Cidades

Escola acusa Ilal de fraude

Diretores da Epec, do Rio de Janeiro, garantem à polícia que o centro de ensino do DF usava sem autorização o nome da empresa carioca para emitir certificados de ensino médio

Guilherme Goulart
postado em 27/11/2009 08:02
Na UnB, 81 alunos tinham certificados do Ilal: 12 tiraram novos diplomasA investigação aberta pela polícia contra o Instituto Latino-Americano de Línguas (Ilal) aprofundou o esquema de venda e emissão de certificados de conclusão de ensino médio no Distrito Federal. Depoimento de um dos responsáveis pela Empresa de Pesquisa, Ensino e Cultura (Epec), do Rio de Janeiro, reforçou as suspeitas de estelionato, falsidade ideológica, uso de documento falso e falsificação de documentos por parte da escola candanga. O Ilal oferecia supletivos a distância sem autorização da Secretaria de Educação do DF e usava o nome da Epec para dar credibilidade à fraude.

O diretor da instituição carioca, Fernando Arduino, e o assessor jurídico da entidade, advogado Luiz Eduardo D;Ávila, prestaram esclarecimentos voluntariamente na Delegacia de Defraudação e Falsificação (DEF) ontem. Vieram do Rio para reforçar a equipe de investigação que jamais existiram vínculos entre a Epec e o Ilal. ;Nunca tivemos contato com ninguém do Ilal. Usaram nosso nome indevidamente e vão responder na Justiça por isso. Vamos pedir reparação moral, pois feriram nossa imagem;, afirmou Arduino.

A Epec oferece cursos de graduação e de pós-graduação. Arduino e D;Ávila desconfiam que o nome da empresa acabou envolvido no suposto esquema montado pelo Ilal a partir de 2006. ;Nós oferecíamos pós-graduação e conseguimos credenciamento para supletivo, mas não chegamos a usá-lo. Logo em seguida, recebemos autorização para a graduação e desistimos de vez do supletivo;, disse o diretor. No mesmo ano, a Epec assinou escritura de transferência de responsabilidade para outra entidade carioca.

Essa empresa recebeu o aval da Secretaria de Educação do Rio de Janeiro para a oferta de supletivo. Não tinha autorização, porém, para usar o nome da antiga dona do credenciamento. Anos depois, a Epec descobriu que outras escolas exploravam a marca dela para cursos de conclusão do ensino médio. Entre elas, o Ilal. A instituição do DF inclusive distribuiu históricos escolares com o logotipo da Epec. ;A marca e o endereço que aparecem no documento não são os nossos. São fraudados;, garantiu o advogado D;Ávila.

Outras assinaturas
O delegado adjunto da DEF, Márcio Salgado, ouviu os depoimentos dos representantes da Epec. Defendeu que ainda é cedo para definir os possíveis crimes cometidos pelos donos do Ilal. Mas adiantou que há suspeitas de estelionato e falsificação. Os responsáveis legais pela escola candanga entregaram à polícia documento sobre o convênio entre o Ilal e a Epec. Mas, segundo Arduino, as assinaturas são de funcionários de outra instituição carioca. A mesma que ficou no lugar da Epec para a oferta de supletivo.

A atuação do Ilal deixou sob suspeita o acesso às universidades da capital do país. Quatro delas encontraram 138 estudantes que passaram no vestibular, mas apresentaram certificados do Ilal. A Universidade de Brasília (UnB) tem 81 casos. Na última terça-feira, encerrou-se o prazo para que todos os alunos ; inclusive aqueles em situação irregular ; apresentassem os diplomas de conclusão de ensino médio. Dos 81, 12 mostraram novos documentos, que ainda serão analisados.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação