postado em 30/11/2009 08:21
; Lilian Tahan; Ana Maria Campos
; Ricardo Brito
No momento em que integrantes do governo tentam reunir forças para tocar uma administração dilacerada com o escândalo aberto pela Operação Caixa de Pandora, os partidos da base aliada começam a debandar. Duas legendas confirmaram oficialmente que estão de saída. O PDT e o PSB não querem mais vínculo com o GDF. A direção dos dois partidos se reúne hoje para discutir como se dará o rompimento formalmente. Outros partidos, como o PPS, sofrem pressão nacional para o desenlace.
O PDT vai entregar os três cargos que mantém no governo: a secretaria de Educação Integral (Marcelo Aguiar), a gerência das Escolas Técnicas (Edilson Barbosa) e a secretaria-adjunta do Trabalho (Israel Baptista). Hoje, a executiva do partido fará uma reunião na qual colocará o desembarque da base em votação. O senador Cristovam Buarque diz que a legenda deixará a administração. ;Estamos muito satisfeitos com o trabalho que os nossos partidários fazem, mas não consideramos conveniente que continuem;, avaliou o senador. Ao mesmo tempo em que sai, o partido aproveita as circunstâncias para projetar o futuro: ;Tudo isso confirma a nossa disposição de termos um candidato próprio;.
A sintonia fina entre o PSB e o governo também está por um fio depois que veio à tona a Operação Caixa de Pandora, em que a Polícia Federal investiga o suposto esquema de corrupção envolvendo o governo e o Poder Legislativo. A posse de Joe Valle na semana passada à frente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) foi o momento em que a sigla chegou mais perto de formalizar sua ligação com o DEM do governador José Roberto Arruda. Agora, no entanto, o partido deve exigir que ele deixe o cargo. ;Nunca estivemos formalmente na base do governo. A nomeação de Joe Valle foi um posicionamento pessoal. Mas agora haverá uma reunião da direção do partido, em que a tendência é a orientação para que ele deixe o posto;, disse o deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB-DF).
Rumos
Um dos partidos mais atuantes da base de apoio ao governo de Arruda, o PPS enfrentará disputa interna para definir os rumos da legenda. Integrantes da sigla no DF que ocupam cargos importantes no governo sofrerão pressão para deixar os postos. Um deles é ocupado por Alírio Neto como secretário de Justiça e Cidadania, o outro, por Augusto Carvalho, no comando da Saúde. A direção nacional do PPS cobra que os partidários se desvinculem do GDF. A resistência virá justamente dos representantes locais da agremiação, que não aceitam a determinação imposta pela direção nacional no caso. Consideram que esse não é o melhor momento para a saída. ;É um assunto que a direção regional ainda vai discutir. A crise é grave, mas até agora não tomamos a decisão de deixar o governo;, afirmou o presidente do PPS no DF e secretário-adjunto da Saúde, Fernando Antunes.
O PMDB, que até alguns dias atrás sofria com a decisão do DEM de fechar chapa pura para disputar as eleições de 2010, agora está numa encruzilhada. Tem distritais na base do Executivo, como a líder do governo Eurides Brito, Benício Tavares e Rôney Nemer (todos citados no inquérito do Superior Tribunal de Justiça), além de vários cargos espalhados pela administração. Mas a direção regional do PMDB calcula que o vínculo ao governo enfraquecido pelas denúncias de corrupção pode ser fatal nas eleições de 2010. O presidente da legenda no DF, Tadeu Filippelli, não quis se manifestar publicamente, mas demonstra a interlocutores constrangimento com a situação. Filippelli tem força no partido para tomar sozinho qualquer decisão, porque tem maioria no diretório e executiva regionais.
PPS exige saída imediata
O presidente do PPS, ex-senador Roberto Freire, defende a saída imediata para que as investigações possam ser aprofundadas. Além de outros postos no segundo escalão, o partido comanda duas secretarias: a de Saúde, com o deputado federal Augusto Carvalho, e a de Justiça, com o deputado distrital Alírio Neto. O próprio Roberto Freire faz parte de um conselho consultivo de Arruda, que discute assuntos considerados estratégicos pelo governo local. Os integrantes do ;conselho de notáveis;, contudo, não têm direito a jetons.
;São fatos extremamente graves, mas cabe à Executiva do DF decidir (pela permanência);, afirmou o deputado Raul Jungmann (PPS-PE). ;Eu, como membro da Executiva Nacional, optaria pelo afastamento até que as denúncias sejam esclarecidas;, completou ele. Mesmo estando em Tegucigalpa, onde acompanha as eleições hondurenhas como observador internacional, o deputado conversou por telefone com o presidente do PPS, Roberto Freire. Bastante preocupado com a situação do DF, segundo Jungmann, Freire quer a saída do partido do governo Arruda.