postado em 04/12/2009 16:25
A Farmácia de Alto Custo da Secretaria de Saúde do Distrito Federal tem hoje (4) uma lista de pelo menos 30 medicamentos que deveriam ser oferecidos gratuitamente à população, mas que estão com estoque zero.A Agência Brasil já havia publicado uma denúncia sobre problemas com a distribuição de remédios de alto custo em agosto deste ano. Na época, pelo menos 15 medicamentos estavam em falta e a previsão para normalizar o estoque era de dez dias.
A dona de casa Ruth de Moura, 56 anos, acordou cedo ontem (3) para ir ao local e buscar o remédio que toma para tratar de uma asma grave. Mal chegou, recebeu a notícia de que o remédio estava em falta. A única opção, segundo ela, foi voltar ao hospital e trazer uma receita diferente ; na qual constava um medicamento substituto e disponível na farmácia.
;A médica alterou porque não posso comprar em outro lugar. Às vezes, não tenho nem o dinheiro da passagem e eles fazem a gente ir de lá para cá. Perdemos ainda mais tempo;, reclamou Ruth. Há sete anos tentando tratar a doença, ela admite que, só neste ano, já ficou duas semanas sem tomar o remédio porque o estoque era nulo na Farmácia de Alto Custo.
Maria da Glória Bernardo, 61 anos, confirmou a dificuldade por parte da Secretaria de Saúde em manter o estoque de remédios. O marido dela sofre de asma desde criança. A dona de casa contou que, entre setembro e outubro deste ano, teve que recorrer aos filhos para conseguir comprar o medicamento em falta na Farmácia de Alto Custo.
;Cada um teve que dar um pouquinho porque o remédio custa R$ 98;, disse. Maria da Glória teme que a crise vivida pelo governo do Distrito Federal acabe por prejudicar ainda mais a distribuição de medicamentos de alto custo. ;No lugar de colocarem mais remédios para a gente, estão roubando. Foi uma decepção muito grande."
O secretário de Saúde em exercício, Florêncio Figueiredo, afirmou na última quarta-feira (2) que os serviços de atendimento à população continuam ;inalterados e garantidos; e que as mudanças no comando do órgão não vão interferir no funcionamento técnico e administrativo.
A aposentada Nilza Gomes foi ao local para pegar medicamentos para o filho que foi diagnosticado com esclerose múltipla aos 21 anos. Ela reclama que, além de ter que enfrentar a falta de medicamentos, a burocracia é grande para quem precisa receber com rapidez uma medicação.
Ao chegar hoje à Farmácia de Alto Custo, foi orientada a voltar ao hospital e buscar um novo pedido para o medicamento porque a receita que tinha em mãos havia expirado no último dia 30. ;Passei 43 dias com minha mãe internada mas para eles isso não justifica;, disse.
Por conta de uma nova ida ao médico, Nilza terá que pegar mais dois ônibus e só deve conseguir o medicamento para o filho em um prazo de cinco a oito dias ; tempo necessário para que o requerimento fique pronto. Como ela já sabe das dificuldades, mantém um estoque reserva do remédio em casa.
A Agência Brasil entrou em contato com a Secretaria de Saúde do DF, mas ainda não obteve resposta para a falta de medicamentos.
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