postado em 28/11/2009 10:18
; Lilian Tahan; Ana Maria Campos
; Luiz Calcagno
Em reação à Operação Caixa de Pandora da Polícia Federal, o governador José Roberto Arruda (DEM) afastou os integrantes do primeiro escalão do Executivo citados no suposto esquema de pagamento de propina envolvendo deputados distritais e a cúpula do GDF. Algumas horas depois de deflagradas as medidas judiciais de busca e apreensão nos gabinetes e nas casas de integrantes da administração local e do Legislativo, Arruda divulgou nota em que comunica sua decisão.
Quatro integrantes do GDF com status de secretário deixaram ontem o governo. O secretário de Educação, José Luiz Valente, o chefe da Casa Civil, José Geraldo Maciel, o chefe de gabinete, Fábio Simão, além do assessor de imprensa Omézio Pontes saíram do GDF preventivamente. O secretário de Relações Institucionais e autor das denúncias que subsidiaram a operação da PF, Durval Barbosa, foi exonerado do governo ontem. Em nota, Arruda diz que ;a determinação será a de contribuir com as investigações para a completa e cabal apuração dos fatos;.
Além de integrantes do governo, a polícia também investiga a participação do presidente da Câmara Legislativa, Leonardo Prudente (DEM), do presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, Rogério Ulysses (PSB), da líder do governo, Eurides Brito (PMDB), e do suplente Pedro do Ovo (PRP). Prudente negou saber o motivo da investida da Polícia Federal à sua residência no Lago Norte e ao seu local de trabalho. Por meio de sua assessoria, informou que o mandado de busca e apreensão se restringia a uma ação no gabinete 13 do deputado, mas o distrital teria autorizado a entrada dos policiais na presidência da Câmara e em todas as dependências administrativas subordinadas ao presidente. Segundo a assessoria, essa foi uma forma de colaborar na investigação.
Dados fornecidos
O Correio conversou com o deputado Rogério Ulysses. O distrital disse que está à disposição da polícia para prestar qualquer esclarecimento. ;Não tenho nenhuma informação sobre o que motivou a entrada em meu gabinete. Quero apenas que isso se resolva e não faço ideia de como meu nome foi se envolver com essa história desagradável. Não sei se incomodei alguém. O que me interessa no momento é ver esse caso solucionado;, disse.
O deputado suplente Pedro do Ovo disse que prestou as informações pedidas pela polícia, incluindo dados sobre empresas envolvidas nas investigações. ;Eles quiseram saber se eu conhecia as empresas que mantêm negócios com o governo. Sou apenas um suplente licenciado. Faço apenas meu trabalho de político e desconheço esses repasses;, garantiu. Todos os envolvidos, inclusive representantes das empresas citadas no suposto esquema de corrupção, entraram com pedido de vista ao processo no Superior Tribunal de Justiça (STJ) durante a tarde de ontem. Eurides Brito, por sua vez, não deu declarações.
De acordo com uma fonte ouvida pelo Correio, um funcionário presenciou, por volta de 21h de quinta-feira, uma grande movimentação de caixas e de papéis na Câmara Legislativa. O material teria sido retirado do órgão na noite anterior à deflagração da Operação Pandora, e poderia estar relacionado com a ação da polícia.