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Casados, sim. Fiéis, nem tanto

Pesquisa confirma o que para muitos é óbvio: 18% dos homens comprometidos e 11% das mulheres traem

postado em 24/11/2009 07:30
Pesquisa confirma o que para muitos é óbvio: 18% dos homens comprometidos e 11% das mulheres traemA infidelidade está presente na cama dos brasilienses. De cada 10 homens casados, dois já traíram alguma vez no último ano. As mulheres comprometidas não ficam muito atrás. Pelo menos uma em cada 10 experimentaram outra boca que não fosse a do marido (leia quadro). Os motivos para fazer sexo fora do casamento são os mais variados. Diferença de apetite sexual, incompatibilidade de horários, distanciamento físico, períodos de gestação e amamentação, problemas financeiros e desentendimento entre o casal são alguns dos fatores que levam as pessoas a pular a cerca.

A estatística faz parte de levantamento feito por 10 pesquisadores da Universidade Católica de Brasília (UCB), entre agosto e outubro deste ano. O estudo embasou a tese de doutorado Felicidade, casamento e choques positivos de renda, de Alexandre Damasceno. Segundo o orientador e autor da pesquisa, o professor de economia Adolfo Sachsida, os 1.521 entrevistados em todo o Distrito Federal responderam perguntas sobre a frequência sexual semanal e a quantidade de parceiros sexuais nos últimos 12 meses. ;Percebemos que, a cada 10 brasilienses, três não têm nenhum tipo de relação sexual. Os mais ativos são os homens com mais de 40 anos. Os casados se destacam na pesquisa porque fazem mais sexo, por semana, do que os solteiros. Em média, 18,3% têm mais de duas parceiras no período de um ano. As mulheres também traem: 11,2% das casadas já tiveram uma relação extraconjugal;, afirma Sachsida.

O empresário Anderson*, 59 anos, é casado há três décadas. Ele prefere não assumir que trai a mulher. ;Eu gosto de namorar outras mulheres para ter mais paciência com a minha parceira. Quando você casa e está novo, tudo é festa, mas depois as coisas mudam. Os filhos chegam, você perde privacidade, a mulher esfria depois da menopausa, entre outras coisas. O sexo não é tudo na vida de um casal, não vou me separar da minha mulher. Adoro a minha vidinha;, declara. Hoje, ele mantém um relacionamento extraconjugal com uma mulher de 40 anos. ;Depois de uns quatro, cinco anos, todo mundo dá um pulada de cerca. Acho que minha mulher deve saber mas finge que não vê. Não é traição, é valorização do meu casamento;, defende.

A psiquiatra e sexóloga Carmita Abdo, coordenadora do programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do Hospital das Clínicas de São Paulo, considera a estatística candanga abaixo da média de outras pesquisas e diz que há uma tendência crescente no número de mulheres que traem no casamento. ;Hoje se vê a traição como um fato possível de acontecer. Ainda dói muito, as pessoas guardam muito ressentimento pelas outras, mas tem gente que não considera sexo traição. Depende dos motivos que levam a isso ;, diz. A bancária Fabiana*, 42 anos, traiu os dois maridos que teve. Uma das escapulidas foi com um homem também casado. ;Não me sentia realizada na cama. Meu primeiro marido era muito machista e só pensava nele. Comecei a trair e tomei gosto. O último (ela está casada há dois anos) também já traí. Hoje vejo de outra forma a relação a dois e não acredito que o ser humano possa ser monogâmico por muito tempo;, confessa.

Dinheiro
De acordo com a pesquisa, pessoas que ganham acima de R$ 1 mil por mês fazem mais sexo do que quem ganha menos. Quem tem um nível escolar mais elevado também encontra mais facilidade em manter relações sexuais por semana. ;Esse resultado pode se explicar pelo fato de que quem ganha menos também tem menos estrutura para fazer sexo, seja por excesso de trabalho, falta de privacidade numa casa pequena ou questões de saúde;, analisa Carmita.

O engenheiro Carlos*, 45 anos, acredita que mulheres se atraem pelo confortável padrão de vida dele. ;As mulheres buscam prazer e boas condições financeiras. Fica vestido de gari no ponto de ônibus para ver se alguém te olha.; Apesar desse ;fator de atração;, Carlos reclama que está difícil achar alguém disposto a um compromisso. Não apenas na cama, na avaliação da terapeuta e sexóloga familiar Jerusa Figueredo Netto, do Instituto de Ciências Sexológicas e Orientação Familiar: ;O comprometimento hoje, no sexo, no trabalho, na vida familiar é diferente do que 30 anos atrás. Existe mais liberação em todos os sentidos;.

* Nomes fictícios a pedido dos entrevistados
Pesquisa confirma o que para muitos é óbvio: 18% dos homens comprometidos e 11% das mulheres traem

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