postado em 25/11/2009 07:00
Afastado do Centro Educacional 4 de Taguatinga há 12 dias sob a acusação de obrigar alunos a praticar rituais de candomblé, o professor Francisco Albuquerque Santos Filho recorreu à Justiça para lutar por seus direitos. Na última sexta-feira, ele apresentou ao Núcleo de Enfrentamento à Discriminação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios uma denúncia de discriminação e intolerância religiosa. O professor tocava o projeto Africanidades desde o início do ano com cerca de 400 alunos do ensino médio. O problema ocorreu às vésperas das apresentações marcadas para o Dia Nacional da Consciência Negra (20/11), quando alunos evangélicos e católicos alegaram à diretora que estavam sendo obrigados a realizar danças de candomblé e que não entregariam painéis com figuras de orixás. A direção acatou a reclamação dos estudantes e o devolveu à Diretoria Regional de Ensino de Taguatinga, que transferiu o professor para outra escola enquanto apura o caso.
Albuquerque nega que tenha abordado a religiosidade africana nas aulas e diz que as danças são apenas manifestações culturais, sem fundo religioso. Ele afirma que ensinou apenas a história, a geografia e a cultura da África e sua repercussão no Brasil. ;Pedi os painéis para decorar o auditório;, ressalta. ;Agora, aguardo a Justiça e sei que ela vai comprovar que tudo isso nada mais foi do que intolerância religiosa.; O educador procurou ainda a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa e o Núcleo de Atenção à Diversidade e Intolerância Sexual, Religiosa e Racial (Nudin) da Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest).
A promotora de justiça Laís Cerqueira Silva, do MPDFT, aguarda a entrega do ofício de afastamento e materiais trabalhados em sala pelo professor para então instaurar um procedimento e ouvir a escola. Laís pretende resolver o caso com base no diálogo. Segundo ela, a ação judicial fica para último plano.
Protesto
Membros do grupo Afrojovem planejam realizar um protesto amanhã, às 15h, em frente à Diretoria Regional de Ensino de Taguatinga. Vestidas com trajes do candomblé e ao som de atabaques, cerca de 100 pessoas vão pedir justiça pelo professor e pela religião de matriz africana. A manifestação tem apoio da Federação de Candomblé e Umbanda do DF e Entorno, Fórum Religioso Permanente Afrobrasileiro do DF e Entorno (Foafro), Sindicato dos Professores (Sinpro-DF) e Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa.