Cidades

DEM e outros governistas tentam recuperar o poder perdido na Câmara Legislativa

Já se discute a renúncia de Leonardo Prudente, o que resultaria na necessidade de novas eleições para a presidência

postado em 04/12/2009 08:00
O escândalo que implodiu o Governo do Distrito Federal (GDF) e a Câmara Legislativa provoca agora uma rearrumação de forças políticas, passando por intensas articulações em nível local e nacional. Enquanto petistas e rorizistas se aproximam para fechar um bloco que ganhe força no Legislativo, o DEM e os governistas tentam recuperar o poder perdido na esfera distrital. A secretária Eliana Pedrosa foi eleita distrital pelo DEM e está cotada pelo partido para voltar à Câmara e entrar numa eventual disputa à presidênciaA Câmara Legislativa está em paralisia. Não houve sessão ontem, mas os deputados distritais trabalham a todo vapor fora dela, em reuniões secretas. A deputada distrital Jaqueline Roriz (PMN), o senador Gim Argello (PTB), que é vice-líder do governo federal no Senado, e os deputados distritais Érika Kokay (PT) e Paulo Tadeu (PT) se reuniram ontem para alinhavar uma possível aliança. Tentativa de construir um bloco de oposição a Arruda na Câmara Legislativa, o que fortalece o PT. Em troca, a gestão do ex-governador Joaquim Roriz (PSC) seria poupada da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai apurar o suposto esquema de corrupção no Executivo local. Para Gim Argello (1), uma CPI da gestão Roriz não o deixa em situação confortável, o que o torna interessado nas articulações, ao mesmo tempo que sua proximidade agora com o governo federal petista o torna ponte para a aproximação entre o PT e rorizistas. Enquanto isso, o DEM tenta recuperar a presidência da Câmara Legislativa perdida para o PT. O deputado Cabo Patrício (PT) assumiu o cargo com o afastamento de Leonardo Prudente (DEM) há três dias, devido ao desgaste das denúncias. Prudente aparece em imagens gravadas recebendo dinheiro e o escondendo até nas meias. Ele e outros sete parlamentares são citados no inquérito da Polícia Federal que deflagrou a Operação Caixa de Pandora na sexta-feira passada. Para a então base de apoio ao GDF, a permanência de Patrício na presidência é no mínimo desconfortável. Para o DEM, mais uma derrota política. Por isso, na tentativa de o partido reaver o poder na Casa, Prudente estaria sendo convencido a transformar o afastamento temporário em renúncia do cargo de presidente da Câmara. Assim, seria necessário convocar, segundo o regimento interno, nova eleição para a Mesa-Diretora. Eliana Pedrosa e Paulo Roriz, distritais eleitos pelo DEM, que estão no governo como secretários de Ação Social e Habitação respectivamente, podem retornar à Câmara para entrar nessa nova eleição. Ambos estão fora do alvo das acusações. Eliana Pedrosa seria o nome com a missão de recuperar a presidência da Casa. Mas, por enquanto, ela e Paulo Roriz permanecem em seus cargos no governo Arruda até que o DEM nacional tome posição oficial sobre o caso. Viagem Prudente afirmou ao Correio: "Eu não vou renunciar. Vou continuar o bom trabalho que eu e a Mesa-Diretora estávamos realizando na Casa", limitou-se a dizer antes de viajar para a fazenda de um amigo ontem, de onde voltará no domingo. Pessoas ligadas a Prudente contam que, após o afastamento do cargo, 14 deputados distritais estiveram na casa dele prestando solidariedade. Ele pediu 60 dias e pretende retornar ao cargo após esse período. A pedido do presidente em exercício, deputado Cabo Patrício (PT), a procuradoria da Câmara deve divulgar hoje o parecer jurídico sobre os seis pedidos de impeachment protocolado na terça e na quarta-feira. Patrício havia pedido ao procurador José Edmundo que apresentasse o parece em 24 horas - até ontem -, apesar de o prazo normal para esse tipo de procedimento ser de 10 dias. Mas o procurador não teve condições de avaliar todos os requerimentos. Se considerados legais, eles seguem para a Comissão de Constituição e Justiça, cujo presidente, Rogério Ulysses (PSB) também afastou por envolvimento nas denúncias. Se aprovados, vão à plenário. Serão necessários 16 votos para afastar o governador. Dos 24 deputados, 18 "em tese" são da base aliada de Arruda e oito estão envolvidos nas denúncias de recebimento ilegal de dinheiro. Os governistas evitam aparecer na Câmara desde que o escândalo foi detonado. Ontem, apenas estiveram na Casa sete deputados (os quatro da bancada do petista, além de José Antônio Reguffe do PDT, Miltom Barbosa do PSDB e Wilson Lima do PR). Miltom estava na Câmara quando os petistas e Reguffe tentaram abrir a sessão, que foi encerrada por falta de quórum. Se tivesse comparecido em plenário, Miltom (irmão de Durval Barbosa) poderia ter garantido o número mínimo de presença para abrir pelo menos as discussões. Mas não foi. "Não há clima de segurança para trabalharmos nessa Casa agora", justificou ao sair, evitando a imprensa. 1 - Suplente Gim assumiu o mandato no Senado Federal como suplente de Joaquim Roriz, que teve de renunciar ao cargo há dois anos por envolvimento na Operação Aquarela, do Ministério Público e da Polícia Civil do DF. A ação investigou irregularidades no Banco de Brasília (BRB). Em conversas gravadas, Roriz combinava com o então presidente do banco a partilha de cerca de R$ 2,2 milhões. Roriz explicou que o dinheiro seria parte de negociação com o presidente da Gol Linhas Aéreas, Nenê Constantino. Dos R$ 2,2 milhões, o então senador teria pedido empréstimo de R$ 300 mil para a compra de uma bezerra. Leia matéria na íntegra na edição impressa do Correio

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