologista, chefe do Núcleo de Hepatites Virais da Secretaria de Saúde, Sônia Geraldi, há três tipos conhecidos de hepatite. São elas: A, B e C. O balanço destaca a quantidade de casos, ano a ano, de cada tipo de hepatite. O ano em que houve mais casos da doença no Distrito Federal foi em 2005, quando 1.710 pessoas infectadas foram monitoradas.
Evento
Neste sábado (21/11), haverá um simpósio de hepatites no Hospital de Base do Distrito Federal. Durante o encontro será discutida a importância da prevenção da doença. Além disso, serão explicados aspectos clínicos e terapêuticos, bem como os tratamentos disponíveis atualmente. As palestras ocorrerão das 9h às 12h, no auditório 1 do hospital, localizado no 12; andar.
Saiba mais
A especialista Sônia Geraldi explica cada tipo de hepatite. Entenda as características, a forma de contágio e os tratamentos disponíveis para cada uma.
Hepatite A
A transmissão ocorre por contato com água, fezes e alimentos contaminados. Geraldi afirma que esse tipo da doença é considerado benigno. ;A minoria dos casos evolui para um quadro grave;.
A principal característica da hepatite A é a pele amarelada. No entanto, a especialista destaca que, em crianças de até seis anos, esse sintoma pode aparecer em menor intensidade e passar desapercebido. O tratamento mais recomendável é o isolamento, para evitar contágio, e repouso entre 15 e 30 dias.
Existe vacina para esse tipo de hepatite. No entanto, ela não é disponibilizada nos Centros de Saúde como outras, mais comuns ; pode-se citar tétano, coqueluche e rubéola, por exemplo. ;Essa vacina é disponibilizada somente para situações especiais, como se a pessoa já teve outros tipos de hepatite, ou é portador do vírus B ou C, já que, nesses casos, contrair o tipo A pode piorar ainda mais a situação;.
Quanto mais velho se contrair a hepatite A, maior a chance de o caso ser grave. ;Quando isso ocorre dizemos que o caso é crônico e não oferece cura. A pessoa pode vir a óbito, o que é incomum;.
Hepatite B
Esse é o único tipo da doença que tem vacina disponível na rede, para pessoas com até 20 anos. Segundo Sandra Geraldi, imunização é altamente eficiente. ;Acima dessa idade, a dose é dada apenas para pessoas que fazem parte do grupo de risco, como profissionais da saúde, manicures, profissionais do sexo;. A hepatite B é sexualmente transmissível.
Geraldi destaca que o vírus B tem maior possibilidade de evoluir para um estado grave. De acordo com ela, de 5% a 10% dos casos em adultos infectados evoluem para um caso crônico, em que se fica com a doença para o resto da vida.
O tratamento, quando a hepatite B ainda não evoluiu para a fase aguda, é o mesmo da A: repouso. Quando o caso evoluiu para um estado de maior gravidade, há medicamentos que controlam a doença. Casos não tratados podem evoluir para cirrose hepática e câncer de fígado.
Hepatite C
O vírus C foi descoberto apenas em 1989, mas os testes nos bancos e sangue começaram a ser realizados apenas em 1993, de acordo com a especialista. Por isso, pessoas que fizeram transfusão de sangue antes disso estão no grupo de risco, já que podem ter recebido um sangue infectado. Sandra Geraldi ressalta que a quantidade de pessoas infectadas por ele é maior que os contaminados por HIV ; 170 milhões e 40 milhões, respectivamente.
É a forma mais grave da doença. Segundo a especialista, 80% dos casos evoluem para um estado crônico. A transmissão ocorre por sangue infectado. Assim, também fazem parte do grupo de risco usuários de drogas injetáveis e inaláveis. A transmissão sexual acontece em menor escala.
Não há conhecimento de um tratamento efetivo para a hepatite C. No entanto, Gerladi destaca que uma injeção ajuda a controlar o vírus. ;Mas é necessário identificar os portadores do vírus C;.
Testes gratuitos podem ser feitos nos Centros de Saúde ou no Centro de Testagem e Aconselhamento, localizado na plataforma do meio da Rodoviária do Plano Piloto. Lá também são disponibilizados exames para detectar sífiles e hepatite B.