postado em 01/12/2009 07:30
A liberdade de Cláudio José de Azevedo Brandão, 38 anos, será decidida nas próximas horas pelo juiz de direito João Lourenço da Silva, titular do Tribunal do Júri de Taguatinga. O advogado do suspeito preso, Nivaldo Pereira da Silva, pediu ontem a revogação da prisão preventiva de seu cliente. O requerimento foi protocolado na Terceira Vara Criminal de Taguatinga. Lá, Cláudio responde a processo pelo roubo de uma moto, cometido em janeiro de 2009. A ação é a única medida que o mantém atrás das grades, já que a polícia não conseguiu provas que comprovassem a participação dele no triplo assassinato ocorrido em 28 de agosto na 113 Sul. A prisão temporária pelo suposto envolvimento no triplo homicídio venceu na semana passada. O advogado argumentou, no pedido, que Cláudio vinha colaborando com a Justiça antes de ser preso e, por isso, não vê motivo para o mandado de prisão ter sido expedido. Pereira afirmou que seu cliente não faltou a nenhuma audiência. ;Meu cliente compareceu a duas intimações da Justiça este ano. Por que só agora, depois da inclusão do nome dele na lista de suspeitos do outro caso (Villela), a Justiça resolveu expedir o mandado de prisão preventiva?;, questionou.
Cláudio está preso desde 13 de novembro, mas o nome dele apareceu nas investigações bem antes disso. Levado para a 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul) ainda em setembro, o homem acabou liberado depois de prestar depoimento. Mas retornou com um colar que acabou submetido ao reconhecimento de parentes e amigos de José Guilherme Villela e Maria Carvalho Mendes Villela ; assassinados a facadas no apartamento deles naquele 28 de agosto. A principal empregada do casal, Francisca Nascimento da Silva, também foi morta. A filha dos Villela, Adriana, negou que a peça fosse uma das joias tiradas do closet do imóvel dos pais, situado no Bloco C da 113 Sul. Ele, então, foi novamente liberado.
Chave
Mas a prisão de Alex Peterson Soares, 23, e Rami Jalau Kaloult, 28, em 3 de novembro, trouxe à tona o nome de Cláudio mais uma vez. A polícia encontrou a chave do apartamento das vítimas na casa dos dois. A operação de busca e apreensão na casa de Rami e Alex, situada no mesmo lote onde Cláudio mora, na Vila São José de Vicente Pires, ocorreu depois do depoimento da mulher de Cláudio, Gláucia Sousa, 37. Ela afirmou ter ouvido Rami comentar que havia tido uma bronca com a polícia devido ao golpe que deu em uma moradora da Asa Sul.
Como, até agora, a polícia não apresentou nenhuma prova que confirme o envolvimento de Cláudio nos assassinatos três assasinatos, existe a possibilidade de ele sair ainda hoje da carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE). A mulher dele o aguarda em casa com os quatro filhos. ;Ele não tem qualquer participação nesse crime;, defendeu Gláucia. Agentes da força-tarefa da Polícia Civil designada para cuidar do caso estiveram na casa de Cláudio na última sexta-feira e recolheram roupas e calçados(1) do suspeito para análise no Instituto de Identificação da Polícia Civil.
No dia, Gláucia prestou novo depoimento. Desta vez, na Coordenação de Investigação de Crimes contra a Vida (Corvida) ; que fica no complexo do DPE. Segundo a mulher, o interrogatório foi conduzido pela delegada Mabel Faria. ;Nem ela mesma acredita no envolvimento do meu marido no crime da 113 Sul. A delegada me disse que não tem provas contra ele, mas que continuará a investigá-lo;, comentou Gláucia.
Solado
A polícia quer comparar a sola dos tênis que a polícia recolheu da casa de Cláudio com as pegadas deixadas, no dia do crime, no apartamento unificado 601/602 do Bloco C da SQS 113.
Dupla ainda atrás das grades
A possível liberação de Cláudio Brandão não é a única dor de cabeça dos policiais que investigam as mortes de José Gilherme Villela, Maria Carvalho Mendes Villela e de Francisca Nascimento da Silva. Nesta quinta-feira, vencerá o prazo da prisão temporária dos outros acusados: Alex Peterson Soares e Rami Jalau Kaloult. É certo que ainda cabe uma prorrogação, mas o pedido precisa ser encaminhado ao Ministério Público. A situação da dupla é mais complicada, pois a chave que a abre uma das portas do apartamento 601/602 do Bloco C da 113 Sul, onde moravam as vítimas, estava no chaveiro encontrado na casa de Rami e Alex em 3 de novembro.
Os dois alegaram inocência e disseram que a chave estava com eles a pedido de Cláudio. Os três, por enquanto, continuam no cárcere do Departamento de Polícia Especializada (DPE). Embora neguem qualquer vínculo com o crime, há alguns indícios do envolvimento deles descobertos pela polícia. Duas testemunhas afirmaram ter visto Cláudio no prédio. Isso desmente o depoimento dele, que afirma nunca ter pisado na 113 Sul. Além disso, a polícia investiga um suposto envolvimento de Cláudio com Francisca. O relacionamento teria facilitado a entrada dele no apartamento dos Villela.
Sangue no carro
A lista de mandados de prisão contra pessoas investigadas por envolvimento direto no caso já chegou a cinco. Em setembro, dois homens tiveram a prisão decretada pela Justiça. D. e A. ; como a dupla foi identificada ; eram primos e surgiram como suspeitos a partir de uma denúncia anônima. No carro de D, havia marcas de sangue. Mas exames feitos pelo Instituto de Medicina Legal (IML) comprovaram que o material coletado não era de nenhuma vítima da 113 Sul. A. acabou liberado. O primo dele só permanece detido porque responde a crime de clonagem de placa de carro. O veículo com os vestígios de sangue era roubado.