Mariana Flores
postado em 01/12/2009 08:00
Os brasilienses gastam mais em maquiagem, perfume, shampoo e em salões de beleza do que com mensalidades de faculdades. Os produtos e serviços de cuidados pessoais consomem 3,35% da renda mensal dos moradores do Distrito Federal, contra 2,90% das faculdades. Com tanta disponibilidade para gastar com a própria aparência, as empresas têm uma margem grande para reajustar preços. A demanda elevada fez com que os valores ficassem acima da inflação nos últimos 12 meses e em índices maiores que os da média nacional. Um levantamento feito pela Fundação Getulio Vargas (FGV), a pedido do Correio, mostra que os itens de cuidados pessoais ficaram 5,49% mais caros de novembro de 2008 a outubro deste ano, contra os 5,16% registrados na média nacional. A inflação no período foi de 5,12%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S). Os reajustes não fizeram distinção de sexo. Os esmaltes encareceram, em média, 23,84% e os absorventes higiênicos, 10,84% (veja quadro). Os preços do aparelho de barbear subiram 21,46% e o creme de barbear, 19,49%. ;Quanto mais alta a renda, mais as pessoas gastam com itens que não são considerados básicos. Além disso, Brasília tem consumidores que demandam um grau de qualidade maior, que acabam custando mais caro;, analisa o economista Adolfo Sachsida, professor da Universidade Católica de Brasília (UCB).
[FOTO2]A dona de casa Adriana Vitória da Silva, 40 anos, e a filha, a universitária Marcelly Vitória da Silva, 18, fazem parte desse universo de brasilienses ávido por cuidar da aparência. Apenas com os cuidados do cabelo, cada uma gasta mais de R$ 300 por mês, sem contar com os cremes para o corpo e as maquiagens. Moradoras do Park Way, elas fazem visitas periódicas às lojas que mais gostam para conferir as novidades. Ao salão, vão todas as semanas. E, quando viaja para o exterior, os cremes enchem a mala de Adriana na volta ao Brasil. ;Adoro ver as novidades, sei tudo o que chega ao mercado;, conta Marcelly. ;Sempre gostei. Acho que ela aprendeu a gostar me vendo passar cremes, me cuidando. Tenho várias gavetas cheias de cremes em casa;, conta Adriana.
Investimentos
Com a demanda elevada, as empresas estão focadas na capital federal. A MAC, empresa canadense presente em 58 países e com 11 lojas no Brasil, abre sua primeira unidade em Brasília na próxima semana, no ParkShopping. O franqueado Guilherme Siqueira já contratou oito funcionárias e conta com o sucesso. ;Brasília é um mercado muito bom, no ramo de maquiagem deve ser o terceiro ou o segundo do país. Em 2010 pretendo abrir outra loja.;
O Boticário, maior rede de franquias de perfumaria e cosméticos do país, tem 52 lojas apenas no DF. Para cada 50 mil brasilienses, o grupo tem um ponto de venda. A média nacional é de uma loja para cada 71 mil pessoas. Recentemente, o grupo Saad, grife de mais de 40 anos no ramo de moda e acessórios, lançou a linha de produtos de cosméticos.
O Brasil todo é visto como um mercado forte para o segmento. O país ocupa a terceira posição no ranking mundial de consumo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e do Japão. O crescimento é constante, independente da situação econômica do país. O acréscimo de vendas superou os 10% ao ano nos últimos 13 anos. Em 2008 o setor faturou R$ 21,7 bilhões, segundo a Associação Brasileira de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). No primeiro semestre deste ano o aumento foi de 18%. Até o fim do ano a expetativa é que o setor fature 11% mais que em 2008.
"Brasília é um mercado muito bom, no ramo de maquiagem deve ser o terceiro ou o segundo do país. Em 2010 pretendo abrir outra loja"
Guilherme Siqueira franqueado da MAC, empresa canadense
Guilherme Siqueira franqueado da MAC, empresa canadense